sexta-feira, 26 de março de 2010

" A TROPA ESTÁ DOENTE "



Licença médica

" A tropa está doente.
Em média, 15 licenças médicas são concedidas por dia a policiais militares no Ceará. Como o efetivo é reduzido, o afastamento desses policiais acaba prejudicando o trabalho nas ruas..."


" Somente este ano, a Coordenadoria de Perícia Médica do Governo do Estado concedeu 1.146 licenças médicas a policiais militares no Ceará, uma média de 15 por dia. Os dados são de 1º de janeiro a 15 de março. A média é a mesma de 2009, quando foram concedidas 5.676 licenças. ``Nós trabalhamos com um efetivo pequeno. Esses afastamentos causam prejuízo na escala``, reconhece o major Marcus Costa, relações públicas da Polícia Militar (PM). O efetivo no Estado é de cerca de 15 mil policiais na ativa.

Para se ter ideia, somente na 1ª Companhia do 5º Batalhão da PM, o número de policiais militares de licença médica chega a 40, o que representa 10% do efetivo de cerca de 400 policiais. ``Fica difícil fechar a escala``, comenta o capitão Roberto Lima, subcomandante da Companhia. Os policiais de lá cobrem 14 bairros, entre eles Aldeota, Papicu, Dunas e Cidade 2000. Áreas que costumam registrar crimes violentos, como a tentativa de assalto à empresária Marcela Montenegro, 35, baleada no último dia 8.

Segundo o subcomandante, às vezes, é preciso recorrer a outras unidades da Polícia para fechar a escala. ``Geralmente, a gente repõe esse policiamento com o pessoal da Companhia de Eventos``, informa. O major Marcus Costa confirma que isso ``acontece muitas vezes``. Ele lembra que as companhias também costumam recorrer às unidades do Batalhão de Choque, como o Comando Tático Motorizado. ``O ideal é que a gente tivesse esse efetivo como um adicional e não para suprir uma lacuna``.

Escala
As licenças médicas são para um período de, no mínimo, quatro dias e de, no máximo, dois anos. ``A tropa está doente``, defende Oziel Liberato, um dos diretores da Associação de Cabos e Policiais Militares do Ceará. Ele acredita que a escala de trabalho compromete a saúde dos policiais. Muitos deles trabalham seis dias por semana e folgam um. ``São oito horas diárias e a folga é sempre no meio da semana. Fica difícil para o policial ter convívio familiar, social. Há um desgaste físico e psicológico``.

O presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, subtenente Pedro Queiroz, tem a mesma opinião. ``Muitas das doenças são psiquiátricas, como depressão e síndrome de pânico. A jornada de trabalho é desgastante. A qualidade do serviço cai de forma considerável e o policial termina doente``. Ele lembra que a profissão é estressante. ``O policial se submete a essa escala, mas acaba não aguentando``, diz.

E-MAIS

> A Licença para Tratamento de Saúde (LTS) é diferente do atestado médico. Esse último é para afastamento de até três dias e não precisa passar pela perícia médica.

> Cinquenta e dois policiais militares estão sendo investigados por crimes como falsificação de documentos e falsidade ideológica. Eles teriam apresentado atestados médicos forjados para não trabalhar no Carnaval.

> Ontem foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. Os policiais podem ser condenados à prisão comum e até ser excluídos da PM.

> Alguns policiais falam em greve branca. Uma das táticas é doar sangue no Hemoce. O ato dá direito a um atestado médico garantindo folga de 24 horas. O Hemoce não dispõe de dados sobre a quantidade de policiais que doam sangue.

SAIBA MAIS

LICENÇAS MÉDICAS
Em 2009
> Janeiro: 540
> Fevereiro: 557
> Março: 584
> Abril: 521
> Maio: 431
> Junho: 449
> Julho: 419
> Agosto: 413
> Setembro: 398
> Outubro: 469
> Novembro: 414
> Dezembro: 481

Em 2010
> Janeiro: 482
> Fevereiro: 420
> Março (até o dia 15): 244

Fonte: Perícia Médica do Governo."


JORNAL O POVOTiago Braga
tiagobraga@opovo.com.br
http://opovo.uol.com.br/opovo/fortaleza/966132.html


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NO CEARÁ NÃO É SÓ A TROPA QUE ESTÁ DOENTE... OS PROFESSORES, TODOS OS
SERVIDORES ESTÃO DOENTES... A PIOR DE TODAS AS DOENÇAS...
A BAIXA AUTOESTIMA, CAUSADA PELOS BAIXOS SALÁRIOS E A DESVALORIZAÇÃO
POR PARTE DO GOVERNO DO ESTADO.
A DEPRESSÃO, A DESMOTIVAÇÃO, A FALTA DE UMA ASSISTÊNCIA MÉDICA DE QUALIDADE,
AS INJUSTIÇAS PRATICADAS CONTRA OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS ESTADUAIS E TAMBÉM
AS PÉSSIMAS CONDIÇÕES DE TRABALHO TORNAM OS serviDORES PÚBLICOS DO ESTADO
DO CEARÁ VULNERÁVEIS A TODOS OS TIPOS DE DOENÇAS, ESPECIALMENTE AS
CAUSADAS POR PROBLEMAS PSICOLÓGICOS.

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