sábado, 8 de setembro de 2012

O GRITO DOS EXCLUÍDOS EM FORTALEZA


" Manifestação "

" Grito dos Excluídos surpreende e acompanha desfile na Beira-Mar "



" Movimento acontecia na periferia da Capital, mas, neste ano, o grupo se colocou logo atrás da Cavalaria "
" Em sua 18ª edição, realizada na manhã de ontem, o Grito dos Excluídos de Fortaleza mudou o itinerário. Em vez de percorrer as ruas de bairros periféricos, tradicionalmente onde se concentra a maioria da população pobre da cidade, a organização escolheu acompanhar o desfile militar, um dos eventos oficiais mais importantes do calendário do País, na Avenida Beira-Mar, via conhecida como área nobre da Capital. Sem farda, nem artilharia, o grupo dos excluídos se colocou logo atrás da Cavalaria, última unidade a se apresentar no desfile militar."


" Com faixas, os manifestantes seguiram até o palanque das autoridades "


 Foto: José Leomar
" Na Praça do Cearte, na Avenida Santos Dumont, onde se concentraram até as 10h, as centenas de participantes receberam a visita de vários candidatos à Prefeitura de Fortaleza. Portando faixas e cartazes nos quais expressaram suas reivindicações, além de pronunciarem palavras de ordem como "queremos um Estado a serviço da Nação que garanta direitos a toda população", a mobilização dos excluídos seguiu pelas ruas de acesso à Beira-Mar, chamando a atenção dos moradores das imediações e das pessoas que estavam indo assistir ao desfile.

Jovens e adolescentes, que pediam por uma política de educação mais eficiente, pintaram seus rostos com as cores vermelho, azul, amarelo e branco, que representam os cinco continentes onde se concentra a Igreja Católica.

Legitimação

De acordo com os organizadores, a escolha por acompanhar a parada cívico-militar não se tratava de uma provocação, mas, como um evento de muita visibilidade, era uma forma de mostrar às autoridades a legitimidade das reivindicações de vários setores da sociedade que não se sentem contemplados com as políticas públicas desenvolvidas. "Queremos, com esta caminhada, acompanhando o desfile oficial, demonstrar o nosso patriotismo, que também somos brasileiros e que a caminhada seja reconhecida como legítima, sensibilize as autoridades, a população, e cada qual, em seus setores, promova justiça para os excluídos", explicou o padre Lino Allegri, da Pastoral do Povo da Rua e um dos organizadores do evento.

No entanto, a intenção dos organizadores de expressar as reivindicações para as autoridades presentes quase não se concretiza. Apesar de virem acompanhando a Cavalaria, o último grupo a se apresentar no desfile cívico-militar, quando entraram na Avenida Barão de Studart, já na esquina com a Avenida Beira-Mar, o grupo dos excluídos foi barrado por policiais da segurança do evento durante alguns minutos, o suficiente para distanciá-los da parada.

Depois, os manifestantes foram liberados e seguiram pela Av. Beira-Mar. Enquanto passava na via, o grupo se dirigiu ao surpreso público que assistia ao desfile em cadeiras improvisadas nas entradas de prédios residenciais e no Ideal Clube, falando sobre a razão do movimento e a necessidade de uma transformação social por meio de uma sociedade mais igualitária.

Reivindicações

A mobilização prosseguiu até o ponto onde estava o palanque das autoridades, em frente ao Náutico, mas já não encontraram mais ninguém.

Os representantes do Estado e do Município, logo após o desfile militar, se retiraram e não chegaram a presenciar o protesto dos excluídos.

"O que eles reivindicam é justo, não tiro a razão deles, mesmo no dia em que prestamos uma reverência ao País", comentava Francisco da Penha, vendedor ambulante. Sentimento que não foi compartilhado pelo comerciante paulista Carlos Siqueira, que está em férias na cidade. "Hoje é um dia especial, de alegria, de beleza, em que nos aflora um sentimento de amor à Pátria, não é o lugar nem o momento para este tipo de evento", disse o turista.

"O patriotismo não está somente em agitar bandeiras no Dia da Independência, mas lutar por um País mais justo, principalmente para os menos favorecidos, lutar pelos direitos que não estão sendo respeitados, por um modelo econômico que não crie mais exclusão", afirmou Josilene Braga, participante do Grito dos Excluídos.

"Meu grito é de indignação. Eu clamo por uma saúde de qualidade", afirmou a catequista da Paróquia Nossa Senhora de Salete, Elisa do Nascimento.

Organizado por Pastorais Sociais, comunidades eclesiais de base (CEBs) e Organismos da Arquidiocese de Fortaleza, em parceria com movimentos sociais e populares de Fortaleza, o Grito dos Excluídos é um evento nacional que se propõe a reivindicar direitos e justiça social para todos, em especial aos menos favorecidos, os ditos excluídos.

Cada diocese prepara o movimento conforme temas nacionais e locais. Na Capital, o Grito dos Excluídos deste ano teve como tema "Educação, Saúde, Moradia, Megaprojetos, Segurança Pública e Geração de Renda".

Cruzes fincadas contra a corrupção
Um grupo de manifestantes que integra o movimento Unidos Contra a Corrupção-Ceará (UCC-CE) resolveu fazer um ato de protesto diferenciado, ontem, colocando 190 cruzes na areia do Aterro da Praia de Iracema. Cada cruz, nas cores verde e amarela, simbolizava um ano de comemoração do 7 de Setembro, dia em que o Brasil festejou 190 anos de sua independência. No local, se realizou o desfile cívico-militar alusivo à data."


" A areia do Aterro da Praia de Iracema ganhou 190 cruzes nas cores verde e amarela, simbolizando cada ano de independência do Brasil "


Foto:JL Rosa
" Integrado em sua maioria por jovens estudantes, o UCC-CE apresentou faixas, cartazes, promoveu caminhada e roda de debate sobre, de acordo com eles, "a independência que o povo brasileiro deseja e merece".

"O Instituto Transparência Brasil divulgou pesquisa que revela que, a cada ano, R$ 85 bilhões de reais vão para a corrupção, recursos que poderiam ir para a saúde, educação, saneamento, segurança e moradia. A independência que o brasileiro quer é o de ver essas necessidades mencionadas sendo resolvidas, e que aqueles que roubam o dinheiro do povo sejam exemplarmente punidos", afirmou Francisco Teixeira Neto, um dos organizadores do UCC-CE.

Maria Clara Martins, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio, considerou importante esse tipo de mobilização. "Nós devemos ser agentes de mudanças. O povo passivo se constitui na principal arma da corrupção. Vamos ter senso crítico, nos unirmos e lutarmos contra os que utilizam a política como único meio de se auto favorecer", alertou Clara.

A jovem acrescenta ser a impunidade no País a responsável maior pela corrupção. "Os políticos sabem que não serão punidos e, por isso, agem como bem entendem", finalizou.

O estudante Paulo Victor, integrante do UCC-CE, afirmou que o objetivo da exposição das cruzes era despertar o questionamento dos cearenses que vieram acompanhar o desfile do 7 de Setembro para a real situação em que se encontra a Nação. "Nossa luta também é pelo voto consciente, que corresponde ao maior instrumento para modificação do quadro vigente", afirmou Victor.

A estudante Vivian Menezes, 16 anos, conta que ficou curiosa ao ver as cruzes. "Quando explicaram as razões do ato, não tive dúvidas em aderir e, com amigos, fiquei exibindo cartazes. É importante nossa participação, pois, com isso, estamos contribuindo para um País sem injustiças", acredita.

Organização

O UCC-CE, que se define como apartidário e sem ligações com qualquer sindicato, diz que seu foco é a moralização e a ética na política, sem desestabilizar nenhum governo, seja na esfera municipal, estadual ou federal, nem agredir pessoas.

Eles já promoveram três marchas em Fortaleza contra a corrupção (12 de outubro e 15 de novembro de 2011 e dia 21 de abril deste ano). Os participantes do movimentam articulam suas atividades por meio de redes sociais.

Protesto pede fim da violência
Outro protesto marcou as comemorações do 7 de Setembro. O grupo "Também já fui assaltado" chamou atenção para a falta de segurança em Fortaleza."



" O grupo "Também já fui assaltado" exige providências das autoridades contra a insegurança e pretende continuar fazendo mobilizações "


Foto: Alex Costa
" Portando faixas e vestindo camisetas com a frase "Também já fui assaltado", o grupo protestou em frente ao Náutico Atlético Cearense, nas proximidades do palanque armado para as autoridades que assistiam ao desfile cívico-militar.

A idealizadora do movimento, Fátima Sabóia, disse que o objetivo era mostrar a quantidade de pessoas que já foram vítimas de assalto na Capital cearense e exigir providências.

"Não temos um balanço que mostre quantas pessoas já compraram a camiseta. Mas pessoas não precisam adquirir a nossa camiseta, pois qualquer um pode fazer. É só usar uma blusa branca e mandar bordar a frase em letras de cor preta", acrescentou Fátima.

O movimento "Eu também já fui assaltado" deve continuar. No próximo dia 13 de outubro, os participantes vão fazer protesto durante a procissão da Nossa Senhora de Fátima."




FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1179004

Nenhum comentário:

Postar um comentário