domingo, 28 de novembro de 2010

LEIA A COLUNA " DE BRASÍLIA " DO RANGEL CAVALCANTE, NO DIÁRIO DO NORDESTE

CHARGE: SINFRÔNIO





COLUNA

De Brasília


" A herança "


" Parece que a futura presidente da República não avaliou bem o espólio que vai receber a partir de janeiro. Do contrário não o chamaria de herança bendita. Na verdade, ela vai herdar coisas boas e ruins construídas ao longo de vários governos. Dona Dilma tem que tirar as lentes cor de rosa dos óculos e encarar a realidade. Ela recebe não apenas a herança de Lula, mas a de muitos outros ex-presidentes. O Brasil de hoje não foi construído nos oito anos de petismo. O nosso verdadeiro desenvolvimento começou com Getúlio Vargas. Veio JK com os 50 anos em 5.

Ao regime militar devemos grandes passos como a construção de Itaipu e as usinas nucleares. Sarney abriu os olhos do País para a irrigação e Collor iniciou a abertura da economia para o mundo. Itamar e FHC fincaram os alicerces da política econômico-financeira que nos permitiu, já sob Lula, enfrentar a recente crise das finanças do mundo. Essa é a parte bendita da herança. Mas o monte tem também o seu lado maldito. Ela recebe um Brasil sucateado.

A saúde pública, a educação, as rodovias, os portos, os aeroportos, a segurança pública estão em estado de calamidade. E a corrupção e impunidade atingiram níveis assustadores. O País paga R$ 525 milhões por dia (dava para construir 50 mil casas populares todo dia) em juros da dívida interna, que já beira os R$ 2 trilhões. Herda um País em que 70% da mão-de-obra nacional não têm qualificação para garantir o crescimento econômico sustentável. E é de 25% o índice de repetência no ensino médio. Temos ainda 14 milhões de analfabetos. Recebe um Estado que cultiva a cultura da esmola, do assistencialismo.

E que se orgulha de haver tirado 30 milhões de brasileiros da miséria, quando apenas escondeu essa miséria sob o tapete, dando dinheiro para que o miserável finja que se tornou num cidadão, sem perceber que se tirarem a esmola ele volta a ser miserável. Dona Dilma herda ainda a cultura da gastança e da liberalidade com o dinheiro público, irmã da corrupção e da impunidade.

E essa herança ela não recebe de Lula, mas de todos os governos passados. Vamos torcer para que ela deixe ao sucessor um legado melhor, nem bendito nem maldito, mas resultado de um governo honesto e produtivo. O que não será fácil, se governar com os mesmos quadros políticos do antecessor, onde se destacam os 300 picaretas."



FONTE:  DIÁRIO DO NORDESTE
COLUNA DO RAGEL CAVALCANTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=891926

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