SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

terça-feira, 1 de maio de 2012

ATÉ O BADALO DO CHOCALHO SILENCIOU

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" Autoridades, pessoas do meio cultural e indígenas acompanharam o sepultamento"
FOTO: RODRIGO CARVALHO
 
 
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COLUNA DA LÊDA MARIA 

 
" Há um momento...
...intenso, profundo de saudade. Estamos, todos nós amigos e poetas, vivenciando o silêncio agudo da partida de José Maria de Barros Pinho, que repousa no céu para registrar lirismo forte de quem caminhou entre as águas do Rio Parnaíba e o cenário permanente de um mundo azul, que só ele soube pintar, ao longo de seus 72 anos, entre o afago da amada Aracimy, dos filhos Cláudio, Araicy, Ana Aracy e Araciana, mais os dez netos e de um milhão de amigos, todos igualmente chorosos e saudosos.

Foi no dia 28...
... de abril que a manhã do sábado rasgou as nuvens do sol da esperança, para alumiar outro caminho ao poeta, separando-nos dele, e deixando o vento acolher o nosso pranto e o desencanto. Ninguém esperava um sábado tão diferente, onde até o cenário do Clube do Bode, reduto de Barros Pinho e outros amigos, teve a primeira e longa pausa do silêncio.

Por conta...
... da carreira política, exercida com seriedade e devotamento ao povo sofrido, Barros Pinho foi velado na Assembleia Legislativa. Lá, missas, cantorias, poemas ditos e um maracatu, em passos de tristeza, reverenciando quem merecia. Lágrimas e soluços lastimavam a perda, entre cuidadosa seleção de muitas belas recordações. Tudo muito triste.

No domingo...
..., o sepultamento no Parque da Paz. Milhões de amigos. Discursos, lamentos e o choro de fidelidade de muitos. De repente, uma pausa para que todos se calassem, ouvissem e assistissem à perfeita manifestação da natureza, com sua mensagem de saudades, expressa em neblina forte, ampliando a oração da terra harmonizada com a chuva de pétalas de flores, caindo de um helicópteros para iluminar as sombras e a solidão, ali frequentadas pela necessidade da fé. Foi emocionante demais. E se o guerreiro do verso e das ideias assistia, ao lado dos anjos e do seu Menino de Nazaré, viu ali entre as lágrimas dos novos e velhos amigos, a água da chuva clareando em nós o desejo de lhe ver mais feliz, mais rio e mais pássaro, consolando nossos corações, "ficando no orvalho apenas um gesto de silêncio"."



COLUNA DA LÊDA MARIA  
leda@diariodonordeste.com.br
 
 
FONTE:  DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1132430&coluna=1

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