SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ NA UTI

" MINISTÉRIO PÚBLICO promete apurar situação do São José "

                              
" SUPERLOTAÇÃO "


" MINISTÉRIO PÚBLICO promete apurar situação do São José "



" Pacientes em macas: representantes de entidades alertam para a gravidade da situação no hospital especializado em doenças infecto-contagiosas. A Sesa reconhece o problema "


" OAB-CE exige a garantia do acesso da população à saúde e ameaça impetrar medida judicial "


" A promotora de Justiça de Defesa da Saúde Pública do Estado do Ceará, Isabel Porto, prometeu que irá instaurar um procedimento para analisar a situação do Hospital São José junto as secretarias de Saúde do Estado e do Município de Fortaleza.

O Diário do Nordeste mostrou, com exclusividade, na edição de ontem, a crise pela qual a unidade está passando. Devido à lotação e à falta de leitos, pacientes que procuram atendimento médico no local são acomodados nos corredores. O problema é agravado pelo fato de o hospital ser referência em doenças infecto-contagiosas, como a meningite e a tuberculose.

"O caso do São José é ainda mais complicado, porque os pacientes com estes tipos de patologias não podem ser transferidos para qualquer unidade. Portanto, iremos cobrar uma solução dos gestores estadual e municipal", declara Isabel Porto.

Apesar da promessa da promotora de Justiça, Ricardo Madeiro, presidente da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará, (OAB-CE), afirma que, caso o cenário de descaso continue, a entidade cobrará providências imediatas do Ministério Público para que a população tenha garantido o acesso à saúde.

"O sistema no Ceará está estrangulado, não está preparado para eventos adversos, como uma epidemia de dengue. Notamos que nenhuma medida efetiva emergencial está sendo tomada para resolver este fato, desta forma iremos em busca de uma medida judicial cabível que garanta o direito à saúde previsto na Constituição", enfatiza.

Gravidade

Para Madeiro, o Estado vem se preocupando com ações preventivas de médio e longo prazo, como a inauguração de novos hospitais. Contudo, esquece da importância dos atos de curto prazo, os quais atenderiam os pacientes que hoje enfrentam todos estes problemas.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes, o que se vê no Hospital São José está incluido dentro de um contexto geral, porém a situação da unidade se torna mais complicada por conta das doenças contagiosas. "A condição do São José é gravíssima. É lamentável a realidade dos hospitais públicos cearenses. Falta médicos, leitos e investimentos", diz.

Solução

Pontes afirma que a saída para estes problemas seria um maior financiamento para o setor. "O que acontece hoje é um subfinanciamento da saúde. É uma crise que fica mais difícil a cada ano. O dinheiro que vem sendo investido não acompanha o desenvolvimento econômico".

Conforme o titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Arruda Bastos, a situação do São José foi agravada pelo fechamento de 30% dos leitos do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Bastos informou que a responsabilidade pela regulamentação de leitos em Fortaleza é da Prefeitura, já que ela é a gestora do SUS na cidade. O secretario não comentou, especificamente, sobre a situação do São José.

DIFICULDADES

Remanejo é "desafio diário"

Hospital referência em doenças infecto-contagiosas, o São José acumula dificuldades, que se agravam devido as especificidades das patologias dos pacientes que o procuram. Na unidade, os casos mais comuns são as infecções respiratórias, porém os mais preocupantes e que exigem mais cuidado são a meningite e a tuberculose.

De acordo com a infectologista e médica do local, Mariana Mota, nesta época do ano, a demanda aumenta consideravelmente, ocorrendo superlotação nos hospitais da cidade. Assim, por conta da própria estrutura física e pela falta de leitos e profissionais do São José, explica, os pacientes que apresentam os mais diversos sintomas são atendidos nos corredores.


Riscos


"Remanejar os pacientes é um desafio diário. Tentamos separar, mas nem sempre é possível. Não tem lugar onde colocá-los".

Mariana Mota conta que é bastante perigoso o contato de um paciente apenas com uma virose, por exemplo, com aquele que está com uma tuberculose. Contudo, são os portadores do HIV e com calazar que mais preocupam, já que o sistema imunológico dos mesmos são bastante fragilizados.

"Tentamos, pelo menos, separar os que chegam com suspeita de meningite, mas a situação é preocupante. É quase um pedido de socorro. Os pacientes merecem, no mínimo, um lugar decente para serem atendidos sem contrair uma outra doença", destaca a infectologista."


JÉSSICA PETRUCCI
REPÓRTER


FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=930820

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