SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

quarta-feira, 30 de março de 2011

AUMENTA OS CASOS DE VIOLÊNCIA EM ESCOLAS DE FORTALEZA

" EM 2010,  300 casos de violências em escolas de Fortaleza "

FOTO: RODRIGO CARVALHO  - DIÁRIO DO NORDESTE
" José Walter: o Colégio Polivalente Modelo tem apenas um vigilante por turno e que cuida do patrimônio "

 

" Manter os portões bem trancados é preocupação constante das escolas públicas na Capital cearense "


" Um dia após o assassinato de um jovem de 19 anos, no estacionamento do Colégio Polivalente Modelo de Fortaleza, no Conjunto José Walter, o clima ainda era de tensão. Professores, estudantes, vigilantes e pais de alunos só queriam esquecer os momentos de tensão que viveram.

O episódio, apesar de não envolver um aluno daquela unidade, deixa claro a falta de segurança que professores e alunos vivem diariamente e levanta grande debate acerca da problemática. O fato não é isolado. Dados do Sindicato dos Professores e Servidores da Educação do Ceará (Apeoc) apontam que no ano passado, pelo menos 300 ocorrências foram registradas de violência em escolas da rede estadual e municipal.

No caso do assassinato ocorrido na última segunda-feira, o jovem, numa tentativa desesperada de escapar de seus supostos inimigos, pulou o muro da escola, mas não teve sorte e foi morto ali mesmo, sob os olhos dezenas de estudantes que deveriam estar concentrados, exclusivamente, nos estudos.

Para a coordenadora do Colégio, Patrícia Cordeiro, o grande problema é que o Governo do Estado disponibiliza apenas um vigilante para cada turno, para dar conta de um universo de aproximadamente 1.200 estudantes. Ela destaca ainda que a função deles é cuidar do patrimônio da escola e não da segurança de professores e alunos. "Eles controlam o portão porque querem, mas não é tarefa deles", explica a coordenadora.

O vigilante João Constantino França, que estava trabalhando no momento do crime, admite que não se sente seguro. "É ruim, porque a gente é só. Teve um tempo que eram dois por turno, mas hoje é só um".

O entorno das unidades é outra grande preocupação. Principalmente no horário de chegada e saída dos alunos, momento oportuno para assaltantes entrarem em ação.

"O problema das escolas são as adjacências, a partir do momento em que o estudante sai do portão", explica Patrícia Cordeiro. Porém, ela diz que a parada de ônibus é o pior lugar.


E é justamente esse o apelo que faz o estudante do 1º ano Arley da Silva Santos, 15. Ele conta que o período da noite é o mais perigoso. "É escuro, esquisito. Muitos alunos tem medo de serem assaltados na parada de ônibus. É o terror de todo mundo. Se a gente chegar na parada sozinho meio-dia, 18h ou às 22h será assaltado com certeza". Uma possível solução que aponta seria colocar policiamento no horário de início e término das aulas e nos arredores da escola. "Nesse horário tem muita gente que chega e faz a festa", relata o estudante.

AEROLÂNDIA

Professores e alunos temem assaltos

Os problemas no Conjunto Prefeito José Walter são registrados em outras escolas públicas em Fortaleza. Professores, alunos e pais de estudantes estão temeroso com a violência e a falta de segurança nas unidades escolares.

Outro exemplo de problemas é a Escola Maria da Conceição Porfírio Teles, no bairro Aerolândia, que vive preocupante: medo e insegurança constante por parte de funcionários, alunos e educadores.

De acordo com a coordenadora pedagógica Maria Francisca Carneiro de Sousa, conhecida por Tininha, a preocupação maior da direção é com os portões. "Temos o máximo de cuidado para manter os portões bem fechados".

Ela afirma que a sorte é que, como é uma escola pequena, com cerca de 450 alunos, a direção e os vigias já conhecem praticamente todos os alunos.

"Quando chega alguém diferente, sem farda, a gente já barra". Mas Francisca Carneiro conta que é o turno da noite o mais crítico. "O bairro tem muitos problemas de gangues e o entorno é muito perigoso, mas dentro da escola nunca aconteceu nada", destaca.


Medo

A estudante Germana Xavier, 14 anos, diz ter medo da área do entorno da escola, especialmente na parada de ônibus que fica próxima a unidade. "Na escola não me preocupo muito, porque estamos protegidos, mas fora não, principalmente na parada, ela é muito lotada e sempre tem assaltos, por isso espero o ônibus antes, no supermercado".

Já a estudante Liandra da Silva, 12, afirma que "nem tanto". Ela conta que no bairro acontecem muitos tiroteios e no caminho para a escola frequentemente tem assaltos."



LUANA LIMA
REPÓRTER


FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=955531

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