segunda-feira, 9 de setembro de 2013

" NOTÍCIAS COM HUMOR "



CHARGE: SINFRÔNIO  -  DIÁRIO DO NORDESTE


" Responsáveis por dar o toque de sarcasmo nos fatos, as charges imprimem, de forma jocosa, as manchetes "

"Sinfrônio, chargista do Diário do Nordeste, já teve seus trabalhos repercutidos nacional e internacionalmente. Com mais de 40 anos de experiência, considera que vencer nessa arte ainda é tarefa difícil, por conta do mercado restrito
Charge é um tipo de ilustração que tem por finalidade satirizar, através de uma caricatura, algum acontecimento atual. A palavra, de origem francesa, remonta ao fim do século XIX, significa carga, ou seja, exagera traços de alguém ou de algo para torná-lo grotesco. A maioria dos chargistas conhecidos são do sexo masculino e uma das únicas mulheres que se aventuraram a produzir charges foi Nair de Tefé, pintora, cantora, atriz, pianista e primeira-dama do Brasil de 1913 a 1914, esposa do presidente Hermes da Fonseca.

No Brasil, vários nomes se destacaram, como Angeli, com seu humor anárquico e urbano, especialmente a partir dos anos 1980; Ziraldo, que começou com as charges, antes de criar o seu Menino Maluquinho e outros que conseguiram reconhecimento nos últimos anos, como Maurício Ricardo, que teve vários de seus trabalhos publicados nos programas Mais Você e Big Brother Brasil.

O Ceará também tem grandes chargistas. Um dos pioneiros foi José Raimundo Costa, responsável por revelar o atual chargista do Diário do Nordeste, Sinfrônio, em 1975. Desde essa época, Sinfrônio tem conseguido repercussão nacional e até internacional com seus desenhos. "Vários trabalhos causaram ´frisson´. Não sei dizer qual deles gerou maior repercussão, mas certamente estes deram muito o que falar: a charge do Geisel com o Adauto, a do poste da mãe da prefeita, a do Hugo Chavez se tratando em Cuba (essa deu a volta ao mundo), a dos médicos cubanos, a do bufê do Abolição, e muitas outras", destaca.

Maurício Silva, chargista da coluna de Neno Cavalcante, tira sua inspiração das notícias e do espírito moleque do povo do Ceará: "Cearense é bicho gozador", afirma

Inspiração
A rotina desses profissionais inclui muita leitura, mas também tem a "ajuda" valiosa do espírito moleque dos cearenses, no caso de Sinfrônio e Maurício Silva, que atuam no Estado. "Ninguém é chargista 24 horas. Basta ficar atento para as notícias, as presepadas dos políticos, o bom humor das ruas. É só pinçar as coisas engraçadas. A maioria das piadas já vem prontas. Cearense é bicho gozador", garante Maurício Silva, que produz as charges da coluna É..., publicada por Neno Cavalcante, diariamente, no Caderno 3, do Diário do Nordeste.

Para Sinfrônio, a colaboração dos políticos é extremamente importante. "A rotina básica é ler tudo que lhe cair nas mãos, até receita de bolo. Eu particularmente começo o dia lendo os jornais locais e em seguida (santa internet) os principais do País. Mas devo dizer que em questão de material de trabalho estamos sendo muito bem municiados pelos nossos políticos, que são grandes ´colaboradores´", afirma.

Indagado sobre o porquê de a presença feminina ser tão incipiente entre os chargistas, Maurício Silva culpa a falta de retorno financeiro. "Sem machismos ou preconceito, não dá pra ganhar muito dinheiro. É tanto que elas estão focadas em outros segmentos mais rentáveis como moda, beleza, cargos na Petrobras, presidência do País. Nair de Tefé foi a primeira mulher cartunista, não deu bom exemplo, já que depois dela poucas apareceram para quebrar este estigma que charge é coisa de macho".

Já Sinfrônio as incentiva a ingressarem nesse ramo. "Com certeza, a charge ganharia em charme e sutileza se as mulheres também invadissem nosso território. Vamos fazer campanha para que as mulheres, além de amor, façam humor. Aí poderemos dizer: ´amor com humor, se paga´".

Klévisson Viana, após passar por jornais, tem trabalhado mais com ilustração de livros e com charges para publicações de sindicatos e associações

"Feiura é fundamental"

Para ambos, as pessoas bonitas sempre são mais difíceis de reproduzir nas caricaturas. "As feias praticamente já são uma caricatura. É por isso que o maior drama do caricaturista é desenhar mulher bonita. As bonitas que me perdoem, mas a feiura é fundamental...na caricatura!", ressalta Sinfrônio.

A respeito do mercado de trabalho, tanto Maurício Silva, quanto Sinfrônio concordam que é bem restrito. "O que tem de moleque bom de traço por aí não está no gibi. Só que o mercado é um ovo. Os quatro jornais todos têm os seus titulares que não abrem nem pro trem. O jeito é ir para a mídia alternativa, internet", expõe Maurício.

Livros

Klévisson Viana, cearense de Canindé, encontrou na ilustração de livros um caminho promissor para expor sua arte. Após atuar por alguns anos em jornais, Klévisson optou pelo mercado editorial e charges de publicações de sindicatos e associações. "Hoje, trabalho para diversas editoras nacionais e até do exterior. Um livro que gasto, em média, duas semanas para ilustrá-lo, me remunera para o mês inteiro. Sem contar que a ilustração de livro não é uma obra efêmera como a charge. A ilustração de livro se eterniza nas escolas, nas estantes, nas grandes bibliotecas, e por esse lado é muito mais gratificante".


FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1315345

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