" Aos 68 anos, Maria Izaíra Silvino Moraes é uma menina ainda. Nas vivências que acumulou não perdeu a timidez e a leveza guardadas no sorriso algo infantil. É assim que ela desvela as histórias que lhe compõem: entre uma gargalhada sapeca e as mãos cerradas, tensas.
Na tarde da última quarta-feira, entre as pisadas altivas da gata Turquesa sobre a mesa onde a conversa fluía, música foi o mote para descobrir a vida de Izaíra. Tutuca, como chama carinhosamente o bichano, teria de esperar pelo carinho exigido.
Era preciso, primeiro, contar de quando ganhou seu primeiro cachê por causa da música: um relógio de ouro prometido pelo pai que desafiou a menina nos seus 5 anos a reproduzir um chorinho ouvido por ele. Ante a provocação, Izaíra correu para a professora de bandolim que havia em Iguatu, onde morava naqueles tempos, e três meses depois, lá estava ela, mostrando ao genitor o que aprendera.
Acertou o chorinho e ganhou o pagamento. Desde então, não parou mais de bulir no instrumento. “A mamãe me botava pra tocar bandolim pra quem chegasse lá em casa, e eu acostumei a ser muito apresentada. Adorava tocar pro povo aplaudir. Daí pra ficar gaiata foi num minuto”, desmancha-se num riso faceiro. E ressalva, em seguida: “eu sou danada, mas sou tímida”.
Primeiros estudos
De família numerosa, só de irmãos tinha onze, pôde se dedicar aos estudos de música graças ao maestro Orlando Leite. Ao ouvir a chorona de 11 anos desfiando o bandolim na Casa de Juvenal Galeno ele a convidou para uma audição no Conservatório Alberto Nepomuceno.
“Perguntei logo: é pago? Ele disse: é. Aí falei que meu pai tinha muito filho e não podia pagar conservatório. Mas ele disse: vá lá”, conta ela, que foi e ganhou uma bolsa até que entrasse na universidade. “Ele que me deu a possibilidade de ser estudiosa de música”, diz.
No Conservatório, trocou o bandolim por outro instrumento, ainda mais exigente. “Violino é pior que marido ciumento”, compara, enfatizando a necessidade da prática constante.
Sem curso superior de música na Cidade, Izaíra cursou Direito na UFC, para só depois ingressar no curso criado pelo mesmo conservatório em parceria com a Universidade.
A regência
Após o curso, movida por uma curiosidade sobre a cultura popular, Izaíra mudou-se para o Crato. Lá conheceu Padre Ágio Moreira e seu projeto de música numa pequena comunidade. Foi quando teve a primeira experiência como regente. Missão que, segundo o sacerdote, seria destino de Izaíra, que deveria continuar a obra iniciada por ele. Ao menos essa teria sido a revelação feita pelo Espírito Santo. “Aí eu disse que o Espírito Santo não tinha acertado porque eu queria casar e ter filho, e lá não ia conseguir arranjar marido”, conta, sempre sorrindo. No entanto, ainda hoje, é para lá que Izaíra vai uma vez por ano, cumprir a tarefa divina.
Ainda por causa do violino, foi ao Rio Grande do Norte fazer um curso. Queria voltar a tocar em orquestra, mas por acaso, num dia em que seu professor faltara, entrou numa aula de regência e foi empurrada para a frente dos músicos. Samuel Kerr, o maestro, apontou ali a verdadeira vocação de Izaíra. O marido ciumento que se conformasse, acabava de perder a amada para a batuta. “Quando voltei pra Fortaleza, comecei a me enxerir como regente”, diz.
Assumiu o Coral da UFC e, “por escolha de ideologia musical”, resolveu que só cantariam música brasileira, nordestina em especial. Mais que isso: decidiu transformar as apresentações do coro em espetáculos. Foram quase dez anos à frente do Coral, que até hoje mantém o formato introduzido por Izaíra.
Hoje aposentada da Universidade, é assessora da Funarte e vive a viajar dando palestras sobre os movimentos e histórias que incluiu nos corais. Ainda dá aulas voluntariamente e escreve sobre educação e música - mas a paixão é reger. “Porque o regente não manda no coro, ele coordena sentimentos”, define, sábia como uma criança.
Quem
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A professora Izaíra Silvino, uma das responsáveis pelo movimento coralista nos anos 80, é a perfilada deste sábado. Os movimentos e as histórias que introduziu ao formato inovaram o interesse pelos corais na Cidade
Saiba mais
Tudo por meio da música
• Izaíra é casada com Didi Moraes há 31 anos. Segundo ela, foi “amor à primeira vista de cego”, já que o marido não enxerga. Logo que se conheceram, apresentados por um de seus alunos de coral, namoraram apenas dois meses e 26 dias.
• Entre os livros publicados por Izaíra, dois recentes versam sobre educação e música. Esmiuçando saberes de gente semente e Ah, se eu tivesse azas, ambos de 2011.
• Izaíra diz que gosta de tudo o que é bom, independente de gênero. Daí estarem entre seus artistas preferidos Janis Joplin, Jair Rodrigues e Antônio Nóbrega."
FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/colunas/geniosdaraca/2013/08/24/noticiasgeniosdaraca,3116303/izaira-silvino-a-menina-regente.shtml
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falAÇÃO
IZAÍRA SILVINO foi minha professora de Educação Artística, na Colégio Estadual Prof. João Hipólito de Azevedo e Sá - SALESIANO - PIEDADE.
GRAÇAS AO SEU TRABALHO E DEDICAÇÃO, ESCREVI MEUS PRIMEIROS VERSOS, ESCREVI LETRAS DE MÚSICAS E TEXTOS PARA TEATRO, POIS ANUALMENTE ELA REALIZAVA SEMANAS CULTURAIS, ONDE OS ESTUDANTES TINHAM A OPORTUNIDADE DE MOSTRAREM SEUS TALENTOS.
OBRIGADO IZAÍRA... VOCÊ É " CULPADA " PELA MINHA LOUCURA POR POESIA E PELAS ARTES...
AURIBERTO CAVALCANTE
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