SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

domingo, 6 de fevereiro de 2011

" CARPIDEIRAS DO ACARAÚ " RESGATA A MEMÓRIA DOS QUE " CHORAVAM " PELOS MORTOS

" Documentário resgata história das carpideiras "

" Este mês serão iniciadas as gravações do documentário, com previsão de lançamento, conforme decisão da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), no mês de março, após o Carnaval "




FOTO:  ELIZÂNGELA SANTOS 
" As carpideiras, com terços , eram chamadas a ficarem rezando, chorando e cantando nos velórios "



" O curta "Carpideiras do Acaraú" busca resgatar a memória de figuras históricas
que atuavam em enterros "

Sobral.

" O cinema cearense busca, por meio de um curta-metragem, resgatar a memória das carpideiras, pessoas que tinham como profissão chorar pelos mortos. Os costumes peculiares da gente nordestina, mais precisamente da região do Vale do Acaraú, que por meio do sentimento de dor, choro, lamentação, serão em breve revividos por uma equipe de atores, produtores e figurinistas. Ao redor de um caixão, irão reproduzir uma cena muito comum nos de tempos outrora. O idealizador do projeto, Carlúcio Campos, garante que este mês serão iniciadas as gravações, com previsão de lançamento, conforme decisão da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), em março, após o Carnaval.

O curta "Carpideiras do Acaraú" será filmado nas locações dos Distritos de Jaibaras, Serrado Rosário, Rafael Arruda, Bonfim, Município de Sobral, e outras cidades do Vale do Acaraú: Groaíras, Cariré, Santana do Acaraú e Granja. "Estamos realizando pesquisas que nos leve até esses personagens vivos. Seus relatos nos ajudarão a montar o roteiro do filme, que será baseado em fatos reais", revela Carlúcio Campos, que descreve as carpideiras como "rezadeiras", que acompanhavam as sentinelas e os velórios. "Seu ofício é cantar ´ladainhas´ e ´inselenças´, sempre em prantos com o objetivo de lastimar os mortos. Apesar do surgimento das funerárias com toda a pompa e sofisticação, as carpideiras ainda resistem bravamente às transformações do tempo. Mas são raridades. E é aí que está o foco principal do projeto audiovisual, de fazer um registro antes que não sobre uma para contar suas impressionantes histórias", destaca Carlúcio Campos.

Para tornar possível a realização do documentário, o Governo do Estado, por meio do VII Edital Prêmio Ceará do Cinema e Vídeo-2010, da Secretaria de Cultura do Ceará, contemplou o projeto que tem como proponente o roteirista, dramaturgo e produtor cultural, Carlúcio Campos (roteirista do vídeo). Participação especial das atrizes Lita Ribeiro, Telma Mendes e Rogéria Nogueira que representarão as carpideiras. A direção e fotografia é do cineasta, produtor e diretor, Afonso Celso (Fortaleza); edição e montagem de Fábio do Nascimento; fotografia, Stil de Hudson Costa; e maquiagem de Elisângela Bombom.

Profissão

A profissão de carpideiras já existia antes de Cristo e se estende, a saber, até os dias atuais. No dias do antigo Israel, essas mulheres eram contratadas para entoar canções tristes e chorar em ocasiões de falecimento de um amigo ou de um ente querido, onde muitas lágrimas são derramadas. E, para completar a cena, o grupo que canta benditos como forma de transformar o último momento em situação bem mais sofrida. Em pé ou sentados no chão, homens e mulheres eram chamados a passar a noite inteira velando um morto. Com cânticos piedosos, o intuito era fazer com que os presentes ao velório, chorassem. Além disso, era como se, com o ato, auxiliassem os mortos a entrar no reino do céu.

Carlúcio Campos conta que desde quando começou a fazer cinema em Sobral, despertou a vontade de trabalhar um roteiro que levasse a resgatar esse costume que habitava na região.

Incentivo


Segundo ele, o incentivo começou em 2005, após pesquisa realizada com intuito de descobrir os hábitos dessas pessoas sempre presentes em velórios na região. O filme é um documentário, que apresenta um pouco de ficção. "Como as carpideiras não exercem mais essa atividade, só restam memória, então vamos pegar a história que elas contam e fazer uma representação, por meio de atores daqui mesmo da região", revela Carlúcio Campos.

Não há no Brasil, documentos que possam comprovar a existência de carpideira profissional, chorando o defunto alheio, mediante pagamento. Foram conhecidas em quase toda Europa, e a tradição de chorar, cantar, dançar e ter uma refeição dedicada aos mortos é possivelmente universal e milenar. Indígenas e africanos usavam a prática. No Brasil, a tradição de carpideiras espontâneas foi trazida pelos portugueses, junto com a colonização. A profissão existe há mais de 2 mil anos. Inicialmente, o pagamento não era feito em dinheiro, mas com bens dados pela família do defunto."

Representação

"Como só existe a memória das carpideiras, vamos fazer uma representação, por meio de atores"
Carlúcio Campos
Roteirista, dramaturgo e produtor cultural

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Cultura e Turismo de Sobral/ Av. Dom José. 881, Centro/ (88) 3611.2956/2712
www.sobral.ce.gov.br/sec/cultura


FOLCLORE CEARENSE

Dramaturgo se inspirou em livro

Carlúcio Campos conheceu o trabalho literário desenvolvido pela pesquisadora
 e escritora Cândida Galeno "


Wilson gomes

Colaborador



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