SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

domingo, 20 de janeiro de 2013

FORTALEZA: PATRIMÔNIO ESQUECIDO

FORTALEZA

" O rico patrimônio esquecido "



" O tempo danifica importantes equipamentos da Cidade - a exemplo do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (foto). A preservação da memória edificada depende tanto de ações do poder público quanto de cuidados da população "


" Histórias de uma cidade que não ama os próprios espaços "
" Mais do que construir novos equipamentos, estudiosos apontam a necessidade de aproveitar os espaços já existentes em Fortaleza. Com empenho do poder público e da população, construções podem ganhar novos ares "
 



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" Fortaleza tem múltiplas histórias e olhares. É também um lugar carente de cuidados e gentilezas. Para além das reclamações atestando falta de estrutura, existem equipamentos esportivos e culturais espalhados pela cidade. Novos ou antigos, reformados ou dilacerados pelo tempo, frequentados ou abandonados, cada um carrega um pedaço da memória coletiva. A política de manutenção, entretanto, ainda deixa lacunas.

Na Casa Jesus, Maria, José, no Centro, os únicos frequentadores são vigilantes, guardadores de carros e os pássaros. A estrutura está visivelmente abalada: pedaços de madeira ajudam a sustentar a fachada, grades estão enferrujadas e as grafitagens reforçam a aura de descuido. No lugar funcionou escola, casa de assistência para idosos e espaço de lazer, como lembra o memorialista Zenilo Almada. Hoje, aguarda reforma e transformação na prometida Casa da Fotografia. Enquanto isso, o cheiro de urina impregna o ambiente, e a entrada do prédio é usada como estacionamento.
 Não muito longe da Casa Jesus, Maria, José, outra estrutura aguarda reforma. O quase centenário teatro São José está fechado. Sujeira, paredes descascando e poucos passantes ao redor integram o cenário.

Segundo o psicólogo Cássio Braz de Aquino, em Fortaleza se consolidou tradição de desrespeito aos monumentos. “Eles falam muito sobre o nosso sentimento de pertencimento ao local. Falta uma perspectiva de que o passado também se faz presente”, ensina.

A falta de zelo não se limita aos equipamentos caros, vistosos e históricos. Muros, árvores ou os raros telefones públicos também sofrem. Com explica o psicólogo Rosendo Amorim, o problema não é apenas manutenção por parte do poder público, mas educação da população. “Não existe nada gratuito. Alguém sempre paga a conta pelo equipamento. É uma questão educativa”, diz.

Para a pesquisadora de etimologias sociais Olga Paiva, o ideal seria utilizar os espaços já existentes ao invés de construir novos. “Não se aproveitam como equipamentos culturais as escolas públicas ou as praças”, sugere. “Quando um dispositivo é inaugurado, deve haver uma campanha educativa para que a população saiba do que se trata e como preservar”, defende Olga Paiva.

O sociólogo Rosendo Amorim lembra que o poder público deve fazer seu dever de casa, mas a população também deve se preparar para usufruir. “O patrimônio e a manutenção não são questões tão simples”, lembra.

Ciclo rumo ao abandono
Como um ciclo vital, os equipamentos são licitados, construídos, inaugurados, vivem o apogeu e logo depois entram em crise. Segundo a arquiteta e professora universitária Fernanda Rocha, ao construir uma praça, por exemplo, é necessário lembrar de demandas específicas como reforço na segurança, acesso ao local, material utilizado. “Em linhas gerais, os gestores estão preocupados em construir os equipamentos e inaugurar logo. Não que mais espaços públicos sejam desnecessários. Eles são, sim. Mas podem ser feitos de forma sustentável”, argumenta a arquiteta.
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), por exemplo, passou por períodos difíceis. Recentemente, não faltaram reclamações e relatos de insegurança, falta de programação e abandono. Mas, agora, o espaço entra em nova fase com investimento de R$ 9.207.741,77 apenas para reforma física. Ação faz parte do Projeto Virada Cultural, implantado pelo Governo do Estado.

O estudante Mateus Vale, 20 anos, foi frequentador assíduo do Dragão. Mas, nos últimos anos, foi “perdendo o gosto pelo lugar”. Agora, as visitas voltaram a acontecer. “É bom no quesito espaço, mas falta programação e ainda me sinto inseguro”, diz.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Equipamentos urbanos, novos ou antigos, necessitam de políticas permanentes de manutenção. Para além dos projetos faraônicos, especialistas apontam a necessidade da população se apropriar dos espaços já existentes."


FONTE: JORNAL O POVO
 http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2013/01/19/noticiasjornalfortaleza,2991401/historias-de-uma-cidade-que-nao-ama-os-proprios-espacos.shtml

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