Primeiro, temos que definir que raios é esste tal "politicamente correto". Pois bem, conforme o site de pesquisa mais popular ( Wikipedia), o politicamente correto (ou correção política) se refere a uma suposta política que consiste em tornar a linguagem neutra em termos de discriminação e evitar que possa ser ofensiva para certas pessoas ou grupos sociais, como a linguagem e o imaginário racista ou sexista.
Ou seja, "politicamente correto" é o ato de corrigir o que se diz para se evitar ofensas a outras pessoas, ou como diriam alguns, é tucanar a linguagem.
Hoje, se você não for politicamente correto, ou seja, se falar qualquer coisa que possa ofender alguém, com certeza será alvo de muitas pedras ... ainda que você tenha fundamentos para o que diz.
Interessante é ver que resolveram condenar em obras artísticas sob o pretexto de que são ofensivas, se condena culturas milenares apenas por não se concordar com elas, se diz que o errado está certo para não ofender quem errou ... vou destacar alguns exemplos só para ilustrar:
- Há pouco tempo se chegou à conclusão de que Monteiro "El Bigodón" Lobato seria racista, a ponto de que queriam novas edições das obras do autor com adequações (olhem AQUI), ou até mesmo que fossem banidos (leiam AQUI).
Engraçado que até pouco tempo atrás NINGUÉM dizia que as obras de Monteiro Lobato seriam racista, e sempre foram cultuadas como bons exemplos de literatura infantil. Mas aí descobriram situações do autor e resolveram demonizar o que ele escreveu.
- No dia 12/03/12 saiu uma notícia na Itália em que uma ONG do país está fazendo um trabalho para banir o livro "A Divina Comédia" (Dante Alighieri) das escolas, sob a alegação que a obra apresenta elementos antisemitistas e discriminação contra homossexuais (artigo em italiano AQUI e comentário de Reinaldo Azevedo na Veja AQUI).
Sabe o que eu acho engraçado, este livro é um daqueles clássicos da literatura, que faz muito bem uma crítica à sociedade da época. Trata-se de uma obra escrita com os pensamentos da época em que Dante viveu (1265-1321). Tentar banir o livro com fundamentos que são discriminatórias é de uma estupidez tamanha, que os ilustres pensadores deveriam ser condenados a estudar história.
- O cabeludo dos pés descalços Luiz Caldas teve o corte de 30% do seu cachê, porque cantou a música "Nega do Cabelo Duro" (notícia AQUI), que foi taxada como racista pela Prefeitura de Camaçari.
Sério??? Não ... sério mesmo??? Quer dizer que uma música que foi sucesso nacional (sem fazer avaliação de mérito), agora virou uma música racista??? Mas funk chamando de cachorra pode, né?!?
- O Ministério Público Federal em Uberlândia (MG) resolveu ler o dicionário e encontrou expressões pejorativas e preconceituosas sobre o verbete "cigano", e por isso defende o fim da circulação do Dicionário Houaiss (leia AQUI).
Uma coisa que eu aprendi na escola (tá, faz um certo tempo que saí de lá e pode ter mudado) é que o dicionário, aquele que chamávamos carinhosamente de "pai dos burros", servia para se encontrar os VÁRIOS significados das palavras, até mesmo aqueles que não eram lá muito legais. Agora não pode mais.
- No Canadá a música "Money for Nothing" (Dire Straits) foi banida das transmissões, por conter gírias consideradas ofensivas (leia AQUI).
Mais uma música que marcou uma época, com um riff de guitarra famosíssimo, e agora (26 anos depois de lançada) descobriram que é uma música preconceituosa??? Poxa, como eu não notei antes!
- Editora norte-americana anunciou que lançaria novas edições das obras “As Aventuras de Huckleberry Finn” e “As Aventuras de Tom Sawyer” (ambas do escritor Mark Twain) com texto diferente do original, por considerar que os livros contêm termos racistas (leia AQUI).
Isso aí, vamos mudar nas obras literárias o que não gostamos. Não interessa se reflete algo próprio da época, o que importa é que hoje não serve.
- Livro do MEC defendeu que se pode falar errado, pois se trata de uma realidade cultural. Se alguém disser que a pessoa está falando errado, isso será preconceito linguístico (leia AQUI).
Quando eu li isso achei que era piada. Sério! Mas daí me veio outra coisa na cabeça: isso foi obra do Cebolinha!
Meu Deus do céu, quando uma pessoa (nem vou limitar a criança) vai para a escola, é para aprender, e em especial, a ler e escrever de forma correta!!!! Não estou falando que se deva falar o português rebuscado de 1.800, mas sim falar com concordância verbal, nada de brincar de gato e rato entre singular e plural ... mas para o MEC, não pode corrigir ... isso é preconceito linguístico.
- França resolve proibir o uso da burca e do nigab às mulheres mulçumanas, sob a alegação de que isso ofende os ideais republicanos do secularismo e da igualdade de gênero (leia AQUI e AQUI).
Depois um mulçumano extremista fica muito puto da cara, faz um atentado na França, e ninguém entende (não que isso justifique). Este é o país mais contraditório do mundo, com certeza. Prega a "liberdade, igualdade e fraternidade", mas só para o Francês ... dane-se o resto do mundo. Que se lasque uma realidade cultural milenar.
Vejam que são apenas alguns exemplos. Com certeza se garimparmos a fundo a gente encontra muito mais coisas. Hoje qualquer obra artística deve tomar cuidado para não ser taxada de ofensiva ... quer dizer, quase toda. As belíssimas letras (como é???) de funk, que deixam a mulher como mero objeto sexual pode ser tocado a torto e a direito ... engraçado, né?!?
Uma coisa que teve que se adequar foi o humor. Houve um período em que as piadas mais populares eram com loiras, gays, negros, gagos, gordos, etc ... hoje não pode mais, porque é preconceito e logo vão dizer que é bulliyng. Artistas como Costinha e Ary Toledo morreriam de fome. Os Trapalhões nem poderiam passar na televisão. Mas engraçado que o humor inteligente (como é???) de programas como o Pânico, pode!!! Inclusive mostrando mulheres praticamente nuas em horário "bem propício".
Tem uma piada que viajou na internet que expressa bem o tipo de coisa que está acontecendo hoje, e vou reproduzi-la aqui:
Outro dia estava no mercado quando vi no final do corredor um amigo da época da escola, que não encontrava há séculos. Feliz com o reencontro me aproximei já falando alto:
- Oswaldo, sua bichona! Quanto tempo!!!!
E fui com a mão estendida para cumprimentá-lo.
Percebi que o Oswaldo me reconheceu, mas antes mesmo que pudesse chegar perto dele só vi o meu braço sendo algemado.
- Você vai pra delegacia! – Disse o policial que costuma frequentar o mercado.
Eu sem entender nada perguntei:
- Mas o que que eu fiz?
- HOMOFOBIA! Bichona é pejorativo, o correto seria chamá-lo de grande homosexual.
Nessa hora antes mesmo de eu me defender o Oswaldo interferiu tentando argumentar:
- Que isso doutor, o quatro-olhos aí é meu amigo antigo de escola, a gente se chama assim na camaradagem mesmo!!!
- Ah, então você estudou vários anos com ele e sempre se trataram assim?
- Isso doutor, é coisa de criança!
E nessa hora o policial já emendou a outra ponta da algema no Oswaldo:
- Então você tá detido também.
Aí foi minha vez de intervir:
- Mas meu Deus, o que foi que ele fez?
- BULLYING! Te chamando de quatro-olhos por vários anos durante a escola.
Oswaldo então se desesperou:
- Que isso seu policial! A gente é amigo de infância! Tem amigo que eu não perdi o contato até hoje. Vim aqui comprar umas carnes prum churrasco com outro camarada que pode confirmar tudo!
E nessa hora eu vi o Jairzinho Pé-de-pato chegando perto da gente com 2 quilos de alcatra na mão.
Eu já vendo o circo armado nem mencionei o Pé-de-pato pra não piorar as coisas, mas ele sem entender nada ao ver o Oswaldo algemado já chegou falando:
- Que p***a é essa negão, que que tu aprontou aí?
E aí não teve jeito, foram os três parar na delegacia e hoje estamos respondendo processo por Homofobia, Bullyng e Racismo.
Hoje é assim: se você pensar em fazer uma piada com qualquer das categorias que descrevi acima, logo vai levar uma na cabeça. Não importa se quem vai te corrigir contava a mesma anedota ... agora não pode mais. O humor vai acabar virando uma coisa chata.
E ainda, não pode dizer que o feio é feio, que o gordo é gordo, que o negão é negão (mesmo que você o chame assim desde os seus 5 anos de idade), que gay é gay, ...
Quero deixar claro que não estou defendendo o liberou geral, mas existe uma diferença muito grande entre um ato com caráter ofensivo e outro que não tem este objetivo. Isso vale para a literatura, música, humor, ou seja lá o que for. Se alguém se sentir ofendido que busque no judiciário a correção, assim como ocorreu com o Rafinha Bastos ... falou besteira, arque com as conseqüências.
Assim como eu não gosto do politicamente correto, da mesmo forma não gosto do politicamente incorreto. Falta bom senso ... aliás, falta MUITO bom senso. Qualquer coisinha que se diga já vira uma tempestade.
Pior ainda, mesmo quando alguém diz algo com fundamentos seculares, como é o caso dos religiosos. Se não tivessem alguns artigos na Constituição Federal preservando os direitos à crença, os grupos xiitas do politicamente correto teriam fechado todas as instituições religiosas do Brasil (bem, nem todas ... tem umas que conseguem bem se adequar à nova sociedade moderna ... isso que é "fundamento firme").
Mas como não conseguem, querem limitar a expressão religiosa aos seus templos (ou guetos). Essa é a ideia da Sra. Marta Suplicy ( AQUI) e do Sr. Jean Wyllys (AQUI). "Parabéns" aos "nobres" políticos "democratas" citados, a ideia de vocês não é original - o nazismo já fez isso e a França (sempre à frente de seu tempo) está fazendo isso hoje (França proíbe muçulmanos de rezar em público) -, mas com certeza demonstra uma "inteligência" ímpar.
Tudo isso me lembra algo do livro 1984, de George Orwell: quem controla o passado controla o futuro, quem controla o presente controla o passado. Já estão conseguindo controlar o presente ... será que vão começar a controlar o passado também???
Em vez de aderirmos ao politicamente correto como modismo, ou sucumbirmos à ditadura que ele impõe, sejamos inteligentes.
Chega de politicamente correto. Chega de politicamente incorreto.
Usem o bom senso. "
FONTE: http://alobrandalise.blogspot.com.br/2012/03/o-exagero-do-politicamente-correto.html
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