SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

POESIA CEARENSE: BARROS PINHO




O RETRATO NAS PAREDES


As casas como as pessoas
guardam cicatrizes
expostas no rosto do tempo.


Às casas sempre voltamos
nelas a vida anda por trás do que passou
existem na existência indo embora.


As casas onde morei para viver
na afoitosa e lúdica adolescência
abrem rugas na face branca das paredes.


De dentro delas saltam sonhos
que não querem envelhecer
e o menino açoitando o vento nas curvas do rio
que se arrasta na carne azul da paixão.


BARROS PINHO
Do Livro " Poemas de Mesa " - Edição de 2008
Organizado por José Telles - Cesta Literária - IDEAL CLUBE


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CONHEÇA UM POUCO MAIS DE BARROS PINHO:


BARROS PINHO


José Maria de Barros Pinho (Teresina, 25 de maio de 1939) é político, poeta e contista. Foi vereador em Fortaleza pelo MDB (1979-1982), deputado estadual pelo PMDB (1983-1990) e Prefeito de Fortaleza (1985-1986).
Foi ainda Presidente da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza.
É o atual Secretário de Cultura de Maracanaú.
Enquanto poeta, destacam-se as obras Natal de barro lunar e quatro figuras no céu (1960), Planisfério (1969), Circo Encantado (1975), Natal do castelo azul (1984 ) e Carta do Pássaro (2004).“A Viúva do Vestido Verde”, publicado pela Record, foi cotado para o prêmio Jabuti de Literatura. “Carta do Pássaro”, reconstitui sua infância no engenho de seu avô, às margens do rio Parnaíba, no Piauí. Membro da Academia Cearense de Letras.
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EXTRAÍDO DA COLUNA DA SONIA PINHEIRO
JORNAL O POVO - Edição do dia 09.11.2009


Barros Pinho: "a poesia me basta"

" Piauiense da ribeira do Parnaíba, como se define quando instado a falar da sua naturalidade, o poeta e ex-personagem pública Barros Pinho, que adotou o Ceará em 1958, é, sem dúvidas, um acervo político pulsante mas saudosista apenas dos mandatos possuídos nos tempos de sua atuação. Ou seja: não se vê ocupando uma tribuna hoje. Então, na maturidade, afirma, categoricamente, que não se enquadraria no figurino atual. O por quê? O poeta responde:

- Hoje, para ser político não precisa saber ler...Ontem, sim. E muito! Ser culto, literata, era de suprema importância no exercício da política. E evoca um Gilberto Freyre, um Jorge Amado que também foram políticos. Acrescentando que, num passado não tão distante, fazia-se imprescindível a marca ideológica. "Surpreende ver que dos nossos 46 deputados estaduais, 44 são governistas. E que, para se ganhar uma eleição, há que se ter bastante dinheiro, poder e, preferencialmente, estrutura de Governo forte. O idealismo ficou para trás, assim como a esquerda que virou um sopro. Afinal de contas, o PT só tornou-se forte por atingir e estar no poder. Não se fala em resistência. Todos querem ser governo...

Mas Barros Pinho afasta a tradução de que a política era melhor no passado. "Tudo se encaixa no seu tempo. Só tenho a convicção, a crença plena, de que a poesia me basta``.

EXTRAÍDO DA COLUNA DA SONIA PINHEIRO
JORNAL O POVO - EDIÇÃO do dia 09.11.2009

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