domingo, 18 de outubro de 2009

DIA DO MÉDICO








Dia do Médico


por: José Maria Pontes*


A maioria dos países do ocidente comemora em 18 de outubro o Dia do Médico, data dedicada também a São Lucas, o único apóstolo médico e que inspirou a escritora britânica Taylor Caldwell a escrever sobre sua vida no bestseller mundialmente conhecido: Médicos dos Homens e das Almas. Neste dia, os jornais trazem muitas mensagens de instituições e pessoas homenageando o médico, falando sobre sua importância para sociedade, principalmente naqueles momentos em que o ser humano está mais fragilizado.

O médico no contato diário com seus pacientes não só deve usar a razão através de seus conhecimentos científicos, mas também o coração e a alma, pois nunca se deve tratar só a doença, mas principalmente o doente.

É importante que a sociedade tome conhecimento da realidade desses profissionais e do ambiente e condições em que eles exercem suas atividades; da demanda excessiva de pacientes que chegam aos serviços de saúde; da elevada carga horária a que estão submetidos; dos salários vergonhosos que lhes são pagos, com algumas exceções; das péssimas condições de trabalho que lhes são oferecidas; da precarização do trabalho médico; das poucas horas que têm para dedicar à família, e das doenças que os atingem e que cada vez mais os vêm sacrificando, fazendo com que morram mais cedo ou que tenham uma péssima qualidade de vida.

O profissional médico é o único que tem contato permanente com a vida e a morte e está presente antes, durante e após o nascimento, se prolongando este cuidado por toda a vida e até a sua finitude. Como um profissional pode cuidar bem do maior de todos os valores existentes se a sua própria dignidade profissional está sendo dilapidada? Como pode um médico exercer bem sua profissão tendo que dar conta de três, quatro, ou cinco empregos, muitos sem nenhum direito trabalhista?

O ambiente de trabalho das emergências médicas dos nossos hospitais públicos se parece muito mais com um campo de concentração do que com um local onde se salva vidas, com um excessivo acúmulo de pacientes graves em macas nos corredores à espera de um leito.

Fila
Hoje, infelizmente, no serviço de saúde, para tudo se tem uma fila: é a fila das consultas, dos exames, das cirurgias, das UTIs e até a fila da morte. Os médicos também estão na fila da dignidade. Muitas autoridades e gestores da saúde procuram passar para a população que o médico é responsável pela difícil situação em que ela se encontra, para fugirem de suas responsabilidades.

O Código de Ética Médica, em um de seus artigos, diz: ``A fim de que possa exercer a Medicina com honra e dignidade, o médico deve ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa``. A vida estressante desse profissional o deixa constantemente no fio da navalha.

Que o 18 de outubro sirva de reflexão para todos nós e que ``A Escolha de Sofia`` não mais seja uma realidade em nossas vidas.

JOSÉ MARIA PONTES* é Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará. josemariapontes@gmail.com

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