FALANDO DE CULTURA, EDUCAÇÃO, POLÍTICA
E PROMOVENDO A POESIA CEARENSE
SOU DO CEARÁ
"Eu sou de uma terra que o povo padece Mas não esmorece e procura vencer. Da terra querida, que a linda cabocla De riso na boca zomba no sofrer Não nego meu sangue, não nego meu nome Olho para a fome , pergunto o que há ? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste, Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
Há 2015 anos nascia um Menino. Poderia ser mais um para aumentar as estatísticas da pobreza, da fome, dos excluídos, porém esse Menino era Jesus, o Cristo, o Salvador.
A manjedoura e o Menino, da noite de Natal, hoje são esquecidos,
substituídos por papai noel, árvores, símbolos natalinos, troca de
presentes, cartões, ceias fartas, festas em locais luxuosos, que em nada
lembram o local em que o Menino nasceu. O Natal, hoje, transformou-se em comércio, lucro e mais um feriado.
Gostaria que os verdadeiros sentimentos natalinos tocassem nas "
consciências " de nossos governantes e construíssem dentro deles
personalidades humildes, sensíveis e que fossem capazes de verem e
enxergarem de forma mais humana todos os brasileiros e cearenses.
Gostaria de ganhar neste Natal um Ceará mais feliz, sem violência, com
mais hospitais bem equipados, com médicos e remédios; além de uma
Educação de qualidade, com Professores bem remunerados e com seus
direitos respeitados. Isto é um sonho de Natal, se bem que poderia
ser ( e deveria ) ser real, pois tudo isso são nossos direitos
garantidos pela Constituição Federal de nosso Pais. A manjedoura e
todos os ensinamentos Dele foram esquecidos... ninguém canta parabéns
para o Menino...ninguém sopra as velinhas... o dono da festa é o " bom
velhinho "...
AURIBERTO CAVALCANTE COORDENADOR DO GRUPO CHOCALHO
UM NATAL DIFERENTE
PARA TODOS OS AMIGOS E PARA OS CHOCALHEIROS
Aqui estou em meu apartamento sentado em minha poltrona da sala de
estar. Vejo as luzes multicoloridas a piscar, decorações pujantes, com
belos papais-noéis, esses velhinhos bondosos que trazem os presentes de
natal e não vejo a simbologia do verdadeiro espírito natalino, ou seja a
presença de Deus através de seu filho o menino Jesus.
Estes detalhes fizeram com que eu meditasse: o que é o Natal?
Sabemos das dificuldades de cada um, dos problemas familiares, das situações financeiras.
Mas todos estes itens não nos impedem de refletirmos sobre o significado
do Natal. Não somente o natal que celebramos no dia 25 de dezembro, mas
o natal diário, dos 365 dias que virão em 2010. Façamos uma reflexão
sobre as decisões futuras em todos os aspectos. Devemos nos preocupar
com nossas crianças, jovens e idosos, com poucas perspectivas de
Futuros promissores, sem ações verdadeiras que lhes garantem o bem estar social.
A demagogia impera em todos os segmentos, em todas as classes sociais. É
preciso uma mudança de atitudes para fazer acontecer um Natal
diferente.
Geralmente nos lamentamos se achando culpados ou se achando
vítimas dos problemas que nos acontecem. Precisamos usar de sabedoria
para nos perdoar e perdoar a todos os que nos magoaram. Deixemos de lado
as mágoas e os ressentimentos. Só assim haverá verdadeiras mudanças e
transformação em nossa volta.
O passado deixemos para traz, como diz o ditado:”águas passadas não movem moinho”. O importante é viver o momento presente.
Vamos fazer um natal diferente, um natal que dure todo o ano, devemos
ser agradecidos a tudo e a todos pelas oportunidades, que nos são
apresentadas e usar de sabedoria para tirarmos lições das dificuldades e
dos erros.
Enfim reservemos um tempo para orar, para agradecer a Deus, pela vida, pelas oportunidades que nos são concedidas.
Neste Natal devemos encher nossos corações de alegria e muito perdão, pois foi assim que o filho de Deus nos ensinou.
Neste Natal dê um sorriso, dê um alô a quem você nunca mais falou, dê
presentes, mas também dê um abraço bem forte naquela pessoa que você
nunca abraçou
Nesta noite de Natal deixe o aniversariante entrar em seu lar e faça um Natal Diferente.
Muita Paz. Muita Luz.
Bom Advento e um Feliz Natal
Lyma Netto
SECRETÁRIO GERAL DO GRUPO CHOCALHO
POETA CHOCALHEIRO
só resta a guerra
o enriquecimento
das multinacionais
regado
com
o suor
do operário
semivivo
seminu
semimorto
na manjedoura industrial
produzindo
o
consumo
de mais um Natal.
" Iphan oficializa hoje em Fortaleza título de patrimônio cultural ao Teatro de Bonecos Popular do Nordeste "
por
Iracema Sales - Repórter
" No Ceará, a tradição de manusear bonecos nos cantos das salas ou dos
alpendres das casas sertanejas ganha a denominação de Cassimiro Coco,
conta a pesquisadora e presidente da Associação Brasileira de Teatro de
Bonecos (ABTB) Ângela Escudeiro. Segundo ela, o ofício chega ao Brasil
pelas mãos dos jesuítas e dos escravos.
As senzalas, muitas vezes, serviam de palco onde os escravos
reproduziam cenas criticando os poderosos. A atitude foi reproduzida,
mais tarde, por atores ambulantes que desbravavam o sertão informando,
educando, divertindo e politizando o povo, com uma pitada de
irreverência.
Um dos mais importantes mestres que se destacou na arte de "botar
boneco" no Estado, Pedro Boca Rica (1936-1991), natural de Ocara,
tornou-se referência para as novas gerações de "bonequeiros" cearenses.
Confeccionados em madeira e tecido, os bonecos de aparência rústica,
durante muito tempo, cumpriram importante função social. Mediante
trabalho de atores autodidatas, na base do improviso, personagens como
"Cassimiro Coco" e "Catarina" ganhavam vida. Os bonecos rústicos
incorporavam situações de vida semelhantes às dos espectadores.
A irreverência e a alegria são traços comuns dos personagens, atesta
Ângela Escudeiro, coordenadora de pesquisa que fundamentou a
certificação do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste (TBPN) como
patrimônio cultural brasileiro.
Certificação
A atriz, uma das responsáveis pela vitalidade do Cassimiro Coco,
festeja o registro da manifestação artística, cuja solenidade para
marcar a certificação, conferida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), em março deste ano, acontece hoje, a partir
das 16h, na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
(CDMAC).
O reconhecimento é fruto de luta iniciada em 2004, e que não acaba
agora. O próximo passo é garantir mecanismos para a salvaguarda do bem.
Participaram da pesquisa os estados Ceará, Pernambuco, Rio Grande do
Norte, Paraíba e Distrito Federal, devido à migração de nordestinos
àquela cidade.
Conforme Igor Soares, historiador do Iphan, o processo que assegura a
certificação do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste durou quase uma
década.
O pesquisador atenta que o próximo passo tem como foco a salvaguarda do
bem, que consiste em discutir com o governo e as prefeituras um plano
para preservar a tradição, que tem como berço o Nordeste brasileiro. A
irreverência é o principal ingrediente da linguagem que ganha
denominações diferentes nos demais estados que integram a pesquisa. Na
Paraíba, "Babau"; em Pernambuco, "Mamulengo"; e no Rio Grande do Norte,
recebe o nome de "João Redondo".
Memória
O tempo passou e a tradição de manipular bonecos acompanhou a história,
sendo revisitada pelos novos artistas - que, baseados em noções de
teatro, transformaram as apresentações, mas sem perder a essência.
Para garantir vida longa à arte, em 2004 a ABTB solicitou o registro da
manifestação artística, realizando pesquisa tanto nas capitais quanto
no interior dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e
Distrito Federal. O estudo, que incluiu pesquisa de campo e documental,
foi realizado entre 2008 e 2013.
A pesquisadora, autora do livro "Cassimiro Coco de cada dia - botando
boneco no Ceará", conta que começou com recursos próprios, ganhando
depois adesão da ABTB. Era necessário fazer um inventário nos quatro
estados, justificando que todos os detalhes eram importantes.
Ângela Escudeiro esclarece que a certificação é para a manifestação em
si, atentando para não confundir com um reconhecimento aos mestres. "Mas
os mestres foram pesquisados também", completa.
O trabalho de preservação da memória continua com o processo de
salvaguarda, sendo a primeira atividade a instituição de um edital para
premiar os mestres locais, alguns in memoriam, como por exemplo o mestre
Pedro Boca Rica. O edital foi lançado e a comissão fez uma análise
parcial, afirmando que, dos cinco de mestres cearenses inscritos, quatro
foram aprovados.
A salvaguarda garante a continuidade da manifestação, dando a possibilidade de ser trabalhada em escolas.
"Não basta só reconhecer como patrimônio, é preciso dar suporte para
ser compartilhado, sobreviver e reaparecer na arte", alerta a atriz.
Durante 10 anos, o Iphan acompanhará os trabalhos, argumenta.
Tradição
Manifestação artística baseada na tradição passada de pai para filho,
cuja principal característica é a irreverência, o Teatro de Bonecos
Popular do Nordeste tem particularidades próprias. Entre as principais
estão o acompanhamento musical e a prática da improvisação - além da
simplicidade na manipulação dos bonecos, que não têm entrada ou saída
marcadas.
As histórias retratam o cotidiano, podendo enveredar para os campos
político ou do humor, mas sem perder de vista a crítica social.
"Muitas histórias tornaram-se clássicas", destaca Ângela Escudeiro,
afirmando que os mestres bonequeiros populares não seguem técnicas de
manipulação. No caso do Cassimiro Coco, como é conhecido no Ceará, a
dança, em especial o forró, faz parte do imaginário das histórias, assim
como a sensualidade.
Em cada estado nordestino, o teatro de bonecos popular apresenta
particularidades. No Estado, a manifestação criou escola, tendo como
principais representantes Augusto Bonequeiro, Graças Freitas, Omar
Rocha, entre outros.
Os artistas beberam na fonte do mestre Pedro Boca Rica, como a própria
Ângela Escudeiro, que diz não ter nascido no sertão e ter formação
superior. "Os bonecos são mais elaborados, usam som mecânico, microfone e
dramaturgia".
Mais informações:
Solenidade de titulação do Teatro de Bonecos Popular no Nordeste como
patrimônio Cultural Brasileiro e apresentações. Hoje, das 16 às 22h, na
Praça Verde do Dragão do Mar (R. Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema).
Fone: (85) 3488.8600
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/bonecos-sob-os-holofotes-1.1448087