SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CONVITE: VAMOS PRESTIGIAR A LITERATURA CEARENSE

LITERATURA


" Quem quer pão? "

ESCRITOR SÂNZIO DE AZEVEDO
FOTO: FRANCISCO VIANA - DIÁRIO DO NORDESTE


" Sânzio de Azevedo revela novidades sobre a Padaria Espiritual após descoberta das Atas de Reunião do grupo "


FOTO: SILVANA TARELHO - DIÁRIO DO NORDESTE

"Antiga fotografia preservada no Museu do Ceará registra um encontro da Padaria Espiritual, movimento artístico que se reunia nas imediações da Praça do Ferreira entre 1892 e 1898 "


" O pesquisador Sânzio de Azevedo lança mais uma obra sobre a Padaria Espiritual, com novas descobertas acerca de uma das mais criativas agremiações cearenses

As reuniões aconteciam religiosamente ali nos rumos da praça do Ferreira, no Café Java e em outros endereços, mas de religiosas não tinham nada. Distintos rapazes das letras e das artes bebiam, discutiam, pontuavam suas regras e publicavam seus jornais.

Essa seria a descrição de uma simples agremiação artística, se não contasse com o bom humor e a molecagem cearense, através da qual se resolvera apelidar os encontros de Fornadas, o presidente de Padeiro-mor, os secretários de Forneiros, o jornal de "O Pão", os membros de Padeiros e o movimento de Padaria Espiritual. A famosa.

Particularidades

Fundada em 1892 e reorganizada em 1894, a Padaria Espiritual reuniu uma importante geração de escritores cearenses, advindos de várias estéticas literárias, entre românticos, realistas e simbolistas. Adolfo Caminha, Antônio Sales, Antônio Bezerra, Rodolfo Teófilo, Henrique Jorge e outros tantos nomes (que se não conhecemos pela vida e obra, sabemos bem por avenidas e bairros).

Os cerca de 34 padeiros estiveram juntos até 1898, reunindo-se periodicamente, guiados por um hilário Programa de Instalação, redigido por Antônio Sales. O programa prescrevia, por exemplo, que era proibido o tom oratório nas palestras, sob ameaça de vaias; que às mulheres, cabiam todo o respeito dos padeiros, exceto a freiras e professoras ignorantes; que estava impedida nos textos a citação de animais e plantas que não pertencessem à fauna e à flora brasileiras, e outras tantas.

Descobertas

A padaria é o tema de mais uma obra do pesquisador Sânzio de Azevedo, reconhecido por ter lançado diversos trabalhos sobre o movimento. "Em 1970 fiz um opúsculo sobre a Padaria e, em 1983, publiquei minha tese de doutorado que defendi na UFRJ. O primeiro livro nasceu justamente da minha tese. Reeditei ele depois, mas continuou havendo muitos pedidos, então as Edições UFC deram a ideia de que eu publicasse algo novamente", explica.

"Breve História da Padaria Espiritual" teve um outro excelente motivo para ser elaborado: a recente descoberta do Livro de Atas da Padaria Espiritual. "Há mais de 40 anos procuro, sem muita esperança, essa preciosidade. E já nem sei quantas vezes, em livros, artigos ou entrevistas, declarei perdido esse tesouro que Leonardo Mota teve nas mãos", escreveu Sânzio em artigo para o Anuário Literário do Ceará 2010-2011. Segundo ele, chegou a procurar pelas atas até mesmo no Rio de Janeiro, nos arquivos do escritor Pedro Nava, e nunca imaginou que estivessem tão perto, aqui no Instituto do Ceará.

As atas trouxeram novos detalhes à história da agremiação e todos eles constam no livro. Entre as novidades, Sânzio destaca o fato de ter afirmado muitas vezes que Antônio Sales só havia sido Padeiro-mor em 1892 e 1894. No entanto, ele o fora em muitos outros anos, quando era necessário assumir as sessões. A observação mais importante, no entanto, talvez seja a comprovação de que o grupo não era composto apenas por escritores, mas músicos (Henrique Jorge e Carlos Vitor), um pintor, Luís Sá, e, como diria Sânzio, um valente.

"Joaquim Vitoriano não era escritor, pintor, músico, não era nada. Só era valente! Ele era uma espécie de guarda-costas da padaria. Um homem que arrumava tanta confusão que acabou morto, em uma dessas, na Praça do Ferreira", revela Sânzio.

Para não ferir o regimento e não se usar de oratória no lançamento do novo livro, Sânzio de Azevedo resolveu fazer da cerimônia um bate-papo com a jornalista Socorro Acioli, também conhecedora da Padaria Espiritual, autora do livro "É pra ler ou pra comer", que aborda a história da padaria para crianças. O lançamento de "Breve História da Padaria Espiritual" acontece hoje, às 19h, na Livraria Cultura.



MAIS INFORMAÇÕES


"Breve História da Padaria Espiritual", de Sânzio de Azevedo. Bate-papo com a jornalista Socorro Acioli seguido de autógrafos. Hoje, às 19h, na Livraria Cultura (Av. Dom Luís, 1010). Contato: (85) 4008.0800



MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER


FONTE:  CADERNO 3 DO DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1050634

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