segunda-feira, 30 de abril de 2012
APEOC REALIZOU SEMINÁRIO PREPARATÓRIO PARA O CONGRESSO DA CUT
À-DEUS, POETA !!!
" Emoção "
" Poeta e ex-prefeito Barros Pinho é sepultado "
A Banda de Música de Maracanaú, município em que ele exercia o cargo de secretário de Cultura, ainda executou a canção "Assum Preto", de Luiz Gonzaga. Na hora do sepultamento, uma garoa acompanhou uma chuva de pétalas de rosas.
O ex-prefeito de Fortaleza José Maria Barros de Pinho faleceu na manhã deste sábado, por complicações oriundas de um infarto. Poeta e escritor, tinha 72 anos e estava internado desde a última segunda-feira com um quadro de hipertensão.
Ele nasceu em Teresina, em 25 de maio de 1939. Era contista e vice-presidente da Academia Cearense de Letras. Foi vereador em Fortaleza pelo MDB, de 1979 a 1982; deputado estadual pelo PMDB entre 1983 e 1990; e também presidente da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (Funcet) e do Instituto de Previdência do Município (IPM)."
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1132355
REPERCUTE A MORTE DO POETA BARROS PINHO
" Legado na política e na cultura "
" Na última despedida, Barros Pinho foi lembrado por seus feitos na esfera política, mas também pelo que deixou para a cultura"
Antes da vida política, o escritor Juarez Leitão, amigo de Barros Pinho há mais de 40 anos e com quem dividiu cadeira na Academia Cearense de Letras (ACL), conta que Barros “foi dos maiores poetas da literatura cearense de todos os tempos”. “Escrevia com muita destreza e competência o símbolo e a metáfora surpreendente dos seus versos”, completou. Enquanto secretário de Cultura da Capital, por sete anos, criou a Fundação de Cultura de Fortaleza (Funcet), na gestão do ex-prefeito Juraci Magalhães (PMDB). “Conheci o Barros desde essa época e o que eu posso garantir é que, tanto como vice-presidente da Academia como escritor, ele sempre valorizou as pessoas não pelo que elas tinham, mas pelo que elas eram, principalmente, os escritores populares e os artistas de rua”, pontuou o coordenador do Grupo Chocalho, Auriberto Cavalcante.
O também escritor e editor da revista Arraia, último projeto apoiado por Barros, Carlos Emílio destaca que as mais de 10 obras escritas pelo poeta primavam pelo regionalismo mítico e retratavam a sua infância no Piauí. “Era uma linguagem úmida, cheia de vida”, diz.
Entre o meio político, Barros Pinho ficou conhecido pela ética, defendida em seus discursos, e pela luta pela democracia no Ceará. Durante o período da Ditadura Militar, chegou a ser preso, por um mês, no 23º Batalhão de Caçadores, em Fortaleza.
Natural de Teresina, Barros Pinho, que havia recebido títulos de cidadão cearense e de Fortaleza, foi vereador da Capital pelo MDB, de 1979 a 1982, deputado estadual pelo PMDB de 1983 a 1985 e prefeito de Fortaleza em 1985."
" Na última despedida, Barros Pinho foi lembrado por seus feitos na esfera política, mas também pelo que deixou para a cultura"
" Para quem, desde cedo, já
tinha o dom de fazer poemas, a vida toda foi uma poesia. Sobretudo
poeta, mas também contista, o ex-prefeito de Fortaleza, José Maria de
Barros Pinho, que morreu na manhã do último sábado, vítima de infarto,
recebeu, durante seu velório, na Assembleia Legislativa, e seu
sepultamento no cemitério Parque da Paz, homenagens de vários grupos
culturais da Capital e de Maracanaú, onde, ultimamente, ocupava o cargo
de presidente da Fundação de Cultura do município. “A despedida dele foi
como ele merecia. Foi ao lado das pessoas com quem sempre fez questão
de conviver, com os movimentos culturais e com intelectuais. Não podia
ser diferente”, ressaltou um dos cinco filhos do poeta, Cláudio Pinho.
Barros deixa viúva Aracimir Pinto, filha do ex-senador Almir Pinto.
Antes da vida política, o escritor Juarez Leitão, amigo de Barros Pinho há mais de 40 anos e com quem dividiu cadeira na Academia Cearense de Letras (ACL), conta que Barros “foi dos maiores poetas da literatura cearense de todos os tempos”. “Escrevia com muita destreza e competência o símbolo e a metáfora surpreendente dos seus versos”, completou. Enquanto secretário de Cultura da Capital, por sete anos, criou a Fundação de Cultura de Fortaleza (Funcet), na gestão do ex-prefeito Juraci Magalhães (PMDB). “Conheci o Barros desde essa época e o que eu posso garantir é que, tanto como vice-presidente da Academia como escritor, ele sempre valorizou as pessoas não pelo que elas tinham, mas pelo que elas eram, principalmente, os escritores populares e os artistas de rua”, pontuou o coordenador do Grupo Chocalho, Auriberto Cavalcante.
O também escritor e editor da revista Arraia, último projeto apoiado por Barros, Carlos Emílio destaca que as mais de 10 obras escritas pelo poeta primavam pelo regionalismo mítico e retratavam a sua infância no Piauí. “Era uma linguagem úmida, cheia de vida”, diz.
Entre o meio político, Barros Pinho ficou conhecido pela ética, defendida em seus discursos, e pela luta pela democracia no Ceará. Durante o período da Ditadura Militar, chegou a ser preso, por um mês, no 23º Batalhão de Caçadores, em Fortaleza.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Natural de Teresina, Barros Pinho, que havia recebido títulos de cidadão cearense e de Fortaleza, foi vereador da Capital pelo MDB, de 1979 a 1982, deputado estadual pelo PMDB de 1983 a 1985 e prefeito de Fortaleza em 1985."
Ranne Almeida
ranne@opovo.com.br
FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2012/04/30/noticiasjornalpolitica,2830112/legado-na-politica-e-na-cultura.shtml
domingo, 29 de abril de 2012
VIDA, SIM... ABORTO, NÃO !
Foto: José Maria Melo
MAMÃE
Para minha Mãe Dona AURILENA
Que não me ABORTOU e me AMOU
Antes mesmo que eu nascesse.
OBRIGADO MAMÃE !
MAMÃE, minha mãe querida,
Que me amou antes mesmo que eu nascesse,
Quando eu ainda era feto.
Nasci e aprendi a dizer: MAMÃE.
E hoje pronuncio, MAMÃE, com mais convicção,
Pois reconheço tudo que Ela fez por mim.
Agradeço os carinhos, os conselhos, as surras,
E envergonho-me ao lembrar que já te fiz chorar.
Mas sempre me perdoaste
Com um sorriso meigo nos lábios.
Jesus Cristo também quis ter sua MAMÃE,
Pois se é triste uma Mãe sem filhos,
Mais triste ainda é um filho sem Mãe.
MAMÃE, não nos separamos quando cortaram o cordão umbilical,
Pois o teu sangue ainda circula dentro de mim.
Estamos sempre ligados um ao outro,
Sem cordão umbilical, e sim por amor.
Não é fácil ser Mãe.
Ser Mãe é sofrer,
Ser Mãe é carregar uma pesada cruz,
Ser Mãe é ser Santa,
É o ato mais sublime que Deus criou.
Mãe, obrigado pelo grande amor,
Que nas horas mais amargas
De nossas vidas, sempre soubeste dividi-lo comigo.
AURIBERTO CAVALCANTE
IN: " RASTROS DE LIBERDADE " - 1982
PÁG. 61
HOMENAGEM DOS POETAS E AMIGOS AO BARROS PINHO
sábado, 28 de abril de 2012
CAMINHADA PELA VIDA
" Caminhada pela vida "
28/abril - 2012 | Autor: Com Shalom
O movimento, nascido através de mobilização pela internet, visa deixar claro à cidade o Não ao aborto, e a importância da vida desde sua concepção até seu ocaso natural."
FONTE: PORTAL DE NOTÍCIAS DA COMUNIDADE CATÓLICA SHALOM
http://www.comshalom.org/po/index.php
" VIDA, SIM... ABORTO, NÃO ! "
SHALOM REALIZA I CAMINHADA EM FAVOR DA VIDA
Por
JOSÉ MARIA MELO
FOTOS: JOSÉ MARIA MELO
" Representando o Grupo Chocalho, o professor Auriberto
Cavalcante, que levou um cartaz com a frase "Obrigado, mamãe"."
" Com
a coordenação do Projeto Famílias e dos Jovens, a Comunidade Católica
Shalom realizou. na manhã de hoje, do aterro da Praia de Iracema até a
frente do Nautico, na Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, uma Caminhada em
favor da vida que foi para o ex-secretário Carlos Matos, do
Desenvolvimento, "uma grande alegria ver esses jovens e essas famílias
aqui reunidas, realizando este evento em favor da vida". E ele concluiu o
seu pensamento dizendo que "Não podemos ser omissos diante do que está
ocorrendo em nosso País, com muitos querendo a aprovação do aborto".De
acordo com a informação dos organizadores, entre eles o padre Silvio
Scopel, cerca de 500 pessoas participaram da Caminhada que aumentou
significativamente durante o percurso. Foi ele, padre Scopel, que abriu a
Caminhada dizendo que "Somos gratos pela vida que Deus nos deu. Somos
gratos por Ele nos ter dado o dom da vida".À frente da animação do
evento, o padre Antônio Furtado, como sempre alegre e convidando a todos
que estavam nas calçadas, nos edificios a se juntarem aos que faziam
parte da Caminhada em favor da vida, "que é apenas um começo" comentaram
Lúcia e Lupércio, que há mais de 20 anos fazem parte do movimento
denominado de Renovação Carismática Católica. O casal é consagrado da
Comunidade Shalom, que levou um grande número de jovens para o evento.
"É o início. É um pequeno passo, mas é o primeiro passo e muitos virão
depois". finalizaram Lúcia e Lupercio.
COMODISMO
Participando da Caminhada estava o empresário Eduardo Girão que disse "Isso significa que muitos estão saindo do seu comodismo. Mas existe uma grande articulação dos abortistas para a reforma do Código Civil, para a qual foram convocados juristas que são a favor do aborto e não chamarão um Cláudio Fonteles e tampouco Ives Gandra. Nós temos, como estamos fazendo agora, que nos mobilizar para impedir que os que são contra a vida venha a ser vitoriosos".Outras pessoas deram opiniões, como a Valéria que afirmou "devemos falar por aqueles que estão no ventre de sua mãe". Representando o Grupo Chocalho, o professor Auriberto Cavalcante, que levou um cartaz com a frase "Obrigado, mamãe"."
Participando da Caminhada estava o empresário Eduardo Girão que disse "Isso significa que muitos estão saindo do seu comodismo. Mas existe uma grande articulação dos abortistas para a reforma do Código Civil, para a qual foram convocados juristas que são a favor do aborto e não chamarão um Cláudio Fonteles e tampouco Ives Gandra. Nós temos, como estamos fazendo agora, que nos mobilizar para impedir que os que são contra a vida venha a ser vitoriosos".Outras pessoas deram opiniões, como a Valéria que afirmou "devemos falar por aqueles que estão no ventre de sua mãe". Representando o Grupo Chocalho, o professor Auriberto Cavalcante, que levou um cartaz com a frase "Obrigado, mamãe"."
http://blogdasagradafamilia.blogspot.com.br/
LUTO: MORRE O POETA BARROS PINHO
O RETRATO NAS PAREDES
As casas como as pessoas
guardam cicatrizes
expostas no rosto do tempo.
Às casas sempre voltamos
nelas a vida anda por trás do que passou
existem na existência indo embora.
As casas onde morei para viver
na afoitosa e lúdica adolescência
abrem rugas na face branca das paredes.
De dentro delas saltam sonhos
que não querem envelhecer
e o menino açoitando o vento nas curvas do rio
que se arrasta na carne azul da paixão.
BARROS PINHO
Do Livro " Poemas de Mesa " - Edição de 2008
Organizado por José Telles - Cesta Literária - IDEAL CLUBE
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28/04/2012
" Morre Barros Pinho, ex-prefeito de Fortaleza"
" Pinho lutava contra um câncer e sofria de insuficiência renal
Ele morreu na manhã deste sábado na Gastroclínica. "
Do G1 CE
Barros Pinho tinha 72 anos
(Foto: Prefeitura de Maracanaú/Divulgação)
(Foto: Prefeitura de Maracanaú/Divulgação)
O velório ocorre a partir das 13 horas, na Assembleia Legislativa do Ceará (AL). Neste domingo (29), às 9 horas, haverá uma missa de corpo presente também na AL-CE e, às 10h, o sepultamento ocorre no Cemitério Parque da Paz, segundo a prefeitura de Maracanaú.
Prefeito de Fortaleza na década de 80, Barros Pinho também foi poeta, vereador, deputado estadual, secretário de cultura e exercia o cargo de presidente da Fundação de Cultura de Mar "
FONTE: PORTAL DE NOTÍCIAS G 1 -GLOBO CEARÁ
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/04/morre-barros-pinho-ex-prefeito-de-fortaleza.html
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CONHEÇA UM POUCO MAIS DE BARROS PINHO:
BARROS PINHO
José Maria de Barros Pinho (Teresina, 25 de maio de 1939) é político, poeta e contista. Foi vereador em Fortaleza pelo MDB (1979-1982), deputado estadual pelo PMDB (1983-1990) e Prefeito de Fortaleza (1985-1986).
Foi ainda Presidente da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza.
É o atual Secretário de Cultura de Maracanaú.
Enquanto poeta, destacam-se as obras Natal de barro lunar e quatro figuras no céu (1960), Planisfério (1969), Circo Encantado (1975), Natal do castelo azul (1984 ) e Carta do Pássaro (2004).“A Viúva do Vestido Verde”, publicado pela Record, foi cotado para o prêmio Jabuti de Literatura. “Carta do Pássaro”, reconstitui sua infância no engenho de seu avô, às margens do rio Parnaíba, no Piauí. Membro da Academia Cearense de Letras.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
PRIMEIRA MISSA NO BRASIL
Por: Vanderlúcio Souza
Recordo-me que no ano 2000 morava em Eunápolis -BA e durante as comemorações dos 500 anos de descobrimentos do país fiquei em Porto Seguro e tive a oportunidade de conhecer a Costa do descobrimento. Um local belíssimo que, de fato, deve ter impressionado aqueles que chegavam de outras terras.
Descrição da primeira missa no Brasil
A primeira Missa no Brasil foi no iluminado dia 26 de abril de 1500, domingo da oitava de páscoa,
quando os portugueses encontraram um ilhéu seguro – o da Coroa Vermelha – onde poderiam celebrar a primeira Missa no Brasil. Hoje, a ilhota não existe mais. Devido ao movimento das marés o ilhéu da primeira Missa se uniu a terra formando uma ampla e alva praia.
Em uma carta dirigida ao Rei de Portugal, D. Manuel, o venturo, Pero Vaz de Caminha, escrivão mor da esquadra, narra todos os detalhes do episódio que marca o início da História do Brasil. Ao ler estas linhas, observa-se um profundo espírito evangelizador, como Margarida Barradas de Carvalho observa, “o tema da obrigação de levar a palavra de Cristo a seres humanos, vivendo na ignorância, se coloca em toda a sua pureza realmente cristã”.[1]
Após 47 dias de viagem pelo Atlântico, todos os preparativos para Missa estavam terminados. Frei Henrique com os demais clérigos a celebrou em “voz entoada”. Eram oito missionários franciscanos e alguns sacerdotes seculares entre os quais um vigário destinado a Índia[2]. Sob um belo docel, ergueram “um altar mui bem corregido”[3]. O capitão Pedro Álvares Cabral com “a bandeira de Cristo”, convocou todos os seus 1000 subalternos, oficiais e marinheiros “muito bem escolhidos e armados”[4], enquanto que na praia do continente, cerca de duzentos índios acompanhavam atentos tudo o que se passava na ilhota. Relata Caminha que a missa “foi ouvida por todos com muito prazer e devoção”[5].
Terminada a cerimônia, desparamentou-se o sacerdote e subindo em uma cadeira alta fez “uma solene e proveitosa pregação”[6] à assembléia sentada sobre fina e branca areia do aconchegante litoral baiano. Descreve Pero Vaz de Caminha que “tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja a obediência viemos, o que foi muito a propósito e fez muita devoção”[7].
Nos dias subseqüentes, 27 de abril a 1º de maio, os portugueses desbravaram a nova terra e estabeleceram afetuosas relações com os indígenas. Trabalhavam em escupir uma grande cruz de madeira. Os indígenas, impressionados com os instrumentos de metal, contemplavam o trabalho. O capitão, membro da ordem de Cristo, recomendava que os portugueses se pusessem de joelhos diante da Cruz e a beijassem[8] para que os indígenas entendessem a veneração que os homens do mar tinham pelo símbolo Cristão. Um após o outro, todos os lusos oscularam-na. Ao convite dos portugueses os dez ou doze nativos que aí estavam fizeram o mesmo, com tal inocência e candura que os portugueses ficaram muito tocados, como descreve o relato de Caminha, ao Rei de Portugal, “Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logos cristãos. E, portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar, aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de vossa alteza, se hão de fazer-se cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Deus Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa. Portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa Fé católica, deve cuidar de sua salvação. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim.”[9]
Segundo domingo Pascal
No segundo domingo pascal, dia 1° de maio, estavam concluídos os preparativos para a cerimônia de tomada de posse da nova terra pelas armas portuguesas. Encabeçado pelo capitão que portava a bandeira de Cristo, a Cruz foi conduzida, ao som de cânticos religiosos, até a foz do rio Mutari “para melhor ser vista”. Cerca de setenta indígenas assistiam o cerimonial. Ao verem os portugueses carregar a Cruz meteram-se embaixo dela para também ajudar. A sombra da Cruz, Frei Henrique celebrou a segunda Missa, desta vez no continente, na presença de todos os religiosos, oficiais, soldados e cerca de 150 índios. Conforme as partes da Missa, os indígenas acompanhavam todos os movimentos dos portugueses. Ajoelhavam-se e levantavam-se “em tal maneira sossegados, que certifico a Vossa Alteza nos fez muita devoção” relata Caminha. Permaneceram até a comunhão, quando o capitão e os seus receberam o corpo de Cristo. Um dos nativos com cerca de cinqüenta anos acenava aos outros índios apontando para o altar e para o Céu[10]. Após a pregação foram distribuídas cruzes de estanho para que os tupis pendurassem ao pescoço após oscularem-na e levantarem as mãos ao céu.
A carta de Caminha
Pero Vaz de Caminha encantado com a receptividade e inocência dos índios escrevia ao Rei de Portugal: “segundo que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, senão entender-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer. Por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar porque assim já terão mais conhecimentos de nossa fé”.[11] Após a cerimônia, dois degredados os quais a justiça do Rei punira permaneceram entre a população enquanto as naus portuguesas partem. Uma vai a Portugal com a carta de Caminha e informações de navegação, aos outras continuam a missão para Índia a fim de restabelecerem as delicadas relações com os reis hindus.
A principal riqueza da terra
Em 1501, após ter viajado por toda a América, o florentino Américo Vespúcio comentava do litoral brasileiro que “se algures na terra existe o paraíso terrestre, não pode ele estar longe daqui”[12]. Pero Vaz de Caminha também relata as riquezas do Brasil. A vastidão, o clima e a fertilidade faz o escrivão mor exclamar: “dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”. A região é formosa e agradável, com palmitos saborosos, belas aves, enormes camarões e madeira em quantidade, todavia, “sem ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal”[13]. Talvez, por esta última razão, a terra de Santa Cruz ficou relegada ao segundo plano no interesse luso, pois as especiarias da Índia e as riquezas da África rendiam muito mais que o pau-brasil. Contudo, o inteligente Pero Vaz de Caminha ressalta ao rei de Portugal, “o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar”[14].
Quanto as maravilhas do litoral, a fecundidade da terra e as possibilidades de evangelização, Caminha vaticinou com precisão. Em um lento povoamento, portugueses, africanos[15] e o elemento nativo, miscigenaram-se formando um povo homogêneo. Acontecimento explicável por causa do fator que realmente une culturas tão diversas sob a bandeira de um único ideal: a religião católica. Ademais, contribuíram para esse resultado uma inumerável avalanche de padres seculares e religiosos de todas as ordens, que “vieram com a sua fé, a sua doçura e a sua perseverança, vencer a bravesa do íncola”.[16]
Piedade Eucarística
Em função da devoção Eucarística, clero e laicato realizaram este grande escopo. Atestam isto tantas Igrejas, suntuosas ou singelas, esparsas pelo Brasil, onde reflete-se a piedade eucarística dos primeiros brasileiros. Hoje, a Igreja colhe os frutos deste imenso esforço, deste “grande passado”[17], na expressão de Bento XVI. Observa o Pontífice que, “o Brasil ocupa um lugar muito especial no coração do Papa, não somente porque nasceu cristão e possui hoje o mais alto número de católicos, mas, sobretudo, porque é uma nação rica em potencialidades, com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda a Igreja.”
Realmente, o Brasil nasceu cristão. Como os relatos de Caminha deixam entrever, nas atitudes de indígenas e portugueses, a bondade, hospitalidade e generosidade características do espírito brasileiro é patente. Essa bondade provem do amor à Cruz. De fato, o mais alto símbolo da Fé Cristã não apenas pendia apenas ao pescoço de índios e europeus, mas também, protegia as velas das naus, abençoava o estandarte da ordem de Cristo e as armas de Portugal. Ela estava plantada na nova terra e reluzente no céu do cruzeiro do sul. Dir-se-ia que vendo tanta piedade, o Crucificado quis também estar presente nos dez primeiros dias do Brasil. Realmente, o Divino Mestre esteve presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade sob as espécies Eucarísticas. Foi com a Santa Missa que começou repleta de empreendimento e alegria; bondade e Fé, a História de um país que “nasceu cristão”[18] ajoelhado à sombra da Cruz, adorando a Jesus Sacramentado. Fato que cumpre aquilo do Papa João Paulo II (Ecclesiae de Eucharistia, n. 22), “Por tanto, la Iglesia recibe la fuerza espiritual necesaria para cumplir su misión perpetuando en la Eucaristía el sacrificio de la Cruz y comulgando el cuerpo y la sangre de Cristo. Así, la Eucaristía es la fuente y, al mismo tiempo, la cumbre de toda la evangelización, puesto que su objetivo es la comunión de los hombres con Cristo y, en Él, con el Padre y con el Espíritu Santo.(Cf. Homilias sobre la 1 Carta a los Corintios, 24,2: PG 61,200; cf. Didaché, IX,5: F.X. Funk, I,22; San Cipriano, Ep. LXIII,13: PL 4,384.)”
Referências Bibliográficas:
ALTAVILA, Jayme. História da Civilização das Alagoas. Maceió: Biblioteca Publica Estadual, 1967.
BENTO XVI. Entrevista no Aeroporto de Guarulhos.
CALMON, Pedro. História do Brasil. t. 1, São Paulo: José Olympio, 1961.
DE CARVALHO, Margarida Barradas. L’idéologie relligieuse dans la “carta” de Pêro Vaz de Caminha. Em VAZ DE CAMINHA, Pero. Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil. São Paulo: Europa-América, 1987.
COMPÊNDIO DO VATICANO II. 29 ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
FERREIRA, Tito Lívio. História do Brasil. 3 ed. São Paulo: Nacional, 1946.
FONSECA, João Severiano da. Viagem ao redor do Brasil. v. 2. Rio de Janeiro: Bibliex, 1986.
JOÃO PAULO II. Ecclesia de Eucharistia.
ROCHA POMBO. História do Brasil. t. 1, 13 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1966.
SANCEAU, Elaine. Capitães do Brasil. Porto: Civilização, 1956.
VAZ DE CAMINHA, Pero. Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil. São Paulo: Europa-América, 1987.
VILHENA, Luís dos Santos. A Bahia no Século XVIII, v. 1. Salvador: Itapuã, 1969.
ZWEIG, Stefan. Brasil, País do futuro. São Paulo: Delta, 1953.
Com informações do Arautos do Evangelho.
FONTE: BLOG ANCORADOURO
http://blog.opovo.com.br/ancoradouro/ha-512-anos-celebrava-se-a-primeira-missa-no-brasil/
quarta-feira, 25 de abril de 2012
" PACÍFICOS, SIM, OMISSOS, NÃO ! "
Pró-vidas cearenses marcam mobilização para este sábado
" A Caminhada pela Vida acontecerá na Avenida Beira-Mar e espera reunir mais de duas mil pessoas."
" Pacíficos, sim; omissos, não. É com este pensamento que vários movimentos pró-vida do Ceará se organizaram e marcaram para este próximo sábado, dia 28, a primeira Caminhada pela Vida que acontecerá na Avenida Beira-Mar, a partir das 8h, com concentração no Aterro da Praia de Iracema.
Os Projetos Juventude e Família da Comunidade Católica Shalom encabeçam o ato mas contam com a participação
de grupos e pastorais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Paróquia de
São Vicente, Movida (Movimento pela Vida) e outros. Padre Antônio
Furtado tem percorrido vários bairros de Fortaleza convidando a
população pró-vida para a Caminhada. “É um importante testemunho
público em defesa da vida que está ameaçada. A maioria absoluta da
população brasileira e cearense é a favor da vida. Não podemos ficar
calados”, disse o sacerdote.
Dos movimentos participantes destaque para o “Jovens pela Vida”, iniciativa que surgiu no
Facebook e em menos de dois meses adquiriu mais de 3 mil assinantes. O
Movimento “visa mostrar à parcela da sociedade que é a favor do aborto o
quanto é desumano essa ideologia, e manifestar aos legisladores do
Brasil que aderir a essa cultura de morte não é sinal de avanço para o
país ,pelo contrário, é sinal de retrocesso! e que a maioria do povo
Brasileiro é contrário a essa cultura de morte tão difundida!”, explicou
Rubens Pinheiro.
Uma das bandeiras da Caminhada é a manifestação da insatisfação
com a decisão do Supremo Tribunal Federal que aprovou,no início deste
mês, por 8 votos a 2 a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 54
que descriminaliza o aborto de fetos diagnosticados com meroanencefalia
.
SERVIÇO:
1ª Caminhada pela Vida
Próximo sábado, dia 28 de abril de 2012
Acontecerá na Avenida Beira-Mar
A concentração será no Aterro da Praia de Iracema, às 8h
Mais informações: 8172.3283 (Vanderlúcio Souza – Assessoria de Imprensa)
Mais sobre o movimento Jovens Pela Vida
Este
Movimento teve início na quaresma de 2012, quando alguns jovens do
Projeto Juventude, da Comunidade Católica Shalom, chocados pela
desvalorização da vida humana, numa sociedade em que se protege os
animais e árvores e se mata crianças, se propuseram a debater sobre a
questão do aborto e interceder pelos que lhes são negados o direito à
vida.
A
proposta inicial do Movimento foi a criação de uma grupo na rede social
Facebook para a discussão da problemática do aborto, tentando criar um
espaço de discussão com jovens nas diversas áreas do conhecimento, desde
conteúdos filosóficos até conteúdos biológicos.
Sem
grandes pretensões, o Movimento, que teve um rápido crescimento,
atingindo mais de três mil jovens em menos de dois meses, está
promovendo o seu primeiro grande evento, a “Caminhada pela Vida”, que
conta com o apoio da Comunidade Católica Shalom."
FONTE:
Comunidade Católica Shalom
Assessoria de Imprensa
Vanderlúcio SouzaTel.:(85) 3308.7451 / 8172.3283
Assessoria de Imprensa
Vanderlúcio SouzaTel.:(85) 3308.7451 / 8172.3283
terça-feira, 24 de abril de 2012
domingo, 22 de abril de 2012
STF COM NOVO PRESIDENTE
Felicidade
foto: blogdotarso.com
" Supremo Tribunal Federal alegra o país. Carlos Ayres Brito assume a Suprema Corte por poucos meses, quando completará setenta anos.
Carlos Ayres Brito anima o ambiente com alegria, poesia e respeitabilidade. O vice- presidente Ministro Joaquim Barbosa é homem de valor jurídico, humano, sente a coluna dolorida com a solda que possui nas vértebras. Já trabalhou no Correio Braziliense varando a madrugada para manter os estudos do Direito.
As posições assumidas são realidade de caráter forte, como foi a discussão na posse, com o então presidente Gilmar Mendes.
Presidente Carlos Ayres Brito no seu curto mandato não abrirá mão do trabalho nos principais assuntos. Respeito e verdade são as principais credenciais do Supremo Tribunal Federal e devem ser conservadas no sacrário da Democracia e Justiça. "
FONTE: BLOG DO ARI CUNHA
http://www.dzai.com.br/aricunha/blog/aricunha
2014
" Dilma tem aprovação recorde, mas Lula é favorito para 2014"
" A presidente Dilma Rousseff bateu mais um recorde de popularidade, mas seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, é o preferido dos brasileiros para ser o candidato do PT ao Planalto em 2014.
A informação é da reportagem de Fernando Rodrigues, publicada na Folha deste domingo (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Esse é o resultado principal da pesquisa Datafolha realizada nos dias 18 e 19 deste mês com 2.588 pessoas em todos os Estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O governo da petista é avaliado como ótimo ou bom por 64% dos brasileiros, contra 59% em janeiro.
Trata-se de um recorde sob dois aspectos: é a mais alta taxa obtida por Dilma desde a sua posse, em 1º de janeiro de 2012, e é também a maior aprovação presidencial com um ano e três meses de mandato em todas as pesquisas até hoje feitas pelo Datafolha.
Leia a reportagem completa na Folha deste domingo, que já está nas bancas."
Editoria de Arte/Folhapress | ||
FONTE: FOLHA/UOL http://www1.folha.uol.com.br/poder/1079625-dilma-tem-aprovacao-recorde-mas-lula-e-favorito-para-2014.shtml |
JORNALISTA FERNANDO CÉSAR MESQUITA NA ACADEMIA CEARENSE DE LITERATURA E JORNALISMO
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" • Grande festa. No dia 4 de maio, às 20 horas, na sede da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, (Floriano Peixoto – 775 Centro) será dada posse ao jornalista Fernando César Mesquita, que deverá ocupar a cadeira 2, que tem como Patrono Perpétuo o jornalista Perboyre Silva, fundador da ACI. "
COLULA DO FERNANDO MAIA
JORNAL O ESTADO
FONTE: JORNAL O ESTADO DO CEARÁ
http://www.oestadoce.com.br/?acao=colunas&subacao=ler&colID=7
" A ODISSEIA CEARENSE DO CINEASTA INQUIETO "
" Memória "
" Integrando o projeto de boa vizinhança dos EUA e o Brasil de Vargas, Orson Welles preferiu conhecer a vida do povo "
" Há 70 anos, Orson Welles deixava a marca de sua genialidade no Brasil, ao aterrissar no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1942, em pleno Carnaval. Mas a missão do cineasta que, no ano anterior, tinha assinado o clássico "Cidadão Kane", era mais do que conferir in loco as belezas do "País Tropical". Ou servir de porta-voz indireto da política de boa vizinhança entre o Brasil de Getúlio Vargas, que queria ter o controle "da voz do Brasil", como assinala o pesquisador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, no livro "A invenção do Nordeste e outras artes". Esse é o cenário brasileiro no qual Orson Welles "escreve" mais um capítulo de sua aventura no mundo do cinema.
Conforme o crítico de cinema, L. G. de Miranda Leão (leia artigo na próxima página), que tinha 10 anos quando o cineasta esteve no Ceará (chegou em março de 42), "ele é uma figura controvertida e importante" do cinema mundial. O crítico ressalta o lado "aventureiro" do artista. Foi pelos braços do pai que Miranda Leão acompanhou as filmagens no Mucuripe, sem entender muito o que aquele moço que falava diferente da gente queria fazer, quando cavava um buraco na areia da praia e entrava. A explicação veio do pai: "ele quer captar melhores ângulos com a câmera". Esclarece que o projeto do filme "foi concebido como um semidocumentário em quatro partes e objetivou ampliar as relações pan-americanas e contrapor-se à propaganda nazista na América Latina". O cineasta aliava improvisação com "técnicas avançadas". Se tudo era verdade aos olhos dele, para o garoto, tudo era novidade e interrogações, desfeitas anos depois, ao herdar do pai o gosto pela cinema.
Inquietude
O mundo vivia a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e os EUA voltavam seus olhares para a América Latina, na intenção de converter os países em seus aliados. É quando Orson Welles recebe a incumbência de mostrar os feitos do então presidente Getúlio Vargas, que governou o Brasil em três períodos, no intervalo de 1930 a 1954. Mas a irreverência do espírito artístico de cineasta falou mais alto. No lugar de palmeiras, bailes de Carnaval em clubes elegantes, o cineasta preferiu mostrar a vida simples do povo trabalhador, as favelas cariocas e a alegria das festas do carnaval, ainda popular.
Mas foi mesmo a saga de quatro bravos jangadeiros cearenses, liderados por Manuel Olímpio Meira, conhecido como Jacaré, Raimundo Correia Lima (Tatá), Manuel Pereira da Silva (Mané Preto) e Jerônimo André de Souza (mestre Jerônimo), que saíram da antiga Praia de Iracema, em 1941, rumo ao Rio de Janeiro, que chamou a atenção de Orson Welles. Na época com 28 anos, leu um artigo sobre o assunto na Time. Na cabeça do artista, começa a ser esboçado o enredo do que mais tarde, seria a obra inacabada da sua vida, o filme "It´s all true", provando o que o pensador francês Jean Baudrillard (1929-2007) estava certo ao lançar a provocação: "só o real é possível".
Além da coragem de passar 61 dias sobre uma jangada, sem bússola ou carta náutica, contando apenas com a sorte e as bênçãos de São Pedro, eles denunciavam a situação vivida pelos pescadores, na primeira metade do século passado. Recebidos pelo então presidente Vargas, os pescadores retornam ao Ceará. Em 1993, os fragmentos dessa história real vão se misturar com ficção nos 46 minutos de gravação do esboço do filme de Orson Welles, contando a história dos jangadeiros heróis que retornam ao Ceará de avião.
Equipe local
Depois de 20 anos, a Paramount Pictures e a Balenciaga Production resolvem retomar a história e lançam "It´s all true", baseado no filme inacabado de Orson Welles, numa produção assinada por Regine Konckier, Richard Wilson, Bill Krohn, Myron Meisel e Jean-Luc Ormieres. A direção é de Richard Wilson, Myron Meisel e Bill Krohn. A produtora Regine Konckier fez contatos no Rio de Janeiro e com a ajuda da estudiosa da obra de Orson Welles, Catherine Benamour, que esteve aqui e entrevistou uma das viúvas dos pescadores da odisseia de 1941. Ela orienta a produtora a procurar profissionais cearenses para trabalhar no filme, explica Amaury Cândido, coordenador da produção do Cine Ceará, e que trabalhou como assistente de direção e produção local do filme, em 1993.
O diretor da Casa Amarela, Wolney Oliveira fez a fotografia adicional de "It´s all true", entregue às famílias remanescentes dos pescadores de 1941. A fotografia original foi assinada por Chico Albuquerque. Eram imagens em preto e branco e sem som. "Ele não teve acesso ao material que enviou aos Estados Unidos", revela Amaury Cândido, reconhecendo que foi uma "frustração" para o artista que quase teve os negativos queimados, por determinação do estúdio americano RKO. As imagens desagradaram aos governos americano e brasileiro.
A determinação dos produtores era destruir os negativos, mas, por conta própria, um funcionário revelou, lacrou as latas e escondeu o material, que ficou desaparecido por mais de 50 anos, vindo à tona por intermédio da pesquisadora Catherine Benamour.
Além dos 46 minutos em preto e branco, o "It´s all true" de 1993 ganha depoimentos de familiares e a apresentação de uma dança do coco, encenada por pescadores do Mucuripe com cenas em cor. O cartaz do filme é um radiograma com fotos alusivas ao filme. "A fotografia é impressionante tanto pelo enquadramento quanto pelas invenções", ressalta Wolney Oliveira.
Na opinião dele, caso a obra não tivesse ficado inacabada, seria sucesso total de público, a começar pelas imagens belíssimas. "Ele explorou a luz do Ceará como nenhum outro cineasta", pontua Amaury Cândido. As cenas são chocantes, diz, destacando o lado da dramaturgia propriamente, já que a plasticidade é considerada impecável. Trabalhou atores e não-atores e o resultado foi surpreendente.
Distante dos olhos do Estado Novo no Brasil, e da política de flerte dos Estados Unidos com os países latino-americanos, o mais importante é que uma obra de arte foi preservada, dos negativos aos rabiscos do roteiro. Orson Welles captou a vida dura dos pescadores, mas sem perder de vista as belezas naturais como o sol, a luz e as dunas do litoral cearense.
Amaury Cândido lembra que, para falar sobre a passagem do cineasta no Ceará, é preciso contextualizar o panorama sociopolítico e cultural do período. "Sua vinda faz parte de acordos assinados entre os então presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt e Getúlio Vargas". Conta que, na época, os Estados Unidos tinham invadido as possessões onde havia borracha no Oriente, assim, um dos acordos incluía a permissão de conseguir a borracha brasileira, na Amazônia. É importante lembrar que, até 1941, o Brasil manteve a sua neutralidade no que diz respeito à participação na II Guerra.
Os Estados Unidos estavam de olho no continente latino-americano e reforçam essa política que usava o incentivo cultural como isca. Tudo era feito de forma subliminar. O México foi o primeiro país visitado para realizar o seu "It´s all true", formado por três histórias da América Latina. São elas: "My friend bonito", filmado no México, em 1941. Em seguida, "The story of samba" (A história do samba), gravado no Rio, e "Four men on a raft" (Quatro homens numa jangada).
No Brasil, a porta de entrada foi a Cidade Maravilhosa, tendo como cicerone o ator Grande Otelo, que mostrou um lado pouco conhecido do Rio, até então. Tudo isso foi registrado pelo diretor com tal voracidade que logo os rolos de som que trouxe se acabam.
Dessa maneira, foram enviados ao estúdio norte-americano RKO apenas imagens. Causaram espanto "imagens de negros pobres fantasiados, terreiro de candomblé e favelas". Acusado de estar gastando muito material, o financiamento foi cortado.
Amaury Cândido ressalta a versatilidade de Welles também como documentarista. Ainda no Rio de Janeiro, ao olhar o mapa e ver onde ficava o Ceará, tem a ideia que vira obstinação: reconstruir a história dos quatro jangadeiros heróis que viajaram por 61 dias, numa jangada até o Rio de Janeiro, para reivindicar direitos trabalhistas.
Orson Welles veio ao Ceará para fazer o reconhecimento da cidade natal dos jangadeiros heróis, que saíram da Praia de Iracema em setembro de 1941, chegando ao Rio dois meses depois. Eles são convencidos a voltar ao Rio de Janeiro, dessa vez, de avião a fim de reconstruir a saga que iria virar filme pela lente e criatividade do jovem cineasta norte-americano. Bom nos argumentos, consegue convencer os jangadeiros, e o filme começa pelo fim. Isto é, resolve filmar a chegada dos jangadeiros, na Barra da Tijuca, onde em maio de 1942, Jacaré e seus companheiros aportam para reconstruir a cena que tinha sido real, no ano anterior. Porém, uma manobra arremessa os pescadores para fora da jangada e Jacaré, único que não sabia nadar, desaparece.
Ficção e realidade
Com o desaparecimento de Jacaré, o cineasta fica sem saber o que fazer. Retorna aos Estados Unidos, retomando, em junho de 1942, as filmagens, em Fortaleza. É quando a ficção mistura-se à realidade. Welles trabalha a reivindicação dos pescadores a partir da história de um jovem pescador que se casa e sai para uma pescaria, morrendo na lua-de-mel. O drama dos quatro homens do mar liderados por Jacaré é transposto para a jovem esposa que fica desamparada.
A mistura de ficção e realidade não é apenas no enredo. No filme, o cineasta faz alusão ao russo Sergei Eisenstein (1898 - 1948) no filme "Ivan, O terrível". Ele aproveita para "brincar" com as dunas ao repetir planos, os mesmos usados por Eisenstein com a neve. Aqui, a neve é substituída pelas dunas, fazendo uma homenagem do cineasta russo.
Cine Ceará
A exibição do filme "It´s all true" sintetiza o espírito da 22ª edição do Cine Ceará, que acontece de 1 a 8 de junho, com o tema "As Lutas Sociais na América Latina". O festival vai mostrar uma das mais corajosas demonstrações de luta por melhores condições de trabalho. Amaury Cândido conta que o protesto pode ser considerado como uma das primeiras lutas sociais dos trabalhadores cearenses."
IRACEMA SALESREPÓRTER
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1129524
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" Presente "
" Conquistas dos homens do mar "
" Pescadores avaliam histórico e conquistas e rememoram a passagem de Orson Welles pelo Ceará "
" O cineasta, ator, diretor e realizador norte-americano Orson Welles (1915 - 1985), encanta-se com a luminosidade do sol do Ceará e prova que a arte é o espelho da vida real ou vice-versa. Em outras palavras: as obras de arte são também construções sociais e que podem ficar inacabadas sem perder a essência. Prova disso é o filme "It´s all true" (É tudo verdade) que figura entre uma das obras raras do cinema documentário mundial. Apesar do tempo, tanto o enredo, baseado na luta real dos pescadores cearenses por melhores condições de vida, quanto as técnicas usadas pelo cineasta americano que aterrissa em Fortaleza, em 1942, a obra continua atual.
Assim como o seu nome que ainda ecoa no Mucuripe, a exemplo do presidente da Colônica de Pescadores Z-8, Possidônio Soares Filho, que recorda: "Faz tempo que ele esteve por aqui. Não é aquele cineasta americano?", indaga, completando que desde as filmagens que tiveram como cenário a praia do Mucuripe, "muitas marés encheram e secaram", compara. Admite que a situação dos cerca de 3.500 a 4 mil pescadores, base da Colônia Z-8, não ainda a ideal.
No entanto, reconhece que as conquistas alcançadas vieram na esteira da luta que contou com a participação de muitos "heróis", a exemplo de Manuel Olímpio Meira, conhecido como Jacaré, protagoniza na vida real uma das manifestações mais marcantes de pescadores cearenses, ao sair da Praia de Iracema, em 1941, rumo ao Rio de Janeiro, em uma jangada, a fim de reivindicar melhores condições de vida ao então presidente Getúlio Vargas. O pescador era um dos protagonistas do filme de Welles, mas morreu afogado no Rio de Janeiro, durante as filmagens.
Outra conquista apontada por Possidônio Soares Filho, a aposentadoria, em 1972, conseguida a partir de outro "herói", dessa vez, o pescador José Eremilson Severiano da Silva. Ele repete a odisseia vivida por Jacaré e mais três companheiros, nos anos 1970, durante o Regime Militar. Hoje, o líder da Colônia Z-8 lembra desses fatos e aproveita para dizer que "temos que louvar e continuar a luta" que serviu de matéria-prima ao cineasta norte-americano.
"O Jacaré tentou isso. Ele foi o protagonista do filme e iniciou a luta da categoria", reconhece José Possidônio Filho, presidente da Colônia de pescadores Z-8, abrange o município de Fortaleza, fazendo referência à aposentadoria dos trabalhadores do mar, conquistada em 1972.
Naquele ano, conta que o pescador José Eremilson Severiano da Silva repete a façanha de Jacaré, saindo de Fortaleza numa embarcação com outros companheiros, para reivindicar aposentadoria para todos os pescadores brasileiros, em Brasília.
Conquistas
Desde Jacaré, que também fazia parte da Colônia Z-8, "conseguimos outras conquistas importantes". Considera importante lembrar que outros pescadores se aventuraram "sem saber o que iriam encontrar pelo oceano. Teve gente que foi até a Argentina". Também faz questão de ressaltar a preocupação com a situação social dos pescadores que, na sua opinião, poderia estar melhor.
Dentre os direitos conquistados pela categoria, cita a criação do Ministério da Pesca e Aquicultura, em 2003, com o nome de Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca (Seap), ganhando o status de ministério em 2009. Além do seguro-defeso da lagosta com duração de seis meses, conseguiram uma conquista de gênero, o reconhecimento das mulheres pescadoras, as marisqueiras que têm direito à licença- maternidade.
A embarcação de Eremilson Severiano foi doada pelo então governador do Ceará, na época, o coronel César Cals de Oliveira Filho, que seguiu até a Ilha Bela, em São Paulo, sendo transferido de avião para Brasília onde foi recebido pelo ex-presidente, general Emílio Garrastazu Médici.
Ao ser indagado pelo então presidente sobre o que desejavam, mestre Erermilson respondeu que se tratava de uma reivindicação coletiva: a aposentadoria para todos os pescadores brasileiros. "Quando a gente fica velho, vai pedir esmola", conta Possidônio, reproduzindo o relato do pescador. Aliás, o direito foi cobrado também por Jacaré, em 1941.
A promessa feita pelo ex-presidente ao pescador foi cumprida. Prometeu que, antes de retornarem ao Ceará, a lei estaria assinada. "Médici era mandante da ditadura e o que dizia era uma ordem porque não tinha Congresso Nacional", observa Possidônio Soares Filho.
"Por ironia do destino, quase que Eremilson morre sem direito à aposentadoria". Em 2000, a situação do pescador, que tinha 60 anos, foi regularizada e conseguiu o direito antes de morrer. "Ele morreu com dignidade".
A luta dos antigos pescadores como os mestres Jacaré, Jerônimo e Eremilson Severiano é retomada durante as articulações para a criação do Ministério da Peca e Aquicultura, em 2003. "A participação do Nordeste foi em massa", revela, deixando transparecer a decepção, ao admitir que o Ministério não corresponde às expectativas da categoria. "Até agora, não disse a que veio", critica, completando que sua atuação limita-se a fazer registro de pescadores e embarcações. A categoria reivindica melhores condições de trabalho, qualificação, e geração de emprego e renda.
Conforme Possidônio Soares Filho, os pescadores artesanais, aqueles representados pelas colônias, "vivem às duras penas e a realidade é diferente daquela que desejam". Lamenta a situação da pesca da lagosta, que já liderou a pauta de exportação do Estado há 20 anos. No momento, encontra-se em extinção.
Hoje, a realidade do pescador difere um pouco daquela retratada por Orson Welles, quando a falta da Previdência Social, representada pela aposentadoria, era uma das principais reivindicações da categoria. Atualmente, o que mais aflige é a realidade da família do pescador que poderia viver melhor. "Falta apoio do setor pesqueiro. As embarcações deveria ser mais confortáveis e o pescador melhor qualificado".
A criação das escolas de pesca é outra reivindicação da categoria e o maior sonho da vida de Possidônio Soares Filho, à frente da Colônia Z-8 desde 2004.
"Acalento esse sonho", confessa, justificando ser uma maneira de qualificar o pescador, que precisa também de fomento e acompanhamento do setor estatal. O engenheiro de pesca é um profissional imprescindível. "Não basta só financiar o pescador. Desde criança acompanha o pai na trajetória da pesca, ainda no Iguape.
Os avanços conquistados pela categoria não conseguem superar retrocessos que remontam há 30 anos, citando a figura do intermediário como exemplo. Ela continua nos dias atuais, assumindo a forma de cartel. O pescador artesanal, aquele que não pode ter vínculo empregatício com nenhuma empresa, é um dos mais prejudicados.
"Por força de Lei Federal não pode ter carteira assinada", complementa, admitindo ser uma das principais preocupações da Colônia Z-8 a assistência ao pescador. "Fico muito triste quando sei que um pescador não tem documento para encaminhar para a Previdência Social". "
IRACEMA SALES
REPÓRTER
FONTE: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1129517