Foto de divulgação do projeto do Acquario Ceará, que será instalado na Praia de Iracema em Fortaleza (CE) |
" Enquanto o Ceará sofre um dos períodos mais crueis de
seca de todos os tempos, Governo do Estado investe R$ 285,7 milhões em
aquário "
Fotos: Reprodução
Foto: Quem dera ser um peixe
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ARTIGO
MANIFESTAÇÕES
10/09/2013
" Aquário, remoções e exclusão "
Igor Moreira
igormoreirap@gmail.com
Militante do Movimento dos Conselhos Populares (MCP)
" Neste ano, o Grito dos Excluídos de Fortaleza aconteceu na Praia de Iracema, ao lado da obra do Aquário. Por que o povo de Fortaleza grita contra o Aquário?
Primeiro, pelo direito a decidir sobre quais investimentos e projetos são prioridades para a Cidade. Chega de assistir aos recursos públicos aplicados de acordo com os interesses dos grupos econômicos que exploram a Cidade, principalmente os mercados imobiliário e turístico. Essa lógica do capital controla os governos e concentra investimentos públicos em determinadas áreas, enquanto o resto sofre com a falta de infraestrutura urbana e social. Enquanto falta saneamento básico, bairros sem água, postos de saúde sem funcionar, o governo decide gastar R$ 280 milhões numa obra em que os empresários do setor turístico obterão, sem ônus, um plus no produto que vendem: a “Fortaleza turística”.
Enquanto o governo impõe o projeto ao arrepio da lei e da vontade popular, a comunidade do Poço da Draga, ao lado da obra, sofre com a ameaça de remoção. Centenária, a comunidade nunca recebeu saneamento básico nem regularização fundiária. Por isso, teme, já que o Estado insiste em manter a comunidade em condição de precariedade para mais fácil removê-la. A remoção significa a destruição de um tecido social que ampara as pessoas. Ao destruir essas relações e suportes comunitários, a remoção vulnerabiliza a situação das famílias. A juventude fica mais exposta às violências que tendem a aumentar nos novos territórios. O drama das remoções e despejos se espalha por Fortaleza.
O Aquário é um projeto concentrador de riquezas e socialmente excludente. Por isso, não foi discutido com os moradores da área. Por outro lado, moradores do Poço da Draga e da Praia de Iracema vêm empreendendo uma série de iniciativas que integram diferentes setores sociais do bairro e da Cidade no espaço da Ponte Velha, valorizando-o. Enquanto o Aquário aumentará a segregação da comunidade e desse espaço histórico de Fortaleza, os moradores querem projetos e iniciativas que integrem esse território ao conjunto da Praia de Iracema.
O povo grita contra o Aquário porque quer uma cidade que seja planejada e desenvolvida a partir das reais prioridades, que devem ser definidas com verdadeira participação popular – na contramão, a Prefeitura não instaura o Conselho das Cidades e os Conselhos Gestores das Zeis (inclusive Poço da Draga, mas também Serviluz, Lagamar, Pici, Bom Jardim e outros). Uma cidade onde o fim da exclusão seja a meta a ser atingida, onde nossos jovens sejam plenos em sua criatividade e energia, e não presos, exterminados ou, junto com suas famílias, despejados de suas casas pelo poder da especulação imobiliária."
FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/09/10/noticiasjornalopiniao,3126642/aquario-remocoes-e-exclusao.shtml
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