SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

quarta-feira, 18 de junho de 2014

" MÁXIMA E MÍNIMAS DO LÚCIO "

"O exercício da escrita segundo o Twitter"



" Em "Máximas e Mínimas do Lúcio", o escritor mostra a versatilidade da narrativa simples e direta, ao transpor aforismos das redes sociais digitais para o papel "


FOTO: LUCAS MOURA


" Lúcio Alcântara abraçou o Twitter como plataforma de expressão"
" O impacto da difusão das novas tecnologias, principalmente, a popularização da Internet a partir dos anos 1990, implica em transformações na sociedade contemporânea, fazendo crer que cada geração inventa mecanismos próprios de comunicação. As redes sociais digitais, a exemplo do Twitter, Facebook e Instagram, funcionam como diários abertos das novas gerações, sendo utilizadas para a difusão de informações, cultura, educação, negócios, política, relações pessoais e até afetivas, atesta o médico, escritor e político, Lúcio Alcântara, comparando a Internet a "uma cyber-utopia", filosofa.

Numa demonstração de familiaridade com as novas parafernálias digitais, o escritor lança "Máximas e Mínimas do Lúcio", publicação em forma de espiral, 186 páginas, ilustração de Fernanda Meireles, realizada pela Fundação Waldemar Alcântara/Editora Labirinto. "Sem dúvida, a Internet é uma importante ferramenta que pode ser aplicada na política e para convocar manifestações", lembrando do movimento que sacudiu o Brasil, em junho do ano passado, quando o povo voltou às ruas, por ocasião da Copa das Confederações. A influência é verificada também no campo da comunicação social e do jornalismo: "cada um virou jornalista", argumenta.

Os textos que compõem a agenda ou caderneta de anotações "são postagens feitas no Twitter", explica o autor, na introdução, discorre sobre o poder das redes sociais digitais. Faz referência ao movimento político social, que ficou conhecido como "Primavera Árabe", iniciado em dezembro de 2010, envolvendo países da África do Norte, Tunísia, Líbia e Egito, entre outros, sendo responsável pela deposição de ditadores. "O impacto da Internet na é visto em todos os setores da sociedade", diz, citando a vida social, afetiva, cultural e política. Atenta para o caráter paradoxal da ferramenta tecnológica que pode servir também para desnudar a privacidade.
"As pessoas têm medo de ter a privacidade violada", reconhece, no entanto, é possível observar a exposição nas redes sociais. Aponta os jovens como os principais candidatos aos 15 minutos de fama previstos pelo artista visual Andy Warhol, escreve Lúcio Alcântara, que diz ser o primeiro político do Ceará a usar as redes sociais digitais. "Eu era analfabeto digital", confessa, passando a usar 2007, e hoje, gosto muito.

O uso das ferramentas digitais nas campanhas políticas é uma realidade, fenômeno que está aumentando muito no País. Lúcio Alcântara lamenta o fato de que, muitas vezes, serem usadas para difamar, caluniar. "O anonimato da Internet favorece". A pressa dos 140 caracteres imposta pelo Twitter pode ser levado aos palanques. Os comícios devem se tornar mais curtos e os discursos políticos mais objetivos. A rapidez da Internet agrada muito aos jovens, constata, entretanto, constitui uma faca de dois gumes. Tanto serve para construir como para destruir uma imagem em rápido espaço de tempo.

Uma particularidade de Lúcio Alcântara diante das novas ferramentas é não delegar a assessores as postagens. "Sou eu mesmo que digito", reitera, considerando um desafio tanto ao escritor quanto ao político a capacidade de expressão em 140 toques, conforme determina a rede Twitter. 

"Máximas e Mínimas" é também uma brincadeira, explicando que o tempo contemporâneo pede para que as pessoas sejam objetivas. Aliás, o recurso na economia das palavras não constitui novidade, sobretudo na literatura. "O esforço de cortar palavras e ater-se ao que é fundamental já está nos haicais, na escrita dos árcades do século XVIII, em oposição ao gongorismo e textos contemporâneos como os de Graciliano Ramos", escreve.

Para Lúcio Alcântara, não há porque pensar que estejamos diante de um novo gênero literário. "A ferramenta pode ser útil na sala de aula para ensinar técnica literária aproveitando a compulsão pela informação e a afinidade dos adolescentes com a linguagem virtual. Já o formato, condicionado pelo número máximo de caracteres por postagem, ao obrigar o fracionamento do texto incompatibilizando-o com narrativas mais longas". É que pela forma de leitura do Twitter o mais adequado são as micronarrativas que se esgotam no limite de até 140 toques. De acordo com o escritor, "a exiguidade do espaço não deve ser um freio à imaginação e sim estímulo à criatividade mediante o exercício literário.

A publicação destaca-se pelo bom gosto na apresentação estética. O formato é de caderneta, em papel poroso, na cor bege, a capa ilustrada de maneira sóbria e harmoniosa, "Máximas e Mínimas do Lúcio" parece transpor o mundo da web para o espaço real. Ao longo das 186 páginas, o leitor poderá conhecer mais a verve digital de Lúcio Alcântara. São pequenos textos selecionados do Twitter, embora, o escritor esteja presente também no Facebook e tenha um blog.
Entre as postagens que compõem a cadernetinha, selecionadas por uma triagem prévia, sendo excluídas as de cunho político-partidário, o leitor poderá exercitar a sua escrita. Ou usar para anotações ou escrever reflexões baseadas nos aforismos impressos. "Mesmo no papel você pode interagir e aprimorar seu poder de criação", convida o autor. No final, põe em prática a criatividade poética, sempre obedecendo à regra de não ultrapassar os 140 caracteres. "É um desafio para o escritor"."


Iracema Sales
Repórter



FONTE: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/o-exercicio-da-escrita-segundo-o-twitter-1.1038616

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