SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

terça-feira, 9 de março de 2010

TITANZINHO - MAIS OPINIÃO



DEBATE

domingo, 7 de março de 2010
Da newsletter Pauta Livre

" Cid Gomes apela à racionalidade. Uma autocrítica?

EM SUA MAIS recente declaração sobre o projeto para um estaleiro no Titanzinho, o governador faz apelo “à racionalidade”. Pelo que entendi, reclama, com o termo, uma avaliação comparativa sobre “os números”.

NÚMEROS não dizem tudo. O urbanismo também dialoga sobre fatores intangíveis e mesmo subjetivos. Que cálculo pode medir o desconforto de ser vizinho de um estaleiro, que produz poluição sonora durante o dia inteiro?

BASTA UMA leitura em retrospectiva para constatar que foi o próprio governador quem, desde o início, fomentou o embate e tumultuou a discussão do projeto, criando o ambiente do qual se queixa agora. Veja:

1 – FOI BELIGERANTE. Cid Gomes escolheu o pior momento para lançar a idéia, quando a prefeita da cidade se encontrava de férias, criando, de saída, uma situação favorável a uma atitude de resistência da parte dela. De tão desastrado, ficou a leitura corrente de que buscava, de fato, o conflito.

2 – FOI AUTORITÁRIO quando, desde o início, excluiu a possibilidade de que a localização do projeto fosse colocada em discussão. O espírito varejista da sua declaração – “É pegar ou largar!” – revelou falta de percepção sobre a capacidade de reação crítica da cidade. Deu no que deu.

3 – FOI FISIOLÓGICO já desde seu primeiro ato de articulação, ao ungir “os vereadores mais votados no bairro” como grupo de maior relevância para a construção da legitimidade do projeto, desprezando a prevalência de aspectos de ordem técnica e urbanística.

4 – FOI PROVINCIANO, de uma estupidez atroz, ao afirmar que caberia “à população do Titanzinho decidir” sobre a instalação, quando o projeto afeta toda a cidade, envolve aspectos de estratégia global para o desenvolvimento. O governador olhou para uma metrópole como se fosse um prefeito de roça.

5 – FOI ELITISTA quando, ao perceber a reação de setores organizados da sociedade, foi buscar apoio prioritário na representação social do poder econômico, a FIEC, e em segmentos mais comprometidos do trade turístico, não obtendo, aliás, em nenhum dos dois, a almejada unanimidade.

TUDO ISSO – vejam – em um ano eleitoral, onde o próprio governador é candidato, quando lideranças como ele são mais exigidas na capacidade de lidar com a complexidade de administrar em um ambiente onde interesses unilaterais se mostram com maior vigor e resistência à “racionalidade”.

PERDEU-SE, o governador, no caso, o bastante para que se tome seu apelo à racionalidade como uma autocrítica, ainda que inconsciente. Só lhe resta recompor o curso do projeto, abrindo a discussão a partir do ponto inicial do desvio: uma conversa com a prefeita (eleita) da cidade. Ao trabalho.

Tucanicídio midiático

A NOTÍCIA é plantada porque é ridícula ou é ridícula porque é plantada? Pouco importa, mas diz muito sobre o grau de desespero a que chegaram os setores mais conservadores de apoio à candidatura de José Serra.

O BOATO QUE circulou pela imprensa, quinta-feira, dava conta de que o presidente Lula se licenciaria para dedicar tempo ao palanque da Dona Dilma, deixando no cargo um campeão de impopularidade – Zé Sarney.

CHAMA-SE a isto de suicídio midiático (é protocolar: o desespero sempre erra na dose). Um boato como esse – de resto, logo desmentido – acaba provocando mais prejuízos a quem pretende beneficiar. Voltem ao normal."


Comente: pautalivre@ricardoalcantara.com.br

DO BLOG DO LÚCIO ALCÂNTARA

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