ARTIGO DO DOMINGO
POR LUIZ HENRIQUE CAMPOS
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27/01/2013
" O governador Cid e o contraditório "
" O governador Cid Gomes tem inegáveis
qualidades como gestor e político. É proativo, não demora a tomar
decisões e é pródigo em encontrar soluções viáveis para problemas
complexos. No âmbito político possui o mérito de juntar em torno de si
forças que em outras ocasiões jamais se aliariam. Foi assim quando
prefeito de Sobral, e está sendo como governador do Ceará. Esse perfil
lhe tem permitido vitórias sucessivas que marcam a sua carreira política
e o colocam atualmente diante da possibilidade de alçar voos nacionais
no futuro. Assim, já esteve ao lado de Tasso Jereissati e da ex-prefeita
Luizianne Lins quando os dois estavam em alta. Hoje, ambos estão em
baixa, mas Cid trata-se de figurinha carimbada no álbum de pessoas
próximas a presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula.
A história mostra, todavia, que a política não pode ser medida apenas pelo momento. Se Cid conviveu com lideranças que já não mais representam tanto politicamente, e ele está bem, não significa que isso se perpetuará. O legado de um político, muitas vezes, não é marcado somente pelo que realiza em termos administrativos. O futuro, geralmente, costuma ser até mais cruel com quem comete pequenos deslizes que, acumulados, desgastam e estigmatizam uma imagem para sempre. Nesse aspecto, o governador tem o exemplo do irmão Ciro, que notabilizou-se por verbalizar pensamentos que, saídos da boca de um político, são fatais. Prova dessa assertiva deu-se com a infeliz declaração sobre a ex-mulher Patrícia Pilar na campanha à presidência de 2002. Para muitos, ele perdeu a eleição ali.
Em termos comparativos, Cid até que não se assemelha tanto ao irmão no sentido de utilizar-se de palavras ou expressões grosseiras. Aqui, acolá, é bem verdade, cede a tentação, como ao falar sobre o procurador do Ministério de Contas, Gleydison Alexandre. Mas isso é raro. Se não mancha sua imagem com essas ações, o governador, por outro lado, tem cometido erros que lhe trazem sérios problemas, criando a pecha de ser arrogante. Além do caso envolvendo o cachê da cantora Ivete Sangalo, podemos citar a viagem da sogra, a circulação indevida sobre a pista de pouso de um aeroporto para se encontrar com a presidente Dilma, entre outras. Sem falar de atos administrativos que simplesmente são ignorados pelo governador, como se não merecessem uma satisfação à população, vide caso dos consignados envolvendo um genro do secretário Arialdo Pinho.
O que se depreende disso tudo é que o governador não parece saber dimensionar bem em alguns momentos o papel de gestor público do indivíduo comum. Dessa forma, vale mais a sua vontade do que propriamente o zelo com a coisa pública. Situação típica de quem não ouve ou não tem quem lhe fale sobre a possibilidade de estar cometendo deslizes. Esse é talvez o grande prejuízo de não se ter uma oposição, seja no parlamento, ou fora dele, nas instâncias partidárias. O poder, sem o contraditório, é o mais perigoso do brinquedos que se dá ao homem. Sem esse contraponto necessário, as pessoas se acostumam com uma realidade que nem sempre é a mais fiel aos fatos, esquecendo que a diferença entre essa realidade e a ficção é o prazo de validade da gestão em vigor."
Luiz Henrique CamposA história mostra, todavia, que a política não pode ser medida apenas pelo momento. Se Cid conviveu com lideranças que já não mais representam tanto politicamente, e ele está bem, não significa que isso se perpetuará. O legado de um político, muitas vezes, não é marcado somente pelo que realiza em termos administrativos. O futuro, geralmente, costuma ser até mais cruel com quem comete pequenos deslizes que, acumulados, desgastam e estigmatizam uma imagem para sempre. Nesse aspecto, o governador tem o exemplo do irmão Ciro, que notabilizou-se por verbalizar pensamentos que, saídos da boca de um político, são fatais. Prova dessa assertiva deu-se com a infeliz declaração sobre a ex-mulher Patrícia Pilar na campanha à presidência de 2002. Para muitos, ele perdeu a eleição ali.
Em termos comparativos, Cid até que não se assemelha tanto ao irmão no sentido de utilizar-se de palavras ou expressões grosseiras. Aqui, acolá, é bem verdade, cede a tentação, como ao falar sobre o procurador do Ministério de Contas, Gleydison Alexandre. Mas isso é raro. Se não mancha sua imagem com essas ações, o governador, por outro lado, tem cometido erros que lhe trazem sérios problemas, criando a pecha de ser arrogante. Além do caso envolvendo o cachê da cantora Ivete Sangalo, podemos citar a viagem da sogra, a circulação indevida sobre a pista de pouso de um aeroporto para se encontrar com a presidente Dilma, entre outras. Sem falar de atos administrativos que simplesmente são ignorados pelo governador, como se não merecessem uma satisfação à população, vide caso dos consignados envolvendo um genro do secretário Arialdo Pinho.
O que se depreende disso tudo é que o governador não parece saber dimensionar bem em alguns momentos o papel de gestor público do indivíduo comum. Dessa forma, vale mais a sua vontade do que propriamente o zelo com a coisa pública. Situação típica de quem não ouve ou não tem quem lhe fale sobre a possibilidade de estar cometendo deslizes. Esse é talvez o grande prejuízo de não se ter uma oposição, seja no parlamento, ou fora dele, nas instâncias partidárias. O poder, sem o contraditório, é o mais perigoso do brinquedos que se dá ao homem. Sem esse contraponto necessário, as pessoas se acostumam com uma realidade que nem sempre é a mais fiel aos fatos, esquecendo que a diferença entre essa realidade e a ficção é o prazo de validade da gestão em vigor."
FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/colunas/menupolitico/2013/01/26/noticiasmenupolitico,2993702/o-governador-cid-e-o-contraditorio.shtml
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