SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

sábado, 31 de março de 2012

" SOBRE HISTÓRIAS DE PEIXES E SONHOS PERDIDOS "

Interrogação
 IMAGEM: http://www.manalais.com.br/blog/marketing/a-arte-de-fazer-perguntas-inteligentes/
" O governador Cid Gomes outra vez fez mostrar sua porção midiática: ligou o computador e câmera, acomodou-se na poltrona e começou a interagir com seguidores (ou não) do Twitter. A conversa durou coisa de duas horas, e desapontou quem procurava respostas claras sobre a sucessão no Município (e as declarações do irmão Ivo sobre a gestão atual). Cid falou, principalmente, sobre obras – algo pelo qual tem singular predileção – e em turismo – consequência natural, para ele, do seu empenho no primeiro quesito.

Em determinado momento, ainda na primeira metade da conversa, o internauta Lucas Moreira perguntou sobre o Acquário Ceará, e se ele “ficaria igual ao Dragão do Mar, abandonado”. Cid, bem humorado, respondeu como convém ao governante responsável pelo equipamento: “Não acredito que o Dragão esteja abandonado”. Foi sincero, como acredito que muitos outros também o são quando dizem ver na movimentação noturna, nas aulas de Tai Chi Chuan e yoga, nas atrações do teatro e anfiteatro, um Centro cheio de vida.

De fato, vida há, muito. Mas... Que tipo de ocupação se quer para um centro cultural do porte do Dragão? O que ele pode mobilizar numa cidade? Que tipo de força se espera de um equipamento que foi criado tendo como base a formação e a difusão da produção artística e cultural? A vida de bares noturnos e de atividades que não necessariamente espelhem uma produção fomentada dentro daquele universo, preocupa. É uma ocupação esvaziada. É, para adentrar numa seara exaustivamente lembrada por Cid, turismo predador.

Por mim sinto tristeza pelo que ainda vamos viver quando percebo que as exposições montadas ali não dialogam com a produção da Cidade. Que muitos dos eventos já chegam pagos e que não são apostas da presidência. Que o Dragão já não ofereça cursos continuados e que as coordenações foram extintas. Que a única livraria já fechou. E me pergunto, quase instintivamente: daqui a dez anos, como vai estar o Acquário? "

Escreve nas férias do jornalista Luiz Henrique Campos.

Júlia Lopes
julialopes@opovo.com.br Repórter do Núcleo de Cultura e Entretenimento do O POVO
 
 
FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/03/31/noticiasjornalopiniao,2812239/sobre-historias-de-peixes-e-sonhos-perdidos.shtml 

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