SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

" PARA QUE SERVE O RONDA ? "







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" Para que serve o Ronda? Para que serve o 190?, se não atendem
nem caso de criança sendo espancada? "



Por: Plínio Bortolotti


Por volta das 23h, talvez um pouco mais ou um pouco menos, desta terça-feira (16/11/2010), do meu apartamento ouço gritos de um adulto xingando uma criança. Os gritos aumentam, olho pela janela e consigo divisar, em uma casa térrea o adulto espancando a criaça, que pede “pelo amor de Deus” para o adulto parar. Consigo ver o adulto segurando a criança pelos cabelos.
Ligo para o 190 e, diante do começo da “entrevista” da atendente, corto: “Olha, tem um adulto espancando uma criança, é crime”. A resposta: “Não é assim não, precisamos saber se com a gente ou com o Conselho Tutelar”. PQP (não digo mas penso, onde ela vai achar alguém do Conselho Tutelar uma hora dessas e, mesmo achando, qual providência urgente que o caso exige o conselheiro poderia tomar). Bato o telefone e ligo para o Ronda do Quarteirão.
Pelo número 3457 1017, o número do carro que patrulha o meu bairro, falo com o soldado que me atende. Digo o caso, e a resposta: “É complicado”. Repito, “dentro ou fora de casa é crime bater em criança”. O soldado: “Eu sei”. Um pouco mais tranquilo, pensando que o militar saberia qual o seu dever, dou indicações precisas de onde onde ocorre tumulto e desligo o telefone. Fiquei esperando até por volta da meia-noite. Nada de Ronda.
A sorte, e nesse caso só se pode contar com a sorte, o espancamento foi se transformando apenas em palavrões. Mas poderia ter acontecido algo mais grave, se a violência contra uma criança já não houvera sido bastante.
Se o Ronda não pode perseguir suspeitos; e também não age como Polícia comunitária, para que serve esse negócio? Para o governador mostrar que tem carros bonitos e potentes desfilando pela rua? Para os policiais ficarem brincando de bate-bate com os carros, como mostrou a reportagem do O POVO (15/11/2010) Viaturas do Ronda lideram acidentes na PM?
Na verdade tanto o 190 como o Ronda parecem querer vencer o cidadão pelo cansaço. Eles jogam na loteria; se não acontecer nada (noves fora o espancamento de uma criança), o negócio cai no esquecimento; se acontecer algo mais grave, sempre haverá uma desculpa.
Ligo de novo para o carro do Ronda, por duas vezes. Iria dizer para os soldados que o caso tinha se acalmado, apesar da falta de atendimento – e que eles deviam ter um pouco mais de consideração com aqueles que ligam para eles. O telefone chama até desligar. Os caras deviam estar ocupados com alguma outra coisa.
O que me deixa mais emputecido é que fui um dos que defenderam o projeto Ronda do Quarteirão, pois vislumbrava que poderíamos ter uma polícia comunitária, não-violenta e solidária. Pois, obviamente, no caso, não queria que eles chegassem na casa na base do chute na porta, mas, creio que autoridade policial, com uma postura firme e legal poderia reduzir o sofrimento da criança e prevenir futuros casos.
Mas, pelo andar da carruagem, quero dizer das Hilux, se não houver um urgente correção de rota, será mais uma boa ideia a escorrer pelo ralo da incompetência e do descaso."



FONTE: BLOG DO PLÍNIO BORTOLOTTI
http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/

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