domingo, 8 de julho de 2012

" REFINARIA VIRTUAL "

 
IMAGEM: http://mundomecanico.com.br/?p=381 
 
 
       
COLUNA

De Brasília

RANGEL CAVALCANTE
rangelcavalcante@uol.com.br

" Refinaria virtual "

" Já dissemos aqui várias vezes que essa refinaria da Petrobras prometida para o Ceará não passa de uma enrolada política que já dura quase 50 anos, atravessando todos os governos desde a implantação da ditadura militar. Quem primeiro pleiteou essa planta foi o governador Virgílio Távora, que obteve do então presidente Castello Branco a promessa da instalação de uma refinaria da Petrobras no Mucuripe. Foi na festa de inauguração da fábrica de asfalto da estatal em Fortaleza. Ninguém nos contou. Estávamos lá. Desde então, passado quase meio século, tudo continua na promessa. A questão é que desde Getúlio Vargas o único presidente que mandou na Petrobras foi o general Geisel. Mas nem ele, cutucado pelo governador Adauto Bezerra, com a ajuda de Humberto Barreto, então homem forte junto ao general, teve força para cumprir a promessa de Castello. E notem que nem mesmo durante a ditadura militar, quando tudo podia ser feito no arbítrio, por decreto, a coisa saiu. Nesse período tivemos dois cearenses à frente do Ministério das Minas e Energia. Mas nem Cesar Cals nem Vicente Fialho conseguiram romper a barreira que tornavam a Petrossauro - como a chamava Roberto Campos - impenetrável e tirar a refinaria da mera promessa. Fialho foi o único ministro que teve a coragem de demitir um presidente da Petrobras que tentou ignorar a condição de subordinado. Pois o quadro agora ainda é mais desfavorável aos cearenses. Temos hoje o quadro político mais fraco de todos os tempos, desde a redemocratização. O estado perdeu a força que tinha nos tempos em que seus principais líderes eram, na verdade, nomes nacionais, com poder de pressão sobre o governo federal. Tínhamos Virgilio Távora, Paulo Sarasate, Armando Falcão, Adahil Barreto, Flávio Marcílio, Olavo Oliveira, Martins Rodrigues e tantos outros nomes de grande expressão, que frequentavam com assiduidade o noticiário político nacional. Hoje estamos carente de nomes influentes, carência que se acentuou depois que os "cumpanheiros" chegaram ao poder e os interesses pessoais passaram a valer mais do que os dos cidadãos. O nosso quadro político ficou tão pobre que seus protagonistas hoje não aparecem nem nas páginas policiais. E não foi apenas o Ceará que perdeu força no cenário nacional. Foi o Nordeste todo. Portanto, vamos tirar o cavalo da chuva que essa refinaria vai continuar na promessa até que um dia a poderosa estatal considere que ela será vital para os seus negócios. Desunidos, brigando por questões paroquiais como hoje, jamais iremos conseguir coisa nenhuma no mostrengo do petróleo. Ela continua sendo virtual."




RANGEL CAVALCANTE


FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1157668&coluna=1

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