OPINIÃO
Postado em 6 de fevereiro de 2010 por Mourão
Antonio Mourão Cavalcante
OPOVO – Opinião – 06 Fev 2010
" Sou de um tempo em que, na escola, quem faltava era o aluno. No dia seguinte, deveria trazer uma justificativa assinada pelos pais, escrita na caderneta. Hoje, segundo levantamento publicado pelo O POVO, são os professores que gazeiam. Pelo menos é o que afirma um levantamento feito pela Secretaria de Educação
do Estado.
Calma gente! Será que esta estatística, tão agressiva aos mestres, aparece assim sem qualquer objetivo? Não acredito. A divulgação ocorre exatamente quando os professores começam a se mobilizar e a exigir o que lhes é de direito. Até mesmo o piso nacional, coisa que o Governo Estadual teima em não honrar. Ora, nada melhor do que essa estratégia de bastidores. Isto é, se desqualifica os professores para que eles percam a força na hora de negociar. Elementar meu caro Watson…
Mas, digamos que os dados da Secretaria de Educação são verdadeiros. Fica evidente que o culpado – número um – é o Governo. Por que ? Ora, ele possui mecanismos para punir as faltas abusivas. E, se não aplica, está sendo incompetente ou ausente em termos de gestão. Segundo, se fosse realmente organizado, teria um quadro de substitutos para preencher as eventuais ausências. Quando comecei a ensinar em cursinho, fiz muito esse papel. Faltava o titular, lá estava eu dando aula…
Com certeza esse fato é apenas uma das pontas do iceberg. Continuamos sem saber o que fazer com a educação pública. Entra governo, sai governo e pouco muda. Algumas perguntas para ilustrar: o leitor tem notícia de alguma visita do governador a uma escola pública? De algum professor ser recebido em audiência? Sabe dizer se a algum mestre foi concedida medalha por relevantes serviços prestados? Como vivem os antigos mestres, hoje aposentados e quanto eles ganham? Quando um professor está doente, recorre a quem?
Educar não é construir prédios bonitos, sobretudo quando mostrados em animação virtual. Educação é ter um professor motivado em sala de aula, vibrando em construir o futuro de nossos filhos. Educação não é tijolo e cimento. É alimentar uma mística que busca construir uma terra mais rica e mais feliz."
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Antonio Mourão Cavalcante
(*) Médico, antropólogo e professor universitário
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