segunda-feira, 20 de julho de 2009

POESIA CEARENSE: CARLOS NASCIMENTO





POESIA CEARENSE: CARLOS NASCIMENTO


ESSA TAL POESIA



É a graça efêmera de uma flor

que no breve existir explica a vida.

É a seda do olhar de uma criança

a vistir o real de uma pergunta.

É o manto imensíssimo e multicor

do silente espetáculo dos corais.

É o orgasmo amarelo que do alto

todo dia o sol se nos derrama.

É a mulher que no barro de seu seio

tira o leite que faz a humanidade.

É a tarde em fruta pendura

no galho azul do céu de maio.

É a lua nadando: imenso óvulo

No útero da noite do sertão.

É o pássaro esculpido sua ópera

no palco soberbo da palmeira.

É o grávido correr de uma vertente

que o verde da vida vai parindo.

É a tintura rara da alegria

com que todo palhaço pinta o circo.



Carlos Nascimento


CARLOS NASCIMENTO É PROFESSOR, POETA, ESCRITOR, ARTISTA PLÁSTICO.
É MEMBRO DO GRUPO CHOCALHO.

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