SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

domingo, 1 de agosto de 2010

CASO BRUCE



ARTIGO

" BALA SEM RUMO "

OPOVO – Opinião

" Claro que houve despreparo do Ronda. Num certo sentido, esse episódio vem revelar, com todas as cores, que a opção do atual Governo, em priorizar o puramente material – possantes carros, poderosas armas, sistema de comunicação hightech – vale pouco nas mãos de pessoas que não foram devidamente treinadas e habilitadas. A improvisação gera uma fatura muito alta.

Mas, essa política é a mesma que – no afã de mostrar desempenho e criar simulacros – constrói prédios para novas escolas, mas não sabe de onde virão os recursos de manutenção ou como serão pagos os professores para fazê-las funcionar. Das instalações de novos centros de saúde e hospitais, sem viabilizar a contratação de uma qualificada equipe de saúde. Na verdade, o professor e o médico, têm mais a ver com a educação e a saúde do que majestosas instalações e modernos equipamentos. Uma coisa é ter a ferramenta e outra, bem distinta, é saber quem vai monitorar essas ferramentas, com qual habilidade e desempenho. Boas ferramentas em mãos pouco adestradas geram desperdícios e provocam desastres…

Porém, nesse episódio, o mais grave é a dimensão ética. Por que um policial pode atirar? O que o motiva a disparar uma arma? No caso específico, foi o fato de sua autoridade não ter sido supostamente obedecida. O motoqueiro não parou. Significa que contrariar a autoridade policial é um fato superior ao direito de viver. A tal desobediência é algo mais grave do que executar sumariamente uma vida. O problema não é apenas saber atirar, mas por que atirar?

Esse comportamento se inscreve na mesma lógica do ladrão que elimina a pessoa para tomar o dinheiro. Determina-se, nesse ato, que a grana vale mais do que a vida. Comprou a droga e não pagou, mata. A raiva do marido contrariado justifica ele poder eliminar a esposa… Nessa lógica, reinauguramos a barbárie.

Precisamos repensar, com muita serenidade, com quais valores desejamos construir nossa sociedade."


Antônio Mourão Cavalcante – Médico e professor universitário
a_mourao@hotmail.com

http://blog.opovo.com.br/blogdomourao/

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