" Tem início comemoração dos 170 anos do Liceu do Ceará"
" A Semana Cultural do Liceu do Ceará tem início hoje e rende homenagens ao mais antigo colégio do Estado. Livro organizado por Auriberto Cavalcante reúne reminiscências de ex-alunos. O lançamento da obra integra comemorações do aniversário "" Tem início em agosto a celebração dos 170 anos do Liceu do Ceará, na Jacarecanga. Nessa terça-feira, 4, começa a Semana Cultural do Liceu — que se estende até o dia 14. E, ainda este ano, acontece o lançamento do livro “O Liceu do Meu Tempo”, organizado pelo escritor e ex-aluno, Auriberto Cavalcante. Evento e livro devem reavivar as memórias do mais antigo colégio em funcionamento do Estado, fundado em 19 de outubro de 1845.
Ao lado de Yuri de Sousa Oliveira, Andreza Reis Maciel, lidera a “Tradição”, de cerca de 80 alunos, uma das equipes da Semana Cultural. Completando 27 anos em 2015, a Semana Cultural traz alunos do colégio em manifestações artísticas, como dança e teatro. Uma forma de preservar as memórias do Liceu, diz Andreza, que, assim como Yuti, têm 17 anos e cursa o 3º ano do Ensino Médio.
Além de oportunizar manifestação artística dos alunos, a semana ainda proporciona espaços que podem ser desenvolvidas fora do colégio. Dean Santos, de 24 anos, é um exemplo disso. Coreógrafo por sete anos de um grupo de dança no Liceu, participante da Semana Cultural, hoje, ele é o coreógrafo oficial do evento. Mesmo após a conclusão do Ensino Médio, em 2012, Dean continuou engajando-se no colégio, preparando as equipes de dança nos espetáculos artísticos da Semana Cultural, e foi contemplado pela direção do Liceu com o cargo. Como ele, diversos envolvidos na produção do evento garantem emprego, diz Dean. Sonoplastas e responsáveis pela iluminação, por exemplo, também chegaram a trabalhar profissionalmente contando com a experiência da Semana Cultural.
O Liceu como políticas
Não são apenas no âmbito cultural os relatos de desenvolvimento humano proporcionados pelo Liceu. Manuel Aguiar de Arruda é uma outra história que não pode ser contada sem remeter ao colégio da Jacarecanga. Ex-vereador (cassado e, depois, preso pelo Golpe Militar de 1964), ex-deputado estadual e ex-deputado federal, ele diz que o aprendizado da época de colégio permanece, sobretudo, pela influência política que recebera no período. No período em que esteve no Liceu, de 1947 a 1953, ele chegou a presidir o grêmio estudantil do Liceu; o Centro Liceu de Educação e Cultura (CLEC) era forte, capaz de influenciar a sociedade da época, portanto, sempre recorrido quando organizações tentavam encorpar um protesto. Dividiu pautas políticas com nomes como Roberto Amaral e Carlos Augusto Lima Paz, o Parangaba.
Estas e outras histórias, Auriberto Cunha reúne no terceiro volume de “O Liceu do Meu Tempo”, que deve ser lançado ainda em 2015. Ex-aluno, ex-professor e coordenador do Liceu do Ceará — somando cerca de 20 anos de dedicação ao colégio, a partir de 1977 — ele organizou dois livros sobre a história do Liceu, publicados para celebrar os 160 e 162 anos da instituição.
Os livros são coletâneas de textos de ex-alunos. Memórias, percepções, crônicas, curiosidades e relatos, onde os autores mostram um pouco do dia-a-dia no colégio, no período em que lá estudaram. Rememorar professores, funcionários e colegas. A intenção não é de ”fazer literatura”, afirma Auriberto, mas sim de “fazer um resgate histórico”.
Com as narrativas, o leitor pode, garante Auriberto, perceber a importância do Liceu, não só como marco da educação no Estado, mas para a política local, por exemplo. “Por que se você falar da história dos ex-alunos do Liceu, você fala da história do Ceará”, conta.
O Liceu era frequentado pela “elite intelectual” do Estado. Era o colégio preferencial das classes abastadas do Ceará, reflexo da qualidade da educação lecionada. “Era tão difícil (ingressar no Liceu) quanto passar no vestibular”, compara Auriberto — somente após a década de 1970, a prova de admissão foi descontinuada para ingresso no Liceu.
Só a partir da década de 1990, ele narra, há a mudança no perfil do aluno típico do colégio, dos filhos das classes altas aos filhos dos trabalhadores da região da Jacarecanga. Hoje, ele lamenta o atual estado ruim da educação, não só no Liceu, mas como em todos os colégios do Ceará. “Faltam investimentos do Governo do Estado”, aponta.
Apesar de ver problemas no Liceu contemporâneo, Auriberto segue tendo um enorme carinho para com o colégio. "
Serviço
Semana Cultural do Liceu do Ceará
De 4 a 14 de Agosto
Praça Gustavo Barroso, S/n - Jacarecanga
Contribua com o livro “O Liceu do Meu Tempo vol. III"
Mais informações podem ser obtidas no e-mail de Auriberto Cavalcante: auribertocavalcante@ig.com.br
Saiba Mais:
Passaram pelo Liceu do Ceará nomes como os dos ex-governadores César Cals e Lúcio Alcântara, do ex-prefeito de Fortaleza Evandro Ayres de Moura, dos empresários Edson Queiroz e Manoel Dias Branco, do Frei Tito de Alencar Lima, do arquiteto e compositor Fausto Nilo, dos cantores Belchior e Falcão, do jurista Clóvis Beviláqua.
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