Consignados: “Quem vai ressarcir o dinheiro retirado sorrateiramente do suado vencimento do servidores estaduais?”
" Eis artigo do professor Francisco Wyldes de
Oliveira, mestrando em Economia do CAEN/UFC. Com o título “Afronta aos
parâmetros éticos e mercadológicos”, ele aborda, na´página de Opinião do
O POVO desta terça-feira, o caso dos consignados denunciado pelo
deputado estadual Heitor Férrer (PDT. Confira:"
" No Brasil, o spread bancário é, em média, 40%; no México, 5%; na Europa, 4%. Spread bancário, em termos simplificados, é a diferença entre a remuneração que o banco paga ao aplicador para captar um recurso e o que ele cobra para emprestar o mesmo dinheiro.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o spread praticado hoje no Brasil não se justifica. Ele afirmou que as instituições privadas estão captando à taxa máxima de 9,75% e emprestando com até 80% de juros. Tem razão a presidente Dilma quando afirma “não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros.” (O POVO, 1º/5/2012)
Dentre os elementos que compõem o spread bancário há os custos administrativos. Quando o Governo do Ceará resolveu transferir este serviço para a iniciativa privada, de certo modo elevou estes custos, mas não a ponto de justificar uma brutal ganância sobre a folha de salário do servidor estadual.
No Ceará, trabalham no setor público estadual 135 mil servidores e empregados públicos estaduais civis e militares, ativos, aposentados e pensionistas. Partindo da premissa de que as informações prestadas ao O POVO (28/4/2012) pelo sr. Augusto Borges, dono da Bom Crédito, estão corretas, o contrato de exclusividade firmado pelo Governo do Estado com a ABC e o do Bradesco com a Promus causaram, ou causarão até o fim da exclusividade, um prejuízo de R$ 334,4 milhões a 62 mil servidores. Essa é a conta debitada ao servidor estadual que contratou empréstimo consignado nesses 44 meses de vigência do contrato com a ABC pelo Governo para operar o singelo trabalho de controlar a margem de crédito dos servidores, coisa que, a meu ver, qualquer software poderia fazer sem custo expressivo para a Secretaria e Planejamento e Gestão (Seplag).
O cálculo é simples. São R$ 40 milhões contratados mensalmente a uma taxa de 19% durante 44 meses – entre maio de 2009 e janeiro de 2013, prazo de vigência do contrato nº 24/2009, celebrado entre a Seplag e a Administradora Brasileira de Cartões S/A (ABC).
A cláusula do contrato entre Bradesco e Promus, segundo a qual aquele se compromete a “não praticar taxas de juros ou qualquer outra vantagem que desestimule o servidor a utilizar o serviço de intermediação”, é uma afronta aos “parâmetros éticos e mercadológicos”.
Se o Governo do Ceará defende esses parâmetros, por que não fiscalizou o serviço para a concessão de crédito consignado, como afirma? Disso resulta outra questão, relacionada à primeira: quem vai ressarcir o dinheiro retirado sorrateiramente do suado vencimento dos servidores estaduais? "
* Francisco Wildys de Oliveira
Mestrando em Economia pelo Caen-UFC.
" No Brasil, o spread bancário é, em média, 40%; no México, 5%; na Europa, 4%. Spread bancário, em termos simplificados, é a diferença entre a remuneração que o banco paga ao aplicador para captar um recurso e o que ele cobra para emprestar o mesmo dinheiro.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o spread praticado hoje no Brasil não se justifica. Ele afirmou que as instituições privadas estão captando à taxa máxima de 9,75% e emprestando com até 80% de juros. Tem razão a presidente Dilma quando afirma “não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros.” (O POVO, 1º/5/2012)
Dentre os elementos que compõem o spread bancário há os custos administrativos. Quando o Governo do Ceará resolveu transferir este serviço para a iniciativa privada, de certo modo elevou estes custos, mas não a ponto de justificar uma brutal ganância sobre a folha de salário do servidor estadual.
No Ceará, trabalham no setor público estadual 135 mil servidores e empregados públicos estaduais civis e militares, ativos, aposentados e pensionistas. Partindo da premissa de que as informações prestadas ao O POVO (28/4/2012) pelo sr. Augusto Borges, dono da Bom Crédito, estão corretas, o contrato de exclusividade firmado pelo Governo do Estado com a ABC e o do Bradesco com a Promus causaram, ou causarão até o fim da exclusividade, um prejuízo de R$ 334,4 milhões a 62 mil servidores. Essa é a conta debitada ao servidor estadual que contratou empréstimo consignado nesses 44 meses de vigência do contrato com a ABC pelo Governo para operar o singelo trabalho de controlar a margem de crédito dos servidores, coisa que, a meu ver, qualquer software poderia fazer sem custo expressivo para a Secretaria e Planejamento e Gestão (Seplag).
O cálculo é simples. São R$ 40 milhões contratados mensalmente a uma taxa de 19% durante 44 meses – entre maio de 2009 e janeiro de 2013, prazo de vigência do contrato nº 24/2009, celebrado entre a Seplag e a Administradora Brasileira de Cartões S/A (ABC).
A cláusula do contrato entre Bradesco e Promus, segundo a qual aquele se compromete a “não praticar taxas de juros ou qualquer outra vantagem que desestimule o servidor a utilizar o serviço de intermediação”, é uma afronta aos “parâmetros éticos e mercadológicos”.
Se o Governo do Ceará defende esses parâmetros, por que não fiscalizou o serviço para a concessão de crédito consignado, como afirma? Disso resulta outra questão, relacionada à primeira: quem vai ressarcir o dinheiro retirado sorrateiramente do suado vencimento dos servidores estaduais? "
* Francisco Wildys de Oliveira
Mestrando em Economia pelo Caen-UFC.
Levando em consideração que os empréstimos mais procurados no Brasil são os bens de consumos duráveis, CDC´S, crédito pessoal, limite do cheque especial, rotativo de cartão de crédito esta diferença é muito, mas muito sueprior aos 40% citados em seu excelente artigo.
O que não consegui entender mesmo até agora é a necessidade de um intermediário para fazer esta maldita ponte entre os funcionários do Estado e o Bradesco.
Meu Deus, os bancos são loucos por empréstimos consignados e têm mecanismos para ofertar esta linha de crédito diretamente entre a agência e o cliente. Para que então pagar uma “comissão” para alguém fazer esta “ponte”. Sinceramente, tem boi na linha, ah tem."
FONTE: BLOG DO ELIOMAR DE LIMA
http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/consignados-quem-vai-ressarcir-o-dinheiro-retirado-sorrateiramente-do-suado-vencimento-do-servidores-estaduais/#comments