domingo, 16 de outubro de 2011

CENTRO CULTURAL DRAGÃO DO MAR A ESPERA DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS

FOTO: FOTO: WALESKA SANTIAGO  -  DIÁRIO DO NORDESTE
" Um dos principais espaços culturais do Estado, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é alvo de
críticas de artistas locais. Produtores reclamam das dificuldades para ocupar os espaços "





" CRÍTICAS "


" Dragão sem fogo "


" Principal equipamento de fomento cultural no Estado, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura tem seu funcionamento limitado, com quase nenhuma atividade formativa e difusão quase restrita a iniciativas externas. Artistas reclamam da falta de diálogo e dificuldade no acesso aos espaços para apresentações "


" O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é hoje uma referência nacional quando se fala na cidade de Fortaleza, sendo um dos principais pontos de visitação turística da Capital. É nele e em sua vizinhança que se concentram grande parte das ações culturais da cidade, a exemplo da Bienal de Dança, da Feira da Música, atualmente a Casa Cor, além de receber seminários, peças teatrais, exposições, etc. São pelo menos 4,5 milhões de visitantes e 8,5 mil eventos realizados entre 2007 e 2010.

A movimentação cultural e a circulação de pessoas em números absolutos escondem, porém, uma realidade um tanto diferente: um centro cultural que pouco investe em formação continuada, com ações de difusão limitadas à um edital de ocupação insipiente e com uma programação em grande parte promovidas por outros atores culturais. Artistas locais reclamam ainda do pouco diálogo e do ociosidade dos espaços na maior parte da semana. O público concentra-se nas noites e nos finais de semana, e em grande parte frequentam apenas bares, restaurantes e boates do entorno, em detrimento das atividades culturais.


Território vasto

O equipamento cultural conta com 30 mil m² de área construída, dois museus, anfiteatro, teatro, auditório, planetário, cinemas, duas praças entremeando sua estrutura além de um vasto espaço aberto e possível às mais diversas ocupações. O que era para ser o dinamizador da produção cultural cearense - e que sob alguns aspectos teve sucesso - corre o risco de cair na inércia que paira hoje sobre a política cultural do Governo do Estado do Ceará.

À parte as imagens que são vendidas aos turistas e para quem circula de passagem pelo CDMAC, sob o crivo dos artistas e produtores culturais, muito se tem a dizer sobre esta realidade do centro cultural. O músico e produtor Isaac Cândido aponta questões como a falta de divulgação para quem frequenta o espaço, mas não participa da programação. "Quem está no entorno não está sabendo o que está acontecendo no Dragão do Mar. A maioria dos espetáculos estão tendo problemas em relação a público", aponta.

Isaac reclama ainda das poucas iniciativas promovidas pelo próprio centro cultural e da falta de incentivo aos artistas locais. "Antes, (o CDMAC) fazia parcerias, dando estrutura e dividindo a bilheteria de um show com o artista, por exemplo. Hoje, faz projeto com cachê pequeno, sem som e sem estrutura", reclama.

Entre os entraves, ele aponta a cobrança de altas taxas de ocupação dos espaços do Centro. "O anfiteatro está impossível (de se utilizar), hoje em dia. A não ser que você faça projeto com lei de incentivo ou tenha patrocínio. É uma pauta cara e você ainda tem que alugar luz e som", diz.

Segundo informações do próprio CDAMC, atualmente, a pauta do espaço custa R$ 1,2 mil, sem equipamentos de som e de iluminação, como destacou Isaac. A pauta do palco nobre do centenário Theatro José de Alencar, outro equipamento cultural vinculado ao Governo do Estado, tem um preço especial para os artistas locais. Sai por R$ 698, acompanhando som e luz.


Teatro

A mesma linha crítica segue o ator e diretor de teatro Silvério Pereira. "Especificamente esse ano, (o CDMAC) tem passado pelo mesmo problema dos outros equipamentos, que é a não presença da Secretaria da Cultura. Há algum tempo, o que mais falta é dar abertura para artistas ocuparem os espaços, seja com ensaio, experimentações, pesquisa. O Dragão não esta aberto para os artistas", critica Silvério, taxativo.

Tomando por exemplo os editais de ocupação promovidos anualmente pelo Dragão do Mar, segundo Silvério, os cachês estão congelados, em R$500 por apresentação, há, pelo menos, quatro anos. "O equipamento por si só é grandioso e maravilhoso. Mas aparentemente é mais privado do que público", lamenta. "


FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE - CADERNO 3
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1056723


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POLÍTICAS PÚBLICAS




" Desafio da retomada "


FOTO: WALESKA SANTIAGO  -  DIÁRIO DO NORDESTE


" Para os ex-gestores da Secretaria da Cultura do Estado que atuaram na implementação do Dragão do Mar, o equipamento deixou de lado trabalho de formação "


" Dos três pilares que sustentam a política pública do Dragão do Mar, a difusão ganha mais evidência. Para ex- gestores da cultura do Estado, o centro precisa retomar as ações de fomento e formação

O equipamento, por meio do nome, presta uma homenagem a Chico da Matilde (1839 - 1914), jangadeiro apelidado de Dragão do Mar. Um homem que figura na história do Ceará pela luta em favor da liberdade dos escravos. Ideais abolicionistas à parte, Chico da Matilde ou Francisco José do Nascimento, como fora batizado, era um cearense de fibra, que construiu sua trajetória em torno da superação das adversidades.

Ao centro cultural falta exatamente esse aspecto combativo. Seja para resistir às intempéries do tempo e da natureza, que desgastam sua feição física, ou para reinventar sua proposta política e cultural de forma que deixe de ser um espaço apenas para consumo de produtos culturais - em baixa, diga-se de passagem - para se tornar realmente um motor de fomento às artes locais.


FOTO: WALESKA SANTIAGO - DIÁRIO DO NORDESTE



O Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura já surge em meio à polêmica, descrédito e promessas. Com projeto arquitetônico de Fausto Nilo e Delberg Ponce de Leon, o CDMAC começou a ser construído em 1994, ainda no governo de Ciro Gomes, que tinha como secretário de Cultura o sociólogo e jornalista Paulo Linhares. A inauguração do complexo cultural, ainda em regime experimental, aconteceu no dia 7 de agosto de 1998, sob a guarda de Tasso Jereissati e do secretário da Cultura do Estado, o jornalista Nilton Almeida.

A abertura oficial do lugar só foi realizada em 28 de abril de 1999, quando todos os espaços culturais e comerciais já estavam concluídos e prontos para receber o público.

Envolto em uma atmosfera de modernidade que estava para além das linhas arquitetônicas do prédio, o Dragão do Mar chegou a ser comparado ao Memorial da América Latina (SP) e a outros complexos culturais internacionais. Afinal, foi nas grandes cidades do Brasil e do mundo que os arquitetos foram buscar inspiração para traçar um projeto que une elementos universais e da cultura regional e que foi taxado de "ousado", pelos admiradores, e "equivocado", pelos opositores.

A monumentalidade estrutural fez do complexo um ícone da cidade. Contudo, mesmo ostentando relativo poder simbólico e estando calcado no imaginário de visitantes e fortalezenses, o aparelho, na opinião dos sujeitos da cena cultural, parece ter entrado em um estágio de letargia, de inércia, precisando não somente de reparos físicos, mas de arranjos de gestão, na esfera micro, e da retomada do direcionamento da política pública cultural num sentido macro.

"O projeto do Centro Cultural Dragão do Mar se insere numa política cultural. Essa política tinha três eixos: formação, difusão e incentivo à criação. O Dragão era um equipamento de difusão, mas que estava conectado aos dois outros eixos. Para a formação, tinha o Instituto Dragão do Mar, que foi extinto; e o incentivo à criação era o sistema de financiamento da cultura", lembra o ex-secretário de cultura Paulo Linhares.

O ponto forte do Dragão sempre foi a difusão de produções culturais. Teatro, cinema, dança e artes plásticas formam o chamariz da casa que, ao longo de sua trajetória, já contou com a inesquecível exposição de obras de Auguste Rodin, realizada no ano 2000; com shows de artistas locais e com projeção nacional, como Fagner, sem contar eventos da cena alternativa musical de Fortaleza, como ForCaos e Ponto.Ce e ainda a exibição de filmes nacionais, característica das suas salas de projeção. No entanto, o que se verifica é certo declínio dessa programação mesmo com uma frequência de público estimada em 4,5 milhões de pessoas, entre os anos de 2007 a 2010.

O equipamento, na opinião de quem foi responsável por sua implementação, está deixando a desejar. "Ele era um equipamento da política de difusão. Ele foi pensado, então, para não ser um mero receptor de projetos embalados. Ele tinha como primeira função ser a porta de entrada pelo Nordeste das relações internacionais em cultura. Segundo, ele deveria ser um centro de criação do Ceará. Mas ele perdeu isso. De vez em quando, cria algumas coisas originais, mas ficou preso na difusão do que já tem", avalia Linhares.


Parcerias

O atual diretor do Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp) é enfático ao destacar que o Dragão do Mar é a vitrine cultural do Estado e alerta para a necessidade de uma política pública sólida, que possa atrair parcerias.

Mas, para que isso se concretize, afirma ser necessário que este deixe de ser apenas um centro de difusão e fortaleça sua vertente de produção cultural. Linha de atuação esta que, em seus primórdios, foi trabalhada por meio da parceria com o Instituto Dragão do Mar, que oferecia um leque de cursos na área de imagem e audiovisual, e hoje se restringe às ações do Núcleo de Formação, no formato de oficinas, workshops e cursos gratuitos em diferentes áreas.

Na opinião de Nilton Almeida, ex-secretário de cultura da gestão Tasso, porém, o papel do Dragão não é mais de formar profissionais/artistas, mas sim de formar plateias. "A universidade já incorporou muito o que o Instituto fazia. O grande trabalho de formação hoje do Dragão é de público, para preparar pessoas para consumir esses bens culturais", avalia.

A estratégia de formação de plateia fica visível na história do equipamento com a gratuidade ou cobrança de entradas com valores quase simbólicos. Maneira essa encontrada para abrir, literalmente, as portas dos diferentes espaços do centro para a entrada de um público composto, ainda nos idos de 2002, por turistas, estudantes de escolas públicas e comunidades de baixa renda. Hoje, o público que entra no Dragão é composto em 91% por não turistas, homens, em sua maioria com ensino médio completo ou superior incompleto. A faixa etária que predomina é de 19 a 25 anos. Dados que dão pistas da direção para qual as atrações do lugar se direcionam.

Inovação

Em se tratando de solidez, o que Paulo Linhares e também Nilton Almeida destacam, de perene e forte, na administração do Dragão, é o modelo de gestão. "O Ceará foi o primeiro Estado a adotar o modelo de uma organização social para a gestão de um equipamento cultural. O Dragão não quebrou ainda porque a gestão é ágil e rápida, mas ele não consegue sobreviver só com isso, sem uma política", reforça Paulo Linhares.

A gestão por meio do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), uma organização social com três diretores que hoje administra ainda o Centro Cultural Bom Jardim e a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, foi um aspecto inovador da administração pública à época, na avaliação de seus ex-gestores.

A primeira direção do IACC foi assumida por Pádua Araújo, Elisa Gunther e Cláudio Pereira. "O Centro, naquele período, tinha um administrador que foi escolhido a dedo. O Pádua veio do Banco do Nordeste, tinha uma experiência de gestão de pessoas. E esse trânsito entre os artistas, era uma coisa que ele não tinha e que era alvo de críticas. Mas em termos de gestão, era uma pessoa que tinha maturidade. Era a pessoa que, do ponto de vista da formação técnica, estava preparado para isso", relembra Nilton Almeida.

O jornalista acrescenta ainda a rigidez no cumprimento do contrato de gestão. "Não há como manter uma estrutura grande, se o contrato de gestão não for rigorosamente cumprido. Ele é um contrato rigoroso, que exige muita atenção, cautela e responsabilidade. A parte mais complexa é gerir os conflitos: artistas que querem expor, grupos de teatro que querem espaço e você tem que conciliar a gestão financeira com a demanda do espaço que é da cidade. Isso faz parte do processo", observa. Para além dos meandros técnicos da administração de recursos humanos, de infraestrutura e de conflitos de interesses, a organização social que dá sustentação gerencial ao centro cultural tem como missão democratizar o acesso à cultura, fazendo o Dragão funcionar como lugar de pensamento, pesquisa, memória e criação. Objetivos esses que remetem, novamente, à construção de uma programação ampla e aberta.

"A programação não pode ficar amarrada, engessada nas pressões, porque senão você corre o risco de fazer programação para grupinhos. Mas tem que se ter um tipo de programação que tenha atração para um público grande, porque é assim que você vai formando público", conclui Nilton Almeida.


O QUE ELES PENSAM

Importância permanece apesar de problemas

Frequento mais a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel por conta das minhas pesquisas. Vou ao Sobrado Dr. José Lourenço também, mas a programação do Dragão do Mar, na atualidade, não me atrai. O fato é que o descenso é claro. Talvez, haja necessidade de se chamar os agentes culturais para se tentar uma discussão. Falta diálogo também entre o Dragão e os outros equipamentos culturais da cidade.

Nilton Almeida - jornalista e ex-secretário da Cultura


Frequento demais o Dragão do Mar. A Praia de Iracema é o coração e a cabeça da cidade. Ele também foi pensado como uma obra de urbanismo, um referencial para recuperar aquela região degradada. Imagina só se não tivesse o Dragão ali, estaria bem pior. O entorno está indo e o Dragão é uma obra irreversível. A qualidade dela permanece.


Paulo Linhares - sociólogo, presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp) e ex-secretário da Cultura


Frequento, mas pouco, pelo meu estágio de vida, pois tenho hábito de leitura muito intenso, trabalho aos domingos, sou cancioneiro e escrevo letras de madrugada, a razão é essa. Mas sempre vou lá com amigos visitantes, sozinho com minha mulher e vou também por necessidade de monitorar a reação do público com ele e tenho descoberto coisas maravilhosas e problemas também.

Fausto Nilo - Compositor, arquiteto e autor do projeto do CDMAC "


FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE  -  CADERNO 3
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1056738

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falAÇÃO

A CULTURA NÃO É PRIORIDADE
NESSE ESTADO.
PARA O ESPORTE
NÃO FALTAM RECURSOS...
SÓ PARA O CASTELÃO...
NÃO SOU CONTRA O ESPORTE,
MAS DEVE EXISTIR JUSTIÇA
NA APLICAÇÃO DO
DINHEIRO DO POVO !!!!

AINDA TEM O AQUÁRIO !!!

PEIXES OU LIVROS,
TEATRO,
DANÇA,
CINEMA,
CULTURA ????

EDUCAÇÃO ??????

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