SOU DO CEARÁ
"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
Patativa do Assaré
"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
Patativa do Assaré
sábado, 26 de janeiro de 2013
POESIA CEARENSE: JÁDER DE CARVALHO
TERRA BÁRBARA
Na minha terra, as estradas são tortuosas e tristes
como o destino do seu povo errante.
Viajor, se ardes em sede,
se acaso a noite te alcançou,
bate sem susto no primeiro pouso:
- terás água fresca para a tua sede, -
rede cheirosa e branca para o teu sono.
Na minha terra, o cangaceiro é leal e valente:
jura que vai matar e mata.
Jura que morre por alguém e morre.
(Brasil, onde mais energia: na água, que tem um só destino,
do teu Salto das Sete Quedas ou na vida, que tem mil destinos,
do teu jagunço aventureiro e nômade?)
Ah, eu sou da terra do seringueiro, -
o intruso que foi surpreender a puberdade da Amazônia.
Eu sou da terra onde o homem, seminu, planta de sol a sol
o algodão para vestir o Brasil.
Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá
e fui crescer nos canaviais do Cariri,
entre caboclos belicosos e ágeis.
Filho da gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos,
eu sou o índice do meu povo:
Se o homem é bom - eu o respeito.
Se gosta de mim - morro por ele.
Se, porque é forte, entendesse de humilhar-me,
- ai, sertão! eu viveria o teu drama selvagem,
ou te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,
como antes te acordava ao choro da viola...
JÁDER DE CARVALHO
*JÁDER DE CARVALHO Nasceu em Quixadá, 29/12/1901 e faleceu em Fortaleza (07/08/85). De formação socialista, o poeta fundou jornais - O Combate, A Esquerda e Diário do Povo - em que, ao estilo de João Brígido e aliado à sua valentia pessoal, aponta erros de governantes e políticos, seja através de artigos na imprensa, ou pelo arrojo de sua oratória. O talento de jornalista, aliado à cultura de sociólogo, se fazem fundamentais quando na sua viagem pelo romance e a poesia. Em 1928, em parceria com outros pioneiros do movimento modernista no Ceará, lança O Canto Novo da Raça; em 1931, Terra de Ninguém, e, a estes, seguem-se vários livros de versos nos quais o poeta cantará sempre a sua terra e o seu povo.
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