SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

POESIA CEARENSE: FERNANDA BENEVIDES




CALAMIDADE




Cenas dantescas na região serrana do Rio de Janeiro
fazem-me avaliar a triste desventura
porque passam desafortunadas criaturas
ante a avalanche que ceifou muitas vidas,
destruindoi tetos, desmoronando lares...


A fúria das águas atingiu ricos e pobres,
sem distinção, deixando-os desabrigados
e à mercê da solidariedade humana,
ante a indiferença bem nutrida do Poder...


Cenário desolador, de morte, destruição e horror!
Quadro devastador!!
Perdas irreparáveis são choradas...
Infaustas pessoas, sem que houvesse previsão,
foram surpreendidas pela força das chuvas
que assolou os serrados,
tragando seres humanos de todas as idades...


Resta-lhes recomeçar de novo,
com o pouco que foi salvo...
Outros, reconstruirão suas vida do nada,
resignados e agradecendo a Deus por terem escapado
(alguns, sãos e salvos; outros, feridos ou mutilados)...
Reconstruirão seu amanhã do nada...



Fernanda Benevides
17/01/2011 às 10h15

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O plantador de sonhos



O lavrador prepara a terra, lentamente.
Cultiva o solo com amor.
Alimenta o chão com carinho e devoção.
Cuidadoso, escolhe a semente.
E faz a plantação.
Semeia o trigo e nasce o joio.
Paciente, reinicia.
Planta roseira e brota baobá.
Cauteloso, extirpa-o.
E recomeça.
A vegetação viça.
Súbito, vem o estio.
As plantas secam.
E continua...
A flor renasce.
E vem a inundação.
Não desiste.
Rega a poesia.
Na certeza de um dia,
colher a flor tardia.



(in, A ROSA - FÊNIX)
Fortaleza - Ce, 1997


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Flagrante



Eu não tinha este ar preocupado.
O coração sofrido.
A alma dilacerada.
Eu não tinha este este olhar perdido.
Esta dor da vida.
Estas mágoas...
Eu não sabia o que era solidão.
Esta sede de afeto.
Esta fome de emoção.
Eu não tinha este sabor amargo.
Este fel.
Este travo.
Eu não tinha esta face.
Serei eu?...



( in, QUANDO AS MUSAS CANTAM)
Fortaleza - Ce, 1990


Fernanda Benevides

fernevides@terra.com.br




FONTE: http://www.revista.agulha.nom.br/fbe2.html#oplantador

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