sábado, 27 de junho de 2009
" DIÁRIO REVELA " QUEM ERAM OS INDIGENTES "
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QUEM ERAM OS " INDIGENTES "
O Diário do Nordeste obteve com exclusividade a documentação que revela quem eram e como morreram essas pessoas.
Há um mês, sete corpos de indigentes oriundos do Instituto Médico Legal (IML), atual Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) eram enterrados no Cemitério Parque Bom Jardim. Seria mais um enterro coletivo realizado ali não fosse pelos cadáveres estarem foram de caixões, sem nenhuma proteção e arremessados diretamente na terra. Hoje, um mês depois do fato e da denúncia exclusiva do Diário do Nordeste algumas perguntas ficaram sem respostas. Quem eram essas pessoas? Como e onde morreram as sete vítimas inumadas com “terra na cara”, como afirmou o secretário de Segurança Pública Roberto Monteiro? A equipe de reportagem do Diário obteve algumas respostas.
Depois de examinar o ofício enviado para o cemitério e outros documentos, o Diário apurou que, dos sete cadáveres inumados (enterrados) nos dias 26 e 27 de maio último, seis eram do sexo masculino, três têm nome e sobrenome e dois tiveram suas mães identificadas. Três foram vítimas de homicídios, dois morreram por atropelamentos, um por espancamento e os demais tiveram como causa da morte, afogamento e overdose.
Tudo teve início na quinta-feira, dia 21 de maio, cinco dias antes do primeiro sepultamento. Passavam dez minutos da meia noite, quando dava entrada no IML o corpo de um homem vítima de homicídio por objeto contundente. O corpo não identificado foi encontrado na Avenida Leste Oeste.
No mesmo dia 21, as 19h10, o Rabecão trazia do IJF-Centro, o corpo de Francisco José Bezerra de Sousa, 20, filho de Maria Zuneide Bezerra. Ele havia sido atropelado. Na mesma noite, Francisco José do Nascimento, 35, dava entrada no IML, também oriundo do IJF-Centro. O filho de Maria Martins do Nascimento, solteiro, autônomo, natural de Canindé, havia morrido por conta dos vários ferimentos sofridos após ser atropelado em Itapajé.
Outros corpos vítimas de morte violenta continuam dando entrada no necrotério do IML. Depois de identificados e examinados, eles são liberados. Os três homens citados anteriormente não foram reclamados por seus familiares e permaneceram no necrotério. Contudo, as geladeiras do IML não estavam mais lá e os corpos iniciavam um processo de decomposição, por não estarem acomodados em câmaras de refrigeração. No dia 22 mais dois corpos se juntariam aos outros três que estavam no IML. Por volta de 1h, um homem não identificado era trazido de São Gonçalo do Amarante, vítima de afogamento. Pela manhã, às 9h10, uma mulher sem nenhum documento, encontrada morta na Rua Santo Antônio, nas proximidades da Lagoa do Tabapuá era entregue no necrotério. Ela havia sido morta a bala, segundo o IML. No dia 23 de maio, 16h55, uma ambulância da Santa Casa de Fortaleza chegava ao IML com o corpo identificado como Luiz Eurico Ricardo Arruda. Ele havia morrido de overdose, segundo os registros do IML. Por fim, dois dias depois, o corpo de um desconhecido era trazido de Campos Belos, em Caridade, vítima de homicídio a bala. Ele se juntava aos outros seis corpos no necrotério.
Alguns já estavam há quatro dias ali, em um local reservado para os cadáveres em decomposição. No dia 26, um dia após a chegada do sétimo corpo, os vizinhos do IML protestam e chamam a Imprensa. No dia seguinte, a direção da Pefoce e da Coordenadoria de Medicina Legal tomam a decisão. Os corpos devem ser enterrados imediatamente, entretanto não existem caixões disponíveis, pois o contrato com Funerária que fornecia as urnas havia terminado há cinco meses.
EMERSON RODRIGUES
Especial para Polícia
MATÉRIA EXTRAÍDA DO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE - 27 DE JUNHO DE 2009
Vê-se aqui o total descaso como o ser humano é tratado pelas autoridades instituídas. Morreu vai pro lixo...
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