NOTA DE REPÚDIO
O GRUPO CHOCALHO REPUDIA A ATITUDE DA
PREFEITURA DE FORTALEZA E A DECISÃO DO PREFEITO ROBERTO CLÁUDIO ( PDT ),
DE PASSAR A COBRAR 3% ( TRÊS POR CENTO ) DE ISS SOBRE A IMPRESSÃO DE
LIVROS, QUE NA PRÁTICA VAI DIFICULTAR O ACESSO AO LIVRO PELOS LEITORES
POBRES.
FORTALEZA É A ÚNICA CIDADE QUE COBRA ISS SOBRE A IMPRESSÃO DE
LIVROS, O QUE CONTRARIA LEI FEDERAL, ART. 150 , VI LETRA d, VEJA A LEI:
Seção II
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
III - cobrar tributos:
a)
b)
c)
IV -
V -
VI - instituir impostos sobre:
a)
b)
c)
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
A CULTURA PRECISA DE INCENTIVOS E NÃO DE AUMENTO DE IMPOSTOS !
MAIS INVESTIMENTOS PARA A CULTURA !
GRUPO CHOCALHO.
LUZ PARA A TERRA DA LUZ !
CHOCALHO: AÇÃO POÉTICA HOJE !
PÃO, PAZ E POESIA !
AURIBERTO CAVALCANTE- 34 ANOS DE POESIA
" BERROS RIMA COM EROS "
FRANCISCO CARVALHO
" BERROS RIMA COM EROS "
O
Prof. Auriberto Cavalcante, do Liceu do Ceará, em visita que me fez
recentemente, ofereceu-me os livros de poemas de sua autoria, a seguir
enumerados: Berros (1999), Vinte Anos de Poesia (2002) e 2004. Não
precisa ser um especialista no assunto para concluir que o poeta fez
opção pelo discurso social estruturado numa linguagem que se caracteriza
pela agressividade da sintaxe. Nada de lirismo do tipo flor de
laranjeira, até mesmo quando escreve poemas de amor. O Poeminha
Romântico (Berros, p. 109) é um recado nada diplomático de um Romeu que
fala diretamente do que lhe interessa, sem rodeios e metáforas, a uma
Julieta completamente fora dos padrões shakespeareanos.
A mesma
agressividade está presente na maioria dos poemas de fundo social. A
poesia de Auriberto Cavalcante é sujeito com objeto direto. Uma
verdadeira explosão. Um bombardeio epigramático, a lembrar as flechas
mais envenenadas do barão de Itararé. Poesia cujo núcleo verbal é feito
de rebeldia, de sarcasmo, de indignação contra toda forma de injustiça e
de exploração do homem pelo homem. Em Made in Brazil, o poeta denuncia
que “o americano / bebe o suor / do brasileiro / nosso café / come a
nossa lagosta / impõe sua vontade (...) e ainda cobra juros”. É um
retrato perfeito da subserviência dos governos latino-americanos aos
agiotas internacionais, que mandam seus recados por e-mail para os
vassalos do Terceiro Mundo, ordenam confiscos de salários dos
trabalhadores da ativa e dos aposentados, além de cometerem outros
absurdos, como a instituição do obsceno superávit primário, uma espécie
de bezerro de ouro dos tempos modernos.
Auriberto Cavalcante adverte
num poema telegráfico: “NAS MÃOS DO AGIOTA / JAZ UM IDOTA”. Outros
poemas construídos com a mesma argila da indignação: “O feto bailava /
no útero de ouro / da mulher rica. // Outro feto jazia / no útero de
fome / da mulher pobre”. Em outro poema de 2004 (p. 63), o poeta volta a
tocar o dedo na ferida, ao dizer que “o FMI / deixa a população sem
salário / sem educação / sem saúde / sem emprego / sem segurança / sem
esperança”. Na página 25 de Berros, o autor presta homenagem das mais
justas ao grande médico e poeta Caetano Ximenes Aragão, falecido há
vários anos, que se notabilizou pela contundência do seu discurso
poético e pelas vertentes sociais de sua temática. São de CXA os versos a
seguir “SOU NORDESTINO / SOU UM NÓ / DO DESTINO”.
Vários
intelectuais cearenses têm manifestado seus pontos de vista sobre a
poética de Auriberto Cavalcante. Dimas Macêdo nos dá sua opinião: “O
certo é que o poeta apurou sua voz e deu maior poder de vôo à imaginação
(...) à construção de uma poesia dialética e participativa, que instiga
a práxis do engajamento e a restauração da política do corpo”.
Todo
poeta deve ter a liberdade de escolher os seus caminhos e de expressar
livremente a sua visão-de-mundo. Da mesma forma, tem a obrigação de
respeitar aqueles que pensam e agem de forma diferente, segundo os
princípios de diversidade e pluralidade que estão na origem da natureza
humana. Num mundo e numa época em que até as chamadas ciências exatas
mudam de pele todas as semanas, ninguém pode ostentar o brasão de dono
exclusivo da verdade. Auriberto Cavalcante fez opção por uma linguagem
direta e muitas vezes agressiva, seja quando focaliza problemas sociais
ou quando escreve poemas de amor. “Tudo vale a pena se a alma não é
pequena”, é o que nos diz Fernando Pessoa, um ícone da poesia ocidental.
O
importante é não estrangular a voz na garganta, não calar, não se
omitir, não imitar o procedimento do avestruz, não enterrar a cabeça na
areia quando pressente a aproximação do perigo. E como no pantanal dos
podres poderes existem avestruzes enterrando as cabeças para evitar que
sejam atingidos pelas vaias e os ovos que o povo lhes atira! Como são
numerosos e como são reluzentes as suas plumas! Eles se parecem com
aqueles animais que assimilam as cores da paisagem, numa típica
estratégia de sobrevivência. Todos sabemos, inclusive o autor desses
livros, que as nossas catilinárias poéticas não têm o poder de reverter
as injustiças praticadas pelo FMI contra os pobres do mundo inteiro que
sucumbem diariamente nos países subdesenvolvidos. De resto, impossível
não concordar com o poeta que assina embaixo destes versos: “O Zodíaco é
uma zona / Entra quem acredita”.
FRANCISCO CARVALHO
ALGUNS LIVROS DO AURIBERTO CAVALCANTE
IMPRENSA
A chapa Agostinho Gósson foi eleita
ontem para presidir a Associação Cearense de Imprensa (ACI). Única chapa
a concorrer, obteve 71 votos dentre os 73 votantes. Dois votos foram em
branco. O presidente eleito da ACI é o jornalista Salomão de Castro. O
vice é Wilame Moura. Integram ainda a chapa Antônio Galdino, Sylvia
Helena Medeiros Braun, Gutemberg Figueiredo, Auriberto Vidal Cavalcante,
Emília Augusta, Flávio Vasconcelos, Nilton Almeida, Arleni da Silva,
Ângela Marinho e Telma Oliveira Costa.
JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/opovo/radar/2016/08/06/noticiasjornalradar,3644220/eleita-nova-direcao-da-aci.shtml
FOTOS: ARQUIVO DA ACI
"Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti..."
Mario Quintana