FOTO: VIVIANE PINHEIRO - DIÁRIO DO NORDESTE
" Deliberação da assembleia geral da categoria,
realizada no Ginásio Paulo Sarasate,
será comunicada hoje ao Governo do Estado
de que a paralisação ocorrerá em 72 horas "
" Estudantes da rede estadual estavam aflitos com a paralisação,
já que faltam apenas 82 dias para o exame "
" Paralisação nas escolas da rede estadual deve acontecer na sexta-feira.
Ao todo, 660 unidades podem parar "
" Com aprovação unânime da categoria, os professores da rede estadual decidiram, na tarde de ontem, pela greve geral no interior e na Capital. O comunicado oficial ao Governo do Estado será feito hoje, às 8 horas, e após 72 horas ocorrerá a paralisação geral, ou seja, a partir de sexta-feira, dia 5, as aulas na rede estadual estarão suspensas por tempo indeterminado.
A decisão foi votada em assembleia geral, realizada no Ginásio Paulo Sarasate. Estiveram presentes cerca de cinco mil professores da rede, segundo estimativa da Polícia Militar. O Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc), informou que 32 mil professores farão parte da paralisação, destes, dez mil são temporários.
"A proposta apresentada pelo governador Cid Gomes na última quinta-feira, é uma decisão arbitrária, além de não implementar o piso, destrói com a carreira. Hoje, além do pior piso salarial de professor do País, teremos a pior carreira", desabafou o presidente da Apeoc, Anízio Melo.
O vice-presidente do sindicato, Reginaldo Pinheiro, diz que a maior revolta da categoria é no que se refere a gratificação, pois não estimula e nem reconhece o valor dos professores graduados, mestres e doutores.
A proposta apresentada pelo governo, no último dia 28, aplica um piso de R$ 1.187,97, e não o de R$ 1.597,87, aos professores com ensino médio. E no que se refere as gratificações de regência de classe, de especialização, mestrado e doutorado, não serão mais sobre a referência salarial em que o professor com nível superior se encontra, e sim baseadas no piso de início de carreira, que é R$ 1.818,18.
"Isso modifica toda a estrutura de carreira. Na verdade, o professor especialista vai ganhar apenas R$ 90,91 a mais que o graduado, ou seja, 5%", explicou Reginaldo Pinheiro.
Sobre a decisão dos professores de paralisar, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) informou que ainda não recebeu nenhum comunicado oficial, o que não permite fazer apreciações sobre a questão. A secretaria assegurou que, na reunião do dia 28, acolheu a solicitação das lideranças Apeoc.
Ao todo, pertencem a rede estadual de ensino 660 escolas, as quais estão inseridos 487 mil estudantes.
Ensino
487 Mil alunos pertencem à rede estadual de ensino, distribuídos em 660 escolas em todo o Estado do Ceará. Os dados informados são da Secretaria de Educação (Seduc)
32 Mil professores pertencem à rede estadual. Segundo o Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc), 90 % têm nível superior e serão os mais atingidos
VOLTA ÀS ESCOLAS
Proximidade do Enem preocupa
O clima era de tensão no primeiro dia letivo; alunos reclamaram das greves dos professores e dos ônibus
Estudantes da rede estadual de ensino tiveram um retorno às aulas um tanto conturbado. Como se não bastasse a greve de ônibus que pode ter início hoje, em pleno segundo dia letivo do semestre, eles já estavam tensos com a paralisação dos professores. A principal preocupação é com a proximidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será daqui a apenas 82 dias.
O diretor da Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, no Bairro de Fátima, Humberto Mendes, explicou que, antes do início das aulas, é feito todo um planejamento para o segundo semestre, que terá de ser mudado. De acordo com Mendes, os alunos do 3º ano que irão fazer a prova do Enem terão um suporte maior.
Aline Monteiro, 17 anos, faz o terceiro ano e já sabe para qual curso irá prestar vestibular: Administração. Contudo, ela revela que está aflita com a greve. "A Adauto Bezerra está preocupada com os alunos, eles nunca nos deixam na mão, mas, mesmo que tenham algumas aulas, não será a mesma coisa", afirma a estudante.
Adson Ribeiro, 15 anos, faz o 1º ano e disse que não ficou empolgado com a volta às aulas, por causa da greve dos professores e dos ônibus. "A gente entende que os professores têm direito de reivindicar os seus direitos, mas o prejuízo é nosso, que vamos ficar sem as férias", lamentou. Erika Waleska Tibúrcio, 15 anos, se disse desmotivada com a paralisação. "A gente mal voltou às aulas e já vai ter greve", reclamou.
A greve de ônibus é outro motivo de preocupação. Somente na Escola Adauto Bezerra são 2.300 alunos, oriundos de todos os bairros de Fortaleza e Região metropolitana. Portanto, uma greve os afeta diretamente."
THAYS LAVOR
REPÓRTER
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1020103
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