segunda-feira, 9 de novembro de 2009
" PROFESSOR: PROFISSÃO EM RISCO "
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"Professor: profissão em risco".
O falecimento da professora Suely Portes Zaperlão, ocorrido no último dia 17 de setembro deste ano, chamou a atenção da sociedade, em especial dos milhares de professores e funcionários da região de Londrina. Além do sentimento de tristeza e condolências, a atenção se deu pelas circunstâncias ocorridas anteriores ao triste fato. Após um desentendimento com uma mãe de aluna da escola em que atuava (a professora havia recolhido um vidro de álcool gel da estudante), a mesma foi convocada para uma reunião no Núcleo Regional de Educação. Voltou para casa e, no dia seguinte, amanheceu morta.
A partir daí várias especulações foram feitas: a professora teria se suicidado, desistido da vida em virtude da pressão do trabalho, entre outras. Os médicos declararam morte natural. No entanto, a resposta médica não calou a alma machucada e preocupada de milhares de educadores. Isto porque muitos de nós vimos na professora nossa imagem refletida no espelho.
Neste momento, seria leviano apontar responsáveis pela morte da professora. Culpar pessoas, procedimentos ou atitudes é envolver a situação com o véu apressado da ignorância. Porém, é preciso que se diga em alto e bom tom: A professora é mais uma vítima de um sistema de organização social que privilegia a competição, o individualismo, o lucro em detrimento da valorização do humano. É a lei do salve-se quem puder! Quem sabe nossos filhos possam viver no amanhã em uma sociedade organizada através da lógica da solidariedade, da valorização do humano, da partilha.
Repetimos, seria leviano apontar culpados. Pelo que se sabe, ela enfrentava um quadro antigo de depressão. A morte da filha foi um duro castigo. No entanto, não há como negar que a tensão vivida cotidianamente no exercício da profissão de educar de alguma maneira contribui para o agravamento do quadro de saúde da professora.
É assustador o número de professores afastados da sala de aula em virtude da exaustão profissional. Vários estudos apontam para um quadro de adoecimento dos educadores do país. As doenças de origem psicológica são as que mais afetam a categoria. O número de professores com depressão, com síndrome de burnout e com síndrome de pânico aumenta a cada dia. O trabalho do educador, embora importante e gratificante, se tornou por demais penoso. Infelizmente, a tensão passou a ser um dos componentes presentes no ato educativo. A exaustão emocional que anda de mãos dadas com o professor vai aos poucos destruindo o que de melhor nós temos: a esperança, através da educação, de construir um mundo melhor.
Algo precisa ser feito para alterar este quadro.
A sociedade e o poder público precisam olhar com mais atenção a situação em que vivem nossos educadores. Nossos mestres precisam ser respeitados. Vejamos o que está acontecendo em várias regiões do Estado no processo de reposição das aulas suspensas em virtude da gripe A. Mesmo após o Conselho Estadual de Educação ter dispensado a reposição dos dias mediante o cumprimento das 800 horas de aula exigidas pela LDB (o que garante o direito do aluno aos conteúdos), em muitas escolas a reposição se transformou em um castigo para o educador. Estes, já cansados pelos trabalhos que levam da escola para casa nos finais de semana, têm agora de trabalhar aos sábados até quase o final do ano, no nosso entendimento sem necessidade. Preocupada com a situação, a APP-Sindicato lançou, no mês de agosto deste ano, uma campanha estadual em defesa da saúde dos educadores. No próximo dia 15 de outubro, dia do professor, uma audiência pública na Assembleia Legislativa vai ser realizada para debater o tema.
Concluímos estas considerações lembrando um trecho de uma música do Chico Buarque: "Deixe em paz meu coração que ele é um poço até aqui de mágoa, e qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água".
Talvez a tensão do exercício profissional da professora Suely Portes Zaperlão tenha sido a gota d'água para o triste episódio. Nós, educadores, não queremos muito. Apenas que a escola seja um templo sagrado do conhecimento. Isto não é possível sem a valorização dos nossos mestres educadores.
Antonio Marcos Gonçalves - professor da rede estadual e presidente do núcleo sindical da APP de Londrina
Luiz Carlos Paixão da Rocha - professor da rede estadual, mestre em Educação e diretor estadual de Imprensa da APP-Sindicato
DO BLOG DO ATILIO
oLá gostei muito do seu blog...Estou fazendo um artigo sobre a qualidade de vida do professor e acabei encontrando no seu blog esse artigo super bacana professor: profissão em risco... Bastante rico! Seu espaço está bem alternativo.. Meus parabéns..gostaria que você conhecesse o meu blog e fizesse também parte
ResponderExcluirhttp://roberttasoares.blogspot.com/
abçs q Deus continue te abençoando!