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" Natal: consciência e visibilidade do outro "
" Nada melhor do que uma data como esta para realçar a questão da solidariedade "
" Hoje, 24 de dezembro, é véspera de Natal. Uma comemoração ainda com grande força simbólica no Ocidente. É a data-símbolo da solidariedade, isto é, do acolhimento do outro, bem como da convivência familiar.
A beleza das luzes está disseminada por toda a parte e é difícil ficar indiferente a ela, mesmo quando indutora do consumismo mais desbragado. Não há como negar que o homem precisa de tais símbolos e rituais para atender a dimensões indevassáveis de seu ser.
Infelizmente, esta é também a ocasião para ressaltar as carências. A mais marcante, sem dúvida, é a material, o contraste da desigualdade social que prevalece no mundo e em sociedades ainda não desenvolvidas, como a brasileira. Mas, inclui também o escândalo maior dos bolsões de pobreza crescentes em sociedades abastadas, como é cada vez mais indisfarçável nos Estados Unidos, o carro-chefe da sociedade de consumo.
Não só: este Natal também vai ser frustrante para muitas famílias europeias que têm diante de si um horizonte desconhecido, trazido por uma crise que foi colocada nas costas do povo pelos que a contrataram, sem consultá-lo. Agora que a coisa “deu com os burros n’água”, buscam socializar os prejuízos, tirando dos que já têm pouco para impedir a redução nos ganhos dos que já têm demais.
Nada melhor do que uma data como esta para realçar a questão da solidariedade. Não apenas dos gestos simbólicos de proporcionar acolhimento aos que não desfrutam de uma família para se congregar, nem condições mínimas para ter acesso a uma boa ceia, ou ser regalado com algum presente, mas o inconformismo diante da situação de milhões de pessoas no mundo que vão se deitar, hoje, sem ter feito uma única refeição. Tudo por conta da má distribuição dos recursos naturais, tecnológicos e financeiros acumulados pela humanidade inteira, mas apossados por uns poucos.
O Natal é uma data generosa, apropriada para enxergar o outro. De sensibilizar-se diante dessas injustiças e de sacudir a indiferença para com a sorte do “resto do mundo”. Isso depende do esforço coletivo, mas começa por uma tomada de consciência pessoal como sujeito político."
FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/12/24/noticiaopiniaojornal,2362700/b-natal-consciencia-e-visibilidade-do-outro-b.shtml
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