" Ana
Márcia Diógenes, Edmundo Maia (in memoriam), Messias Pontes, Mauro
Benevides e Paulo Bonavides serão os grandes homenageados da celebração
dos 60 anos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Ceará
(Sindjorce), nesta quarta-feira, dia 22, às 19h30, no Plenário da Câmara
Municipal de Fortaleza. Na Sessão Solene, de autoria da vereadora
Toinha Rocha (PSOL), os cinco jornalistas, que marcaram diversas fases
de atuação do Sindjorce nas últimas seis décadas de história, receberão o
reconhecimento do Sindicato e da Federação Nacional dos Jornalistas
(FENAJ) pelos relevantes serviços prestados ao Jornalismo e aos
jornalistas no Estado.
Deputado
federal pelo PMDB do Ceará, Mauro Benevides é vice-presidente da
Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos
Deputados e um dos principais aliados dos jornalistas brasileiros na
aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 33/09. A PEC,
que restitui a obrigatoriedade da formação superior específica em
Jornalismo como critério de acesso à profissão, foi aprovada em dois
turnos pelo Senado e tramita agora na CCJ da Câmara.
Editor do programa Espaço Aberto da rádio Cidade AM e jornalista da TV Ceará, Messias Pontes integra a Comissão de Ética do Sindjorce e é diretor de Comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará. Anistiado político e membro do Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil (PC do B), é presidente da Comissão
da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas Cearenses, que está
resgatando a história de profissionais perseguidos pela ditadura no
Estado.
Coordenadora do escritório para os estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte do Fundo das Nações Unidas para a Infância, a jornalista Ana Márcia Diógenes foi oficial de comunicação
do Unicef, redatora da Assessoria de Comunicação da Assembleia
Legislativa, repórter da TV Cidade, correspondente do Jornal do Brasil,
chefe de Reportagem da TV Jangadeiro, diretora regional da
TV Manchete Fortaleza e diretora de Redação do jornal O Povo, tendo dado
grande contribuição para a formação de várias gerações de jornalistas
profissionais no Ceará.
Homenagem póstuma a Edmundo Maia, autor da primeira notícia sobre o golpe
Correspondente
do jornal Última Hora (RJ) e responsável pela cobertura do assassinato
sob tortura do ferroviário José Nobre Parente, que segundo versão
oficial teria se suicidado no 2º Distrito Policial, Edmundo Maia foi um
dos jornalistas perseguidos no Ceará pelo regime militar. Em retaliação à
denúncia, em 1º de junho de 1966, dois anos após o golpe, ele foi
covardemente espancado por dois homens na esquina das ruas General Sampaio e Guilherme Rocha.
No mesmo dia, compareceu à sede
da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), acompanhado do então
presidente do Sindicato dos Jornalistas no Estado do Ceará, Pádua
Campos, onde registrou queixa responsabilizando como mandante o
superintendente da Rede de Viação Cearense, engenheiro José Walter
Cavalcante, que, no ano seguinte, seria escolhido pela ditadura militar
prefeito biônico de Fortaleza.
Integrou os quadros do
Sindicato, militância lhe valeu perseguições. Conforme a certidão de
número 7199, expedida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
"em documento datado de outubro de 1980, foram registrados os seguintes
dados sobre Edmundo Maia: jornalista esquerdista, preso em 1964 por
exercer atividades subversivas, tendo, inclusive, respondido a
inquérito, ligado a conhecidos comunistas cearenses; e integrou a
diretoria do Sindicato dos Jornalistas profissionais do Ceará como
tesoureiro".
Um dos mais perspicazes da imprensa cearense, descreve Blanchard Girão
No dia 31 de março de 1964, uma comissão de deputados, jornalistas,
dirigentes sindicais e estudantis se encontrou com o governador
Virgílio Távora para demonstrar preocupação sobre os rumores do golpe.
"Quando nos preparávamos para deixar o gabinete governamental, o
repórter Edmundo Maia, um dos mais perspicazes da imprensa cearense
naqueles dias, chamou-me a um canto da sala para confidenciar-me a
meio-tom: - "A UEE (União Estadual dos Estudantes) acaba de captar uma
mensagem de rádio dizendo que tropas chefiadas pelo general Mourão Filho
estariam rebeladas e descendo de Minas, rumo a Brasília, para tentar
depor o presidente da República. Foi a primeira notícia, e verdadeira,
que recebi sobre o levante. O governador, naquela oportunidade,
inteirou-se dessa versão ainda não confirmada em círculos oficiais",
descreveu Blanchard Girão no livro "Só as armas calarão a Dragão".
Faleceu aos 63 anos, no dia 19
de fevereiro de 1993, em decorrência de infarto agudo do miocárdio,
bronquite aguda e enfizema pulmonar, as duas últimas enfermidades
contraídas no cárcere da ditadura militar. Deixou viúva Terezinha
Furtado Maia e o filho Fernando Antônio Furtado Maia que, a exemplo do
pai, é jornalista profissional e filiado desde a sua formatura ao
Sindjorce."