SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

quinta-feira, 18 de março de 2010

TITANZINHO - MAIS OPINIÃO







NOTA


Porque somos contra a instalação do estaleiro no Titanzinho!
01 de março de 2010 MCP

Temos visto na mídia o governador dizer que não entende porque somos contra este empreendimento. Nós não entendemos porque o governador não nos ouve. Somos contra a destruição da praia que é parte da alma do nosso bairro. Somos contra seus impactos negativos nas condições de moradia de 25.000 pessoas. Será que os moradores da Beira Mar aceitariam a poluição visual e sonora desta indústria em frente suas casas? Será que os sócios do Iate Clube aceitariam perder sua praia e seu porto para ela? Por que nós temos que aceitar? Afinal, somos todos seres humanos em busca de qualidade de vida.

O que os defensores do estaleiro não se importam, é que nossa gente possui profunda relação com o mar. Nossa comunidade nasceu do deslocamento dos originais moradores do Mucuripe. Depois vieram migrantes de outras áreas litorâneas. O surfe, tão discriminado neste debate, é uma face moderna desta relação. Os surfistas são filhos do Serviluz que nos orgulham. A pesca tem papel vital na vida do bairro: sustenta muitas famílias, move a economia local, é alimento barato para a população. Acreditamos na sabedoria dos nossos irmãos pescadores quando dizem que este estaleiro provocará grandes danos à pesca local.

Ao contrário do governador, não fazemos ouvidos moucos aos seus argumentos. Entendemos a importância da geração de empregos e temos debatido sobre isso. Porém ponderamos:

1 – Esses empregos, como em todos os estaleiros do mundo, tem prazo de validade. Amigos economistas nos falam sobre milhares de desempregados na Espanha, Inglaterra e outros lugares. Vimos no jornal que o próprio estaleiro de Pernambuco cogita (a depender da demanda) perda de empregos depois de 2010. A indústria naval é uma das mais instáveis. E quando a encomenda de oito navios da Transpetro for atendida? Imaginamos que esse tipo de produto não é como fogão, que sempre tem demanda.

2 – Em contrapartida, se não destruirem este rico recurso natural, podemos gerar empregos por várias gerações através da qualificação da área e de sua exploração sustentável pela comunidade local. Um tipo de trabalho que nossa gente sabe fazer muito bem, pois temos artesãos, jovens em condições de ser guia, comerciantes, vendedores. Gente que não consegue expor e comercializar seus produtos na Beira Mar, mas que poderiam construir um fantástico pólo no Titanzinho. Conhecemos várias experiências deste tipo que dão certo no Brasil e no mundo e o Titanzinho já é conhecido internacionalmente, além de ser lindo.

3 – Além de destruir a perspectiva turística e o trabalho esportivo, o estaleiro porá em risco a sustentação de mais de 1000 famílias que vivem da pesca artesanal, destruindo o seu porto e prejudicando a reprodução de espécies.

4 – Não acreditamos que os 1200 empregos prometidos serão para comunidade. Vimos na imprensa que no estaleiro de Pernambuco, que há três anos treina mão de obra, apenas uma parte dos trabalhadores são pernambucanos, e mais de duzentos estão vindo do Japão por falta de trabalhadores qualificados no Brasil. Logo, não será tão fácil treinar mão de obra local como o governador diz. Se pelo menos o governo do estado garantisse uma escola de ensino médio no bairro…

5 – Um investimento equivalente em moradia e infra-estrutura gerará milhares de empregos diretos e indiretos em funções que nosso povo já sabe exercer. Somos gente de boa-fé, mas já fomos enganados demais por poderosos com esse tipo de promessa. Afinal, a cada indústria que se instala na redondeza, algumas expulsando moradores, nós ouvimos essa conversa. Mas só sobra para nós trabalhos precários, insalubres e que pagam mal. E a energia eólica na Praia Mansa, nossa antiga casa que hoje somos proibidos de entrar, que benefício trouxe à população?

O bairro do Serviluz mudou muito nos últimos 60 anos. Isso se deu graças à organização comunitária. Por isso exigimos respeito às entidades construídas por pessoas que dedicam sua vida à comunidade.

Repetimos mais uma vez: NÃO ACEITAMOS O ESTALEIRO NO TITANZINHO!

Associação Atlética Combate
Associação Beneficiente do Povo de Deus Casa de Nazaré
Associação Comunitária dos Moradores do Titanzinho
Associação Comunitária Vila Mar
Associação dos Moradores do Serviluz
Escola de Surfe Aloha
Escolinha Beneficente de Surfe do Titanzinho
Movimento dos Conselhos Populares – MCP Serviluz
Ong. Serviluz Sem Fronteiras
Titanzinho Surfe Clube

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