SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

SAÚDE OU AQUÁRIO ??????

HOSPITAL SÃO JOSÉ




" Pacientes com doença contagiosa não são separados "
FOTO: THIAGO GASPAR - DIÁRIO DO NORDESTE

" Risco à saúde: referência no Norte e Nordeste no atendimento de doenças infecto-contagiosa, o Hospital São José está com pacientes recebendo atendimento nos corredores "

FOTO: RODRIGO CARVALHO  -  DIÁRIO DO NORDESTE

" Hospitais públicos: adultos são atendidos em macas, esperando transferência para leitos clínicos "




" Doentes com dengue, meningite, portadores do vírus HIV e com outras doenças interagem no mesmo ambiente "

" Parece filme repetido, mas não é. A crise da saúde no Ceará e em Fortaleza não tem fim. Os governos Federal, Estadual e Municipal apresentam soluções, que só aumentam os problemas. Um exemplo é o Hospital São José, especializado no tratamento de doenças infecto-contagiosas.

Ontem de manhã, as macas se multiplicavam em cada canto da unidade hospitalar. Como a instituição atende aos casos de doenças infecciosas, a também emergência estava lotada e a cada hora, mais gente chegava. Muitos via ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Doentes com dengue, meningite, portadores do vírus HIV e com suspeita de outras doenças contagiosas interagem no mesmo ambiente, sem separação, desobedecendo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que determina que os pacientes devem ser isolados de acordo com as suas patologias.

Superlotação

Nos corredores da emergência, adultos - mulheres e homens - e até crianças, sem distinção, que precisam de leitos, estão em macas. Angústia e ansiedade pioram o estado de saúde de cada um deles, que passam horas e até dias em macas nos corredores aguardando atendimento de qualidade e até mesmo de resultados de exames para que seja iniciado o tratamento.

Caso de José Ricardo Martins, de 40 anos, vindo de Pacatuba, Região Metropolitana de Fortaleza. Com suspeita de meningite, ele foi medicado e aguardava o resultado de novos exames.

Sua irmã, Rosa Martins, conta que não tem outra coisa a fazer, a não ser esperar. "Estamos aqui desde ontem (domingo) e só consigo rezar, porque pior do que está, tenho fé de que não ficará", diz ela.

Em fila indiana, na maca à frente de José Ricardo, a dona-de-casa Maria Fabiana da Silva, de 33 anos, nem conseguia falar devido à febre e dores no corpo. Com dengue agravada, ela precisa de atendimento hospitalar e ficar internada.

Sua mãe, Maria Vilani reclama da situação com abatimento. "Se para o paciente é ruim ficar assim, sem privacidade, para a gente que acompanha é péssimo. Ficamos em cadeira dia e noite".

Junto dela, Rosa Maria, mãe do garoto Maciel Gomes Brandão, de 15 anos, sofria calada, mas comentou o drama de todos naquela situação. "É triste, né, mas é nossa realidade". Seu filho se trata de calazar, contraído em foco detectado na Vila Velha. "Acho que para mim, o pior já passou", avalia.

O diretor do Hospital São José, o infectologista Anastácio Queiroz, reconhece o grave problema na saúde pública e afirma que o sistema precisa criar novos leitos. "A população cresce, envelhece e sobrecarga o sistema que tem déficit".

Para o ex-secretário da Saúde do Estado, o quadro atual da superlotação nos hospitais públicos e conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS) foi agravado pela crise no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) que teve que fechar 30% de seus leitos, devido a problemas financeiros. "Isso complicou bastante, sem dúvida", constatou Queiroz.

O infectologista concorda com o presidente da Associação dos Hospitais do Ceará, Aramicy Pinto, de que, para minorar o drama da população carente, seria necessário, a curto prazo, contratualizar mais 300 leitos da rede complementar. "Acredito que, com os hospitais do Cariri e de Sobral (unidades regionais que estão sendo construídas pelo Estado para o atendimento de pacientes das regiões Sul, Centro-Sul e Norte do Ceará), essa situação (falta de leitos de UTI e clínico e superlotação nas unidades de saúde) será amenizada", prevê.


SAÚDE PÚBLICA

69 pessoas aguardam na fila por leito de UTI em Fortaleza

Com o aumento dos casos de viroses e da dengue, procurar por hospital público na Capital, ser atendido e precisar de leitos virou um drama. Até a rede complementar não suporta mais a demanda e está superlotada. Só para se ter ideia, nesta segunda-feira, 69 pessoas - sendo 57 adultos, oito crianças e quatro bebês, aguardavam por leito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dos hospitais da rede, sem sucesso.

Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), do Ministério da Saúde, o sistema de saúde de Fortaleza, como um todo, conta com 969 leitos de UTIs - desses 619 são integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) público e complementar.

Pior para quem aguarda por leito clínico ou cirúrgico. São ofertados 4.865 na Capital, dos quais, 3.018integram o SUS. Na manhã de ontem, todos estavam ocupados. Com isso, 151 pacientes estavam na fila de espera por leitos nos corredores.

O remanejamento de pacientes é feito pela Central de Regulação de Leitos, através de solicitação dos hospitais. Segundo os médicos que fazes essa seleção, a falta de leitos tem dificultado o trabalho. Por isso, a prioridade é para os casos mais graves.

Na avaliação do titular da Secretaria de Saúde do Município (SMS), Alex Mont´Alverne, o número de leitos per capita para Fortaleza é condizente com o preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de três leitos para cada mil habitantes. "O problema são os pacientes vindos do Interior do Estado", afirma o titular da Sesa.

Ele aposta que, com a inauguração do Hospital da Boghos, com a compra de mais 200 leitos, as ampliações dos Frotinhas e Gonzaguinhas e a entrega do Hospital da Mulher, Fortaleza somará mais 400 leitos para a rede Sistema Único de Saúde.

O Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE), através da promotora de Justiça de Defesa da Saúde Pública, Izabel Porto, deverá se pronunciar sobre a questão. Segundo a assessoria do MPE, a promotora espera o documento que será enviado pela rede privada conveniada relatando o caos, para estudar as saídas jurídicas possíveis."


LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER


FONTE:  DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=930298

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